A metafísica ( à letra, em grego: além - meta - da natureza - phisis ou região do movimento, do nascimento, crescimento, diminuição e morte dos entes) não é exactamente o mesmo que ontologia (estudo ou raciocínio - logos - de o que é - to ón). Uma cabe dentro da outra.
No sentido de Aristóteles, o que é ou ente é imóvel mas não designa unicamente Deus, o pensamento que se pensa a si mesmo, imóvel, e alheio ao mundo. Designa igualmente as formas imóveis e eternas - exemplo: a balança, a árvore, o corpo da mulher, o triângulo, etc - que preexistem, de certo modo, aos objectos físicos. As formas são imóveis e a hylé ou matéria-prima é o princípio do movimento, o movimento provém, por conseguinte, da matéria.
Se alargar a noção de ente e nela incluir cada objecto físico da natureza, como aliás faço, opero a seguinte classificação:
A) A ontologia, teoria do ser, do que é, divide-se em três áreas essenciais: metafísica, matemática e física.
B) Por sua vez, a metafísica subdivide-se em duas áreas: teologia ou metafísica teológica e eidologia protológica ou teoria das essências principiais, excluindo divindades.
Aristóteles não formula esta última distinção. Onde insere o que eu chamo de eidologia protológica? Na teologia? Não me parece possível, porque Deus não criou as formas da Natureza eterna. Na física? Será mais lógico mas há que não esquecer que as formas eternas e imóveis são anteriores à física, embora a fundamentem, juntamente com a hylé.
Há pois uma deficiência na classificação tripartida de Aristóteles : teologia, física e matemática. A filosofia como eidologia, como metafísica não teológica mas eidológica, é o degrau da escada que falta.
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