Em artigo da Enciclopédia de Filosofia na net (http://encfil.goldeye.info/essencia.htm) é assim exposto o conceito de essência:
«Essência
À simplicidade da definição de essência não corresponde uma similar unanimidade nas maneiras de interpretar o conceito, que é dos mais debatidos em filosofia.
O termo essência designa o ser, a consistência ou qüididade de um ente, considerado independentemente da sua existência. Dizer o que é uma coisa é declarar a sua essência.
Na filosofia grega até Platão, a essência - eidos - tem a conotação peculiar daquilo que, numa coisa, é permanente e central, em oposição ao transitório e acidental. Para Platão, a verdadeira realidade está na essência, na forma pura da coisa, subtraída à tela aparente da existência. Com Aristóteles, essência designa apenas a definição de uma substância, que é, esta sim, a realidade verdadeira: o real existe apenas sob a forma das substâncias individuais, ou entes singulares: este homem, este cavalo, estes cosmos, este Deus. As espécies - coleções de substâncias que têm logicamente a mesma essência - não são irreais, mas constituem uma forma deficiente, ou derivada, de realidade, a "substância segunda".»
Globalmente, trata-se de um bom artigo de filosofia. Mas há imprecisões a apontar:
1) A essência (tò ti en eînai) não se identifica com o ser (einai) mas com o ser-determinado, isto é, o ser dotado de forma. Pode haver um ser informe.
2) A consistência não é o mesmo que a quididade ou causa formal, na terminologia aristotélica. Há consistência sem quididade. O substracto geral, a matéria-prima, tem consistência mas não quididade.
3) O ser extravasa a essência, segundo Aristóteles, como se pode ver no texto seguinte em que a essência ser-superfície não se amplia no ser-superfície branca:
«Assim, pois, a tua essência é o que, por ti mesmo, és. E tampouco tudo isto é essência. Não o é, com efeito, aquilo que uma coisa é por si mesma ao modo em que a superfície é branca, já que aquilo em que consiste ser-superfície não é aquilo em que consiste ser-branco. Mas tampouco é essência da superfície o composto de um e de outro, o "ser-superfície-branca", posto que ela mesma resulta acrescentada em tal expressão». (Aristóteles, Metafísica, Livro VII, 1029b).
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