Eis algumas reflexões, ora banais ora invulgares, que perpassam em mim neste Setembro de 2015.
A COLIGAÇÃO DAS DIREITAS PSD-CDS VAI GANHAR AS ELEIÇÕES DE 4 DE OUTUBRO DE 2015 EM PORTUGAL? Sim. Há meses que o afirmei e escrevi. E isso deve-se a Júpiter estar no signo de Virgem (arco do céu 150º-180º) : em 4 de Outubro Júpiter estará em 11º de Virgem. E ganhará com maioria absoluta? Marte em 5º-6º de Virgem parece indicar que sim, ainda que, neste ponto, haja incerteza. Costa e o PS nada podem contra o determinismo astral. Júpiter em Virgem presidiu à instituição do Estado Novo fascista de Salazar em 11 de Abril de 1933. E às vitórias do PSD e CDS coligados nas eleições legislativas, em 2 de Dezembro de 1979 e 5 de Outubro de 1980...
E tu, que não pensas e tiraste uma licenciatura ou um doutoramento ancorado na «certeza» de que «a astrologia é uma superstição, os planetas não governam a vida das sociedades» reduz-te à ignorância em que nasceste e em que te banhas: nunca estudaste o assunto, segues os erros de Popper, Kuhn, Russel, tens palas nos olhos que não te permitem ver o céu e a sua correlação com a terra. És apenas um pseudo intelectual ou um pequeno intelectual de vistas curtas, mesmo que a fama que tens seja de «grande pensador».
VIVO SOZINHO PORQUE PERCEBI QUE O AMOR NÃO EXISTE. Ou só pode existir na condição de uma pessoa, neste caso uma mulher, se auto imolar por nós, estar disposta a morrer por mim. Mas isso é um milagre, uma raridade, que não vale a pena esperar ansiosamente. Se tiver de acontecer, acontece. Haja saúde e tranquilidade, boa onda..
ELA É A INCARNAÇÃO DA DEUSA VÉNUS - Lindíssima, na casa dos 20 anos, rosto perfeito, corpo feminino bem moldado. É deusa até que as rugas lhe inundem o rosto, os seios descaiam, e a celulite lhe invada a cintura e as ancas.. Deusa até aos 35 anos, talvez. Deusa com duração limitada.
PORQUE SOMOS O ROSTO E AMAMOS PELO ROSTO? Se o meu rosto fosse o de um rapaz de 20 anos, eu conquistaria muitas raparigas belas. Mas não é e, assim, não as conquisto... mas tento, apesar de me dizerem «oh, é demasiado velho», «não é um pãozinho, falta-lhe cabelo, etc». No entanto, por dentro, sou o mesmo rapaz de 20 anos, na alma, temperado pela experiência de décadas a mais de vida. Amamos o rosto ou amamos a pessoa que está por detrás desse rosto? Ou são a mesma coisa?
A PERSEGUIÇÃO À PROFESSORA LILIANA COSTA. É uma professora bela, de 34 anos, de Físico-Química. Moveram-lhe um processo disciplinar por ter sido vista de mão dada com um aluno de 14 anos da Escola da Póvoa de Lanhoso e, dizem, por ter dormido com ele uma vez. Agora a instrutora do inquérito quer que a professora seja condenada por «crime sexual»...É tão fácil condenar, com a mentalidade neurótica e punitiva da Inquisição.... E se a professora e o aluno se amavam de verdade? É crime?
SOU TÃO MASCULINO, TÃO MASCULINO que, de vez em quando, preciso de me vestir no feminino - senão rebento de virilidade, intelectual e não só.
A BRUTAL CIVILIZAÇÃO MASCULINA - O nazismo era uma civilização brutalmente masculina: oprimia as mulheres fortemente, perseguia e exterminava os homossexuais. Era uma civilização de homens cruéis, de bestas imundas. O stalinismo era uma civilização fortemente masculina: oprimia, segundo a tradição russa, as mulheres e perseguia os homossexuais, aliados da liberdade da mulher. As civilizações até hoje têm sido essencialmente masculinas, mais ou menos repressivas, brutais. Ainda o são, sobretudo nos países islâmicos. As mulheres são melhores do que os homens, sem embargo de se «apunhalarem» umas às outras quando disputam o mesmo homem e serem subtilmente manipuladoras. Deixemos as mulheres comandar, feminizar as relações sociais, a política.
SE NEGAS QUE OS PLANETAS COMANDAM TODOS OS TEUS ACTOS E TODA A VIDA TERRESTRE enganas-te e revelas uma inteligência limitada, fragmentada, pseudo-racionalista - desculpa dizer-te isto com tanta crueza.
O NOSSO TEMPO DE VIDA É TÃO CURTO que é lógico que uma grande parte das pessoas vise construir o «amor eterno». Mas Cronos, o maldoso deus do tempo, que põe o corpo e o espírito em devir, em heraclitiano movimento, dá rugas às pessoas, fá-las engordar, emagrecer, adoecer, envelhecer e impede a forma bela de uma pessoa, no auge da juventude, de se tornar eterna. E assim o amor eterno é impossível ainda que as religiões o proclamem.
SEXO FÍSICO- Aquilo que me incomoda, no plano da filosofia do amor, é que nós, homens, só amamos as mulheres que nos proporcionarem sexo físico agradável com elas. Logo, o amor não pode dissociar-se do desejo sexual e do orgasmo a dois. E elas na mesma: gostam mais dos rapazes novinhos porque pensam que eles têm mais tesão do que nós, homens maduros, e as podem satisfazer sexualmente melhor. Amor é um homem permanecer com uma mulher que não pode fazer sexo, por razões de saúde, e uma mulher permanecer de boa vontade com um homem atingido de impotência irreversível ou mutilação genital. Mas quem quer esta situação de ausência de sexo físico? Somos todos oportunistas, animalescos, suínos, bois ou vacas.
GOSTO TANTO DE MIM que até consigo gostar dos outros. Se não estivesse apaixonado por mim mesmo não estaria apaixonado por aquela bela mulher e não gostaria das pessoas em geral.
OS HOMENS SÃO ANIMAIS BRUTAIS, LASCIVOS, procuram desenfreadamente o acto sexual, tornam-se, com frequência, violentos com as mulheres se estas os recusam. As mulheres são superiores, sensualmente requintadas e conseguem introduzir espiritualidade no acto sexual, quando não imitam os homens na avidez destes
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Já se encontra à venda nas livrarias em Portugal esta nossa obra de investigação histórico-astronómica «Astrologia Histórica» que apresenta a nova teoria dos graus minutos numericamente homólogos entre si - e biofísica, política, artística e socialmente homólogos entre si. É o cume da astrologia científica e da história científica mundial, dito isto em abono da verdade. Eis um livro superior em qualidade e em riqueza de dados histórico-astronómicos à «República» de Platão, ao «Discurso do Método» de Descartes, à «Fenomenologia do Espírito» de Hege,l ao «Ser e o tempo» de Heidegger, ao «Ser e o nada» de Sartre, ao «Uma teoria da Justiça» de John Rawls, e à generalidade das obras dos filósofos e astrólogos tradicionais que, ao longo dos séculos, nos têm enganado com teses do senso comum como «Há livre-arbítrio, não existe nenhum determinismo astral» ou «Os astros inclinam mas não obrigam», «É impossível a previsão do futuro mediante os ciclos planetários», «A universidade é científica e não permite entrar nela a astrologia que não passa de superstição». A edição é da Esfera do Caos Editores. A FNAC da Guia, Albufeira, colocou-o à venda na secção «Esoterismo», equivocamente: trata-se de ciência exotérica, compreensível para o grande público minimamente intelectual, trata-se de história social e política lida à luz de coordenadas astronómicas e, por isso, deveria figurar entre as novidades de livros de História.
Podemos estar em minoria mas fomos muito mais longe, e de forma certeira, do que o saber oficial institucional, na pesquisa e determinação da verdade: a predestinação planetário-zodiacal é absoluta na vida da humanidade. Leia-nos, saiba romper com o consenso universal dos ignorantes que, doutorados ou não, atacam o princípio astrológico de que cada grau do Zodíaco corresponde a países determinados (Portugal, Brasil, Inglaterra, China, etc,, consoante os graus) a certo tipo de acidentes (de avião, naufrágio, de comboio, explosão ou incêndio em fábrica ou armazém, etc) a determinada religião (budismo, cristianismo, taoísmo, judaísmo, islamismo, etc., consoante o grau). Pensar é preciso - pensar além do senso comum «racionalista», conjugar história e astronomia, perceber a falácia de Popper e dos filósofos e astrónomos segundo a qual «astronomia nada tem a ver com astrologia». Quem não sabe astrologia histórica não compreende nada do universo do ponto de vista do todo. A universidade está, no plano epistémico, arrasada por esta investigação de astrologia histórica embora, institucionalmente, socialmente, subsista e continue a conferir diplomas. A universidade é uma emanação de presunçosos e ignorantes «professores doutores» que carecem de inteligência global.
Albert Einstein, Erwin Schrödinger, Werner Heisenberg, Richard Feynman, Martin Heideger, John Rawls, Saul Kripke, Slavoj Zizeck e praticamente a totalidade dos filósofos, cientistas, e catedrático de filosofia, história, sociologia, política, astrofísica, astronomia, eram ou são ininteligentes, do ponto de vista holístico, global: todos eles negavam ou não conseguiam nem conseguem intuir que os movimentos dos planetas nos 360º do Zodíaco determinam, até ao mais ínfimo grau, todos os acontecimentos da vida humana, individual ou colectiva, da vida animal, vegetal e mineral. Eles poderiam ter visto, facilmente, que, por exemplo, a passagem de Júpiter em 6º-10º do signo de Gémeos (signo este que é o arco do céu de 60º a 90º de longitude eclíptica ), que ocorre quinze dias ou um ou dois meses uma vez em cada doze anos, se liga, em regra, a revoluções operárias e à Rússia soviética.
JÚPITER NA ÁREA 6º-10º DO DE GÉMEOS:
A RÚSSIA COMUNISTA E REVOLUÇÕES OPERÁRIAS ASSOCIADAS
Vejamos alguns exemplos da correlação entre a passagem cíclica de Júpiter em 6º-10º de Gémeas e a exaltação do comunismo na Rússia e revoltas operárias a ele associadas.
Em 7 e 8 de Novembro de 1917, com Júpiter em 9º 17´/9º 3´ do signo de Gémeos, a guarda vermelha do Partido Comunista de Lenin assalta o palácio de inverno e prende os ministros do governo provisório, no dia 7, e o II Congresso Pan-Russo dos Sovietes aprova, sob a hegemonia dos bolcheviques, o decreto de reforma agrária e paz com a Alemanha e legitima o novo governo revolucionário dirigido por Lenin, no dia 8.
De 27 de Dezembro de 1929 a 20 de Março de 1930, com Júpiter em 8º 24´/ 6º 21´/ 9º 54´ do signo de Gémeos, tem lugar na URSS de Stalin a campanha de colectivização agrária com a destruição dos camponeses ricos (kulaks) e subsequentes motins, iniciada com o discurso de Stalin sobre a colectivização acelerada nos campos na Conferência dos marxistas especializados na questão agrária (27 de Dezembro), e a liquidação dos kulaks enquanto classe, sendo-lhes arrebatadas as terras, máquinas agrícolas e colheitas pelo Estado soviético para as integrar em kolkhoses (cooperativas) e ocorrendo motins subsequentes (Janeiro a Março de 1930).
Em 22 de Junho de 1941, com Júpiter em 6º 7´/ 6º 20´ de Gémeos, com 134 divisões com força de combate total e mais 73 divisões destacadas para ficar na parte de trás da frente de guerra, as forças alemãs invadem a União Soviética , com três grupos do exército, englobando mais de três milhões de soldados alemães apoiados por 650.000 tropas dos países aliados à Alemanha (Finlândia e Romênia) e, mais tarde, por unidades da Itália, Croácia, Eslováquia e Hungria, dandp-se a invasão numa linha de frente ampla, do Mar Báltico, ao norte, ao Mar Negro, ao sul, 22 meses após de a Alemanha de Hitler ter assinado o Pacto Germano-Soviético de Não-Agressão de 1939.
De 16 de a 23 de Junho de 1953, com Júpiter em 8º 43´/ 10º 33´ de Gémeos, decorre uma revolta operária contra o poder comunista em Berlim Este, iniciada por uma manifestação de rua de trabalhadores da construção na Stalinallee, na qual cerca de 40 operários se dirigem para a sede do governo para reclamar o regresso às antigas normas e denunciar o aumento da cadência de 10% no volume e horas de trabalho sem compensação, que foi estabelecido pelo governo da RDA; engrossando o protesto até 2.000 pessoas entre as quais se infiltraram elementos da extrema-direita e surgindo um cartaz clandestino com palavras de ordem apelando a uma greve geral para o dia seguinte, e reclamando eleições livres e democráticas, no dia 16, .ocorrendo uma imensa vaga de revolta em numerosas cidades da Alemanha Oriental, no sector soviético em que uma multidão de 60.000 pessoas ataca a polícia, e incendeia os jornais do regime comunista, no dia 17, o que faz com que o dirigente burocrata Walter Ulbricht apele às tropas soviéticas para reprimir violentamente a sublevação, qualificada de «contra-revolucionária» e dando-se a intervenção de uma coluna de tanques e carros de combate que se salda por 153 vítimas mortais, e numerosos feridos, fugindo 3 milhões de pessoas para a Alemanha do Oeste e cessando os tumultos, no dia 23, com a anulação das alterações laborais impostas.
As universidades e os foruns televisivos e outros e a cultura oficial em geral estão pois dominadas por pequenos intelectuais que falsificam a verdade Há demasiada luz artificial nas cidades que os impedem de contemplar o céu e perceber os posicionamentos planetários e a sua correlação com o evoluir das sociedades, dos partidos políticos, das massas populares. Os catedráticos de filosofia, astronomia, astrofísica e história, burdos ignorantes, negam que os exemplos que dei acima são significativos como indicadores de leis astronómicas que regem a história social e política mundial. Einstein, Heisenberg, Rawls, Foucault, Kripke e Heidegger eram pouco inteligentes? Em certo sentido, eram. Os chamados medidores do «quociente de inteligência» estão errados, os «sobredotados» não são verdadeiros sobredotados: quem não possuir a intuição de que tudo está predestinado pelos movimentos do sol e dos planetas e asteróides não é superiormente inteligente. As universidades actuais anti astrologia, ininteligentes, merecem ser fechadas nos campos da filosofia, da história, da sociologia, da política, têm de ser desmascaradas, diminuídas na sua infinita arrogância de igrejas «racionalistas». Abram caminho à Astrologia Histórica, ciência suprema!
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João Miguel Branquinho, catedrático de filosofia da Universidade de Lisboa, doutorado em Oxford, mergulha em confusões ao reproduzir as confusas teses de Saul Kripke sobre materialismo . No seu ensaio «Contra o materialismo» escrito no âmbito do projecto de investigação Atitudes Proposicionais e Dinâmica Cognitiva, financiado pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa de que uma versão abreviada foi apresentada no 1º Encontro Nacional de Filosofia Analítica (ENFA) realizado em Coimbra em 17-18 de Maio de 2002, escreve Branquinho:
«As seguintes teses acerca de três formas de identidade psicofísica dão-nos três formas relativamente independentes de materialismo acerca do mental: a) identidade de substâncias. A substância que tem atributos mentais, a mente, aquilo que satisfaz frases abertas como ‘x está a pensar no Ser’, é identificada com a substância que tem atributos físicos, o corpo, aquilo que satisfaz frases abertas como ‘x tem 1m 80 cm de altura’. b) identidade de propriedades (identidade tipo-tipo). Cada propriedade mental ou tipo de estado mental, a propriedade expressa por frases abertas como ‘x é uma dor’, é idêntica a uma certa propriedade física ou tipo de estado do cérebro, a propriedade expressa por frases abertas como ‘x é um disparar de tais e tais neurónios’. Tipos mentais são objectos repetíveis, exemplificáveis. c) identidade de particulares (identidade especimen- especimen). Cada estado ou evento mental particular,aquilo que satisfaz frases abertas como ‘x é uma dor’, é idêntico a um certo estado ou evento físico no cérebro, aquilo que satisfaz frases abertas como ‘x é um disparar de tais e tais neurónios’. Eventos mentais particulares são objectos irrepetíveis, não exemplificáveis.»
(http://www.joaomiguelbranquinho.com/uploads/9/5/3/8/9538249/materialismo.pdf, excerto extraído em 3 de Setembro de 2015)
Seria interessante começar por definir identidade, coisa que Branquinho não faz com clareza: há identidade-mesmidade (uma coisa é idêntica a si mesma, um género é idêntico a si mesmo; exemplo: a Torre de Belém é idêntica a si mesmo, o género humano é idêntico a si mesmo e não ao género elefante ou ao género planeta) há identidade inclusiva (exemplo: o espírito é uma modalidade da matéria, isto é, os pensamentos são formas muito subtis de matéria, incluem-se nesta, tal como a madeira, a carne, a pedra) e há identidade exclusiva, de contrários( exemplo: saúde e doença são idênticas, isto é, formam uma unidade que é o estado e o grau de vitalidade de um organismo).
Ora, as três definições de materialismo aqui expostas não são «relativamente independentes entre si», pecam por falta de hierarquização. É o clássico erro da filosofia analítica que multiplica horizontalmente as definições sem as conseguir seriar, hierarquizar, reduzir o múltiplo ao uno, o que implicaria verticalização de conceitos (espécie, género, universal supra-genérico). Há uma só definição de materialismo: é a doutrina segundo a qual a matéria - algo que ocupa espaço, é dotado de diversos graus de impenetrabilidade e é composta de átomos e partículas infinitamente pequenas- é a essência de tudo, sendo o próprio espírito humano uma forma subtil de matéria. Portanto, só há um materialismo, definido como identidade de substâncias reduzidas a matéria ( a matéria é todas as coisas inclusive o espírito) Dividir materialismo em três espécies, isto é, pôr no mesmo plano que o materialismo em geral o chamado materialismo tipo-tipo e o materialismo especimen-especimen é um erro teórico de Kripke e do seu seguidor João Branquinho. A primeira definição de materialismo no texto acima subsume as outras duas.
O conceito de especimen-especimen ou a particularização inimitável ou nominalismo não é intrínseco ao conceito de materialismo, pode ser igualmente aplicado ao conceito de idealismo: é uma categoria do género numerológico (um só, muitos, todos) ao passo que materialismo é uma categoria do género ontológico (matéria como princípio do ser, espírito como essência do ser, etc). Kripke e Branquinho não possuem suficiente capacidade de visualização filosófica que lhes permita ver que estão a interligar géneros diferentes e a perder de vista o essencial, o conceito de materialismo que nem sequer conseguem definir de forma absolutamente clara.
UMA DEFICIENTE ANALOGIA ENTRE A DOR E A ESTÁTUA DE GOLIAS
Demarcando-se ,em certa medida, de Kripke, prossegue João Branquinho:
«Proponho-me explorar a analogia existente entre o caso dos objectos materiais comuns e o caso dos particulares mentais, e defender a ideia de que o padrão de explicação deve ser o mesmo para ambos os casos.»
«Para recorrer a um exemplo clássico, considere-se a estátua de bronze que tenho à minha frente e que representa o gigante Golias. Chamemos a esse objecto material ESTÁTUA. Consideremos agora a matéria particular, o pedaço específico de bronze, da qual esse objecto é composto. Chamemos-lhe BRONZE. Para dramatizar a situação, imaginemos que ambos ESTÁTUA e BRONZE começam a existir na mesma ocasião e cessam de existir na mesma ocasião (e ignoremos complicações derivadas das alterações e daa deteriorização a que o material está sujeito ao longo da sua existência). Tudo indica que ESTÁTUA não é nada mais do que BRONZE, que são objectos numericamente idênticos. Afinal, ocupam a mesma porção do espaço no decorrer de toda a sua existência, e têm em comum todas as propriedades que lhes estamos inclinados a atribuir. Todavia, argumentos modais poderosos podem ser construídos demodo a obter a conclusão contra-intuitiva de que ESTÁTUA e BRONZE são objectos distintos.Considere-se, por exemplo, a propriedade modal que uma coisa x tem quando satisfaz a seguinte condição contrafactual: se o bronze se derretesse então x deixaria de existir. BRONZE não tem esta propriedade, mas ESTÁTUA tem-na; ou seja, uma situação possível na qual o bronze se derrete é uma situação possível onde BRONZE continua a existir, mas ESTÁTUA não. Logo, BRONZE e ESTÁTUA não são idênticos. Suponhamos que argumentos deste género, os quais são surpreendentemente semelhantes aos argumentos modais anti- materialistas de Kripke, estabelecem de facto uma não identidade. Ficamos com o problema da identidade do objecto material relativamente à matéria do qual é feito. Se o objecto material que tenho diante de mim não é a matéria que o constitui, se é algo distinto do pedaço de bronze que também está diante de mim, então o que é afinal?
A sugestão que gostaria de fazer vai no sentido de considerar qualquer explicação queseja satisfatória para casos destes como uma explicação satisfatória para os casos de não identidades psicofísicas de particulares. A analogia consistiria em dizer que, do ponto de vistada sua identidade, a experiência de dor a está para o estado neurofisiológico b que é o seu suporte material assim como a estátua de Golias está para o pedaço de bronze que a constitui. »
(http://www.joaomiguelbranquinho.com/uploads/9/5/3/8/9538249/materialismo.pdf, excerto extraído em 3 de Setembro de 2015; o destaque a negrito é posto por mim)
O problema da identidade entre bronze e estátua de bronze não tem o grau de complicação que Branquinho lhe atribui. Estátua e bloco cúbico ou paralelipipédico de onde foi extraída são, de facto, coisas distintas. São não idênticas pela forma, facto que Branquinho não explicita e são idênticas (identidade inclusiva, noção que expliquei acima) na matéria. A analogia entre a dor e a estátua, estabelecida no texto de João Branquinho, é errónea porque a dor não é uma forma mas a estátua é uma forma plasmada numa forma irregular da matéria bronze. A dor é um estado neurofisiológico, não se distingue deste, mas a estátua de bronze distingue-se do bronze, não é apenas bronze mas este adicionado da forma particular de um homem, Golias.
NÃO HÁ IDENTIDADE ENTRE A ESSÊNCIA-BASE DO OBJECTO E ESTE NUMA DADA SITUAÇÃO ?
Na linha da filosofia analítica que substitui, muitas vezes falaciosamente, o raciocínio discursivo e a intuição, por fórmulas e variáveis como x, y, x qua p, etc., que mascaram e tornam confuso e mecânico o fio do pensamento, João Branquinho sustenta a tese de a base de um objecto, por assim dizer, a sua essência imutável, não se identifica com o objecto em certa situação exibindo uma certa propriedade contingente (o qua objecto):
«Uma possibilidade que me parece atraente é a teoria dos qua objectos proposta há já algum tempo por Kite Fine num pequeno artigo intitulado Acts, Events and Things (Fine 1982). Um qua objecto é uma espécie de fusão lógica de um objecto com uma propriedade. Dado um objecto x e uma propriedade P que x tenha, podemos construir a partir desses dois objectos um terceiro objecto, um qua objecto, o qual consiste em tomar o objecto x como se a propriedade P lhe tivesse sido“colada”. O resultado é x qua P, um qua objecto. Por exemplo, dados Durão Barroso e a propriedade, que ele tem, de ser primeiro- ministro, temos o qua objecto Durão Barroso qua primeiro-ministro. Fine chama a x a base do qua objecto x qua P e à propriedade P a sua glosa.»(...)
«Parece que podemos identificar Véspero com o qua objecto Vénus qua visto ao entardecer e Fósforo com o qua objecto Vénus qua visto ao amanhecer. Como as propriedades envolvidas nas glosas são obviamente diferentes, segue-se pelo princípio da identidade que os qua objectos Vénus qua visto ao entardecer e Vénus qua visto ao amanhecer são distintos. Logo, Véspero e Fósforo são numericamente distintos, o que é claramente inaceitável. Todavia, a objecção não colhe. A razão é, naturalmente, a de que a premissa usada, a pretensão de que Véspero é identificável com o qua objecto Vénus qua visto ao entardecer e Fósforo com o qua objecto Vénus qua visto ao amanhecer, é falsa. De facto, pelo princípio da identidade, um qua objecto x qua P não pode ser identificado com o objecto x que é a sua base; assim, dado que Véspero é Vénus, o qua objecto Vénus qua visto ao entardecer não pode ser identificado com Véspero (mutatis mutandis para Fósforo).
(http://www.joaomiguelbranquinho.com/uploads/9/5/3/8/9538249/materialismo.pdf, excerto extraído em 3 de Setembro de 2015; o destaque em itálico é colocado por mim).
É certo que um objecto em dada circunstância (o qua objecto) - por exemplo, Mário Soares aos 30 anos de idade e Mário Soares aos 91 anos de idade - não é formalmente o mesmo que o objecto base, Mário Soares (nascido em 7 de Dezembro de 1924 e ainda hoje vivo), não são formalmente idênticos. Mas há uma identidade informal, inclusiva, entre a base e as diferentes manifestações em diferentes tempos e lugares. Em suma: o qua objecto não é idêntico, na sua forma acidental, à sua base mas é idêntico, na sua forma essencial, à sua base. Dialética, estranha ao pensar de Branquinho! Os qua objectos, isto é, os diferentes momentos da existência de um objecto, estão potencialmente ou actualmente contidos na essência base como ensinou Hegel, sem usar a expressão qua objectos. Quer-me parecer que dialética hegeliana escapa, a João Branquinho e a Saul Kripke.
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