Sexta-feira, 22 de Maio de 2020
Filosofia, ciência e linguagem
QUESTÃO - Pelo site da DGE, a matriz do exame de filosofia contém dois tópicos dos quais não tenho informação: “linguagem como expressão e forma do pensamento” e “filosofia e a ciência na atualidade”.
Poderia me explicar esses conceitos?
RESPOSTA. Vários filósofos defendem que a linguagem é inerente ao pensamento, não seria possível pensar sem linguagem. Outros defendem que é possível um pensamento por imagens e ideias sem linguagem.
A linguagem é pensamento e comunicação verbal ou escrita ou gestual do pensamento, seja este filosofia ou ciência. Para os positivistas lógicos do Círculo de Viena, a função da filosofia é clarificar as teses da ciência, explicá-las ou questioná-las. A linguagem filosófica é muitas vezes anfibológica (a mesma palavra tem sentidos diferentes). Exemplo: idealismo (material) é dizer que o mundo de matéria não existe, é ilusão; idealismo (ético) é dizer que o mundo de matéria existe e há que agir nele segundo ideais morais de solidariedade, etc.
A filosofia e a ciência hoje estão dialeticamente ligadas (dialética é luta e unidade de contrários). Por exemplo, Karl Popper diz que todas as ciências são conjecturas, hipóteses com um fundo filosófico incerto. Isto é dogmatismo e cepticismo, chamado falsificacionismo na teoria de Popper: aceito dogmaticamente a ciência neste instante mas duvido dela ao mesmo tempo, pode vir a revelar-se falsa. A filosofia tem uma vertente metafísica que vai além da ciência que está mais vinculada ao mundo empírico, sensorial. Mas há quem diga que a actual astrofísica com a teoria do Big Bang e dos buracos negros super densos que absorvem matéria é pura filosofia pois não se pode demonstrar experimentalmente. Na base de cada ciência há uma filosofia (ex: o darwinismo, etc). Quando a filosofia coloca questões à ciência chama-se epistemologia. A filosofia de Feyerabend é alargar o âmbito universitário às ciências e técnicas tradicionais como a fitoterapia (cura pelas plantas), a dança da chuva, a astrologia, as cerimónias mágicas desta ou daquela religião. A filosofia de Thomas Kuhn alerta para a mudança de paradigmas científicos (revoluções científicas como a do heliocentrismo) que mostram o relativismo do conhecimento científico e a incomensurabilidade dos paradigmas ( saber se as vacinas fazem bem ou mal é incomensurável).
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