Para sexta-feira, 20 de Dezembro de 2013, às 18.30 horas, na Biblioteca Municipal de Beja, sul de Portugal, está agendado o lançamento, a nível nacional, do meu livro «Álvaro Cunhal e Antifascismo na Astrologia Histórica».
Trata-se de um estudo histórico-astronómico que demonstra como muitos factos político-sociais (prisões de militantes do PCP e outros, assassinatos cometidos pela PVDE-PIDE, resultados de eleições legislativas em Portugal desde 1974, revoluções e contra-revoluções desde 1820, etc.,) - e tendencialmente todos os acontecimentos- na História de Portugal surgem forjados pela passagem dos planetas ou do Sol em tal e qual área ou grau do Zodíaco (roda celeste dos 12 signos ou espaços de de 30º de arco). Esta tese, que confronta o pensamento lacunarmente débil das cátedras universitárias de filosofia, história, sociologia, astronomia, física e outras que negam, sem investigação, a existência de leis histórico-astronómicas, sócio-zodiacais, é mais importante que a descoberta de novas galáxias.
Comparece e traz as tuas amigas e amigos. É a festa do pensamento científico mais avançado. Os grandes media não podem continuar a esconder a verdade. O livro não vai estar à venda nas livrarias mas apenas nas sessões de apresentação em bibliotecas e na loja online www.astrologyandaccidents.com .
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Os catedráticos de filosofia, como Adela Cortina e tantos outros, costumam dividir as éticas em deontológicas e teleológicas. Esta distinção é absurda: deontologia é uma das faces da ética, a face dos deveres e das regras a cumprir; teleologia é outra face da ética, a face das finalidades, do objectivo da acção moral. A ética de Kant é apresentada como «deontológica», a de Aristóteles como «teleológica», etc. Ora, na verdade, todas as éticas são deontológicas e teleológicas em simultâneo. Excepto, talvez, a ética que se resume a isto: «Faz o que te apetecer!». Esta ética possui um télos - a satisfação do ego do sujeito - e poderá, encapotadamente, albergar uma deontologia ao sabor da subjectividade de cada um: alguns, de tendência criminosa, preencherão a máxima «Faz o que te apetece, inclusive roubar e matar pessoas!» , outros aplicarão a máxima «Faz o que te apetece, excepto matar, roubar e violar».
A ética de Aristóteles, que Adela classifica como «ética de fins», é deontológica e teleológica, em simultâneo: deontológica porque incita a cumprir deveres, a ser virtuoso e a virtude é um hábito que é o meio termo entre dois vícios, teleológica porque visa a felicidade do indivíduo no quadro do bem-estar geral da sociedade. A ética de Stuart Mill, que Adela classifica como «ética de móbiles», é deontológica e teleológica, em simultâneo: deontológica porque incita a cumprir deveres, como o de proporcionar a felicidade à maioria das pessoas através de métodos moralmente aceitáveis, teleológica porque visa a felicidade dos indivíduos no quadro do bem-estar geral da sociedade
Adela Cortina escreve:
«Falar de um télos aristotélico não é aceitável, porque supõe adentrar-se numa presumível essência do homem. Sem embargo, a tendência ao prazer é observável, controlável e computável, e uma moral consagrada aos factos não tem mais que desejar. Com tudo isto, pretende-se apresentar o hedonismo como uma "ética de fim dominante" que pretende reduzir todos os possíveis fins a um só e como um teleologismo naturalista, que identifica tal fim com um natural: o prazer.» (Adela Cortina, Ética sem moral, Editorial Tecnos, Madrid, pag. 89)
Ética de fim dominante? Expressão ambígua. E o cristianismo ou o catolicismo genuínos que reduzem tudo ao fim da salvação da alma através da oração e de uma vida de sacrifício não será uma "ética de fim dominante", a salvação não hedonista do eu superior?
A ÉTICA DE NIETZSCHZE NÃO É TELEOLÓGICA?
Escreve Adela Cortina sobre a ética de Aristóteles, que classifica como "ética de fins", e a ética de Nietzshe:
«Apesar do empenho de Aristóteles em negar gradação às características essenciais, a ética de fins corre o risco de cair em uma moral das excelências inclusive essenciais. Neste sentido, e apesar do seu radical repúdio da teleologia, que impede considerar a ética nietzschiana como uma ética de fins, Nietzsche destaca, sim, uma qualidade humana - a capacidade criadora, cujo cultivo pode levar inclusive ao super-homem - A ética aristotélica, e a nietzschiana, coincidiriam nesse sentido.»
(Adela Cortina, Ética sem moral, Editorial Tecnos, Madrid, pág 50; o destaque a negrito é posto por mim)
Nietzschze repudiava radicalmente a teleologia, como sustenta Adela? Não é verdade. O super-homem é um alvo teleológico da humanidade triunfante segundo Nietzsche. A teleologia inscrita na ética de Nietzsche é o regresso ao reino da aristocracia greco-romana antiga, dos valores «autênticos», em que os senhores eram semideuses e fruiam a felicidade possível, governando, sem misericórdia nem princípios democráticos, a plebe (conjunto de classes desde a burguesia até aos escravos). E quanto à «capacidade criadora» exaltada por Nietschze que leva à condição de super-homem, não esqueçamos que era, em si mesma, uma capacidade destruidora da dignidade de outros seres humanos: os democratas humanistas, o proletariado, os escravos. O super-homem só existe na medida em que existe o infra-homem.
A FALACIOSA DISTINÇÃO ENTRE ÉTICAS DE MÓBILES E ÉTICAS DE FINS
Adela Cortina sustenta a divisão das éticas em dois tipos: éticas de móbiles e éticas de fins.
«As éticas de móbiles investigam empiricamente as causas das acções; pretendem descobrir quais são os móbiles que determinam facticamente a conduta humana. O bem ou fim moral consiste para elas em satisfazer estas operações fácticas, que uma investigação psicológica pode descobrir. Este tipo de éticas costuma surgir do afã de recorrer a factos constatáveis como fundamento da moral, fugindo das explicações metafísicas ou transcendentais. (...)»
«Entre as éticas de móbiles caberia considerar como paradigmáticas o epicurismo, parte da sofística, e as distintas versões do hedonismo, muito especialmente a versão utilitarista. Os problemas que este tipo de éticas coloca resumem-se fundamentalmente na dificuldade que para uma fundamentação do moral supõe o subjectivismo dos móbiles».
(Adela Cortina, Ética sem moral, Editorial Tecnos, Madrid, pág 47; o destaque a negrito é posto por mim).
Adela aponta o subjectivismo como o defeito das "éticas de móbiles". E contrapõe a estas as "éticas de fins" que veiculariam objectivismo:
«As éticas de fins, por seu lado, superariam tais dificuldades, consciente ou inconscientemente, tratando de investigar, não tanto o que move de facto os homens a agir, mas sobretudo em que consistem o aperfeiçoamento e a plenitude humanas. (...)
«Nas éticas de fins poderíamos incluir Platão, Aristóteles ou os estóicos, naquilo que se refere ao mundo antigo, e as correntes que restauraram este tipo de éticas, tanto na Idade Média como na Contemporânea. As suas grandes vantagens consistem em poder pretender objectividade para o conceito de bem e fim que propõem, bem e fim ligado ao querer dos sujeitos, enquanto supõe o aperfeiçoamento para o qual a sua essência tende, e em iludir a falácia naturalista porque o "é" de que se deriva um "deve" não é empírico, mas já normativo.»
(Adela Cortina, Ética sem moral, Editorial Tecnos, Madrid, pág 48; o destaque a negrito é posto por mim)
Dividir as éticas em éticas de móbiles e éticas de fins é como dividir os automóveis em dois tipos: automóveis de motores e automóveis de volantes (o volante, enquanto manobrado, indica o fim geográfico a que o carro se dirige). É uma distinção artificial porque, tal como os motores existem em todos os automóveis que circulam, os móbiles existem em todas as éticas, podendo ser mais ou menos explícitos. Por exemplo, a ética freudiana cujo fim consiste em desfrutar a vida, em particular a sexualidade, nos marcos de uma sociedade liberal de matriz cristã que condena a homossexualidade, investiga os móbiles da acção humana: o Eros polimorfo que se desenvolve em várias etapas e o super-ego que o condiciona ou contraria, influenciado pelo princípio de ética freudiana.
Também a ética platónica, cujo fim consiste em realizar a areté (virtude) própria de cada pessoa e estrato social - o fim do filósofo é apreender a verdade noética (o Bem, o Belo, o Justo, etc) e fazer leis justas para o governo da pólis; a finalidade do artesão é fabricar bons objectos e vendê-los a preço justo - e cujos móbiles são as três partes da alma humana, o Nous, ou razão superior, o Tymus, ou coragem e valor militar, e a Epytimia, ou desejos e prazeres do ventre, é uma ética simultaneamente de móbiles e de fins.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Eis um teste de filosofia sem perguntas de resposta múltipla que exigem responder com cruzes e não desenvolvem a capacidade discursiva escrita do aluno.
Agrupamento de Escolas nº 1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 10º ANO TURMA A
11 de Dezembro de 2013. Professor: Francisco Queiroz
I
“ Aparentemente, o imperativo categórico, segundo Kant, reveste-se de multiculturalismo e não de etnocentrismo absolutista. Há quem conteste a divisão das éticas em deontológicas e teleológicas. O livre-arbítrio e o determinismo biofísico são compatíveis».
1) Explique concretamente este texto.
2) Relacione, justificando:
A) Nous e epithymia em Platão e os dois eus na moral de Kant.
B) Esfera dos valores vitais e sentimentais e esfera dos valores espirituais em Max Scheler.
C) Demiurgo em Platão, Deus em Aristóteles e Essência em ambos os filósofos.
D) Lei da contradição principal na dialética e princípio do terceiro excluído.
CORRECÇÃO DO TESTE, COTADO PARA 20 VALORES
1) O imperativo categórico é a verdadeira lei moral segundo Kant e formula-se assim: «Age como se quisesses que a tua máxima fosse lei universal da natureza». Dito de outro modo: trata a todos igualmente e põe-te no mesmo plano que eles. Isto parece corresponder ao multiculturalismo, doutrina que sustenta que, no interior de uma mesma comunidade nacional ou supra-nacional, as diferentes etnias (povos, grupos que falam a mesma língua e têm a mesma religião ou costumes sociais) devem ter direitos e oportunidades iguais. O etnocentismo absolutista, doutrina que afirma a supremacia incontestada de uma etnia e escraviza ou elimina outras etnias - caso do nazismo, ao eliminar judeus e ciganos - não deriva do imperativo categórico (VALE TRÊS VALORES). Há quem não concorde com a divisão das éticas, teorias do bem e do mal no comportamento, em deontológicas , isto é, centradas no dever (déon) e teleológicas, isto é, centradas na finalidade (télos)da acção. (VALE DOIS VALORES). O livre-arbítrio é a capacidade de escolher racionalmente. livremente, os seus valores, as suas acções e o determinismo biofísico é a lei geral da natureza segundo a qual as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos, nas mesmas circunstâncias - por exemplo, as sementes de maçã originam sempre macieiras e não pinheiros, a lei da gravidade faz sempre cair para a Terra um corpo inerte largado no ar. Livre-arbítrio conjuga-se com determinismo biofísico (VALE DOIS VALORES).
2) A)Nous é a razão intuitiva ou superior em Platão. Apreende o Bem, o Belo, o Justo e outros arquétipos. Equivale ao eu numénico ou racional na teoria de Kant, uma vez que este eu superior está livre da subordinação aos instintos egoístas, aos interesses materiais particulares. Epytimia é a concupiscência, o leque dos instintos inferiores ligados ao ventre: comer, beber, possuir ouro e prata e terrenos ou lojas e oficinas, etc. Equivale ao eu fenoménico ou eu empírico/ corporal na doutrina de Kant, já que este eu exprime os apetites do corpo e fabrica o imperativo hipotético (VALE TRÊS VALORES)
2) B) A esfera dos valores vitais e sentimentais, segundo Max Scheler, alberga uma imensidão de valores anímicos, psíquicos ou psicofísicos: o nobre e o vulgar, os sentimentos de juventude, de velhice, de vitória, de derrota, a paixão amorosa, o ciúme, a inveja, o orgulho, a coragem, a cobardia, etc. A esfera dos valores espirituais opõe-se-lhe na medida em que alberga valores intelectuais ou afectivo-intelectuais: os valores estéticos (belo feio, sublime horrível), os valores éticos (bom, mau, justo, injusto), os valores de verdade (filosofia e, de forma derivada, as ciências) (VALE TRÊS VALORES).
2) C) O demiurgo é, na doutrina de Platão, o deus arquitecto que, com a ajuda dos deuses do Olimpo, faz imprimir na matéria caótica (chorá) as formas similares aos arquétipos. É, pois, um deus activo, modelador. O Deus de Aristóteles é pensamento puro, está imóvel, além do universo, não se preocupa com este e é causa indirecta do movimento circular das estrelas e planetas e respectivas esferas de cristal: os astros desejam alcançar. As essências em Platão existem no mundo inteligível, acima do céu visível: são eternas, imóveis, perfeitas, sem matéria, espirituais. Em Aristóteles, as essências existem nas coisas sensíveis e não há mundo inteligível separado: a essência de sobreiro é a forma pura e eterna que há em todos os sobreiros físicos, a essência de belo está na rosa bela, na mulher bela e em todos os objectos belos..(VALE QUATRO VALORES).
2) D) A lei da contradição principal estabelece que, num sistema de múltiplas contradições, se podem destacar dois grandes blocos que constituem a contradição principal, deixando, ou não de fora, em zona neutra, uma ou várias entidades. Por exemplo: na segunda volta das eleições presidenciais, o candidato presidencial do centro-esquerda reune em torno de si o bloco dos socialistas, comunistas, ecologistas, republicanos de esquerda, anarquistas possibilistas, etc e o candidato presidencial do centro-direita encabeça o bloco dos conservadores, neofascistas moderados, liberais e centristas. O princípio do terceiro excluído é parecido porque forma dois campos: o de uma coisa ou qualidade ser A ou não A, sem haver terceira hipótese. Exemplo: na segunda volta das presidenciais, ou votas no candidato de centro-esquerda ou não votas no candidato de centro-esquerda, não havendo a terceira hipótese. (VALE TRÊS VALORES):
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
Eis um teste de filosofia sem perguntas de resposta múltipla que exigem responder com cruzes e não desenvolvem a capacidade discursiva escrita do aluno.
Agrupamento de Escolas nº 1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B
4 de Dezembro de 2013. Professor: Francisco Queiroz
I
1) Considere o seguinte silogismo:
«Nenhum urso é animal marinho».
«Esta foca é um animal marinho».
«Nenhuma foca é urso».
A) Indique, concretamente, duas regras da construção formalmente válida do silogismo que foram infringidas no silogismo acima.
B) Indique o modo e a figura do silogisno.
II
David Hume escreveu: «Aquela acção da imaginação pela qual consideramos o objecto ininterrupto e invariável ...» e Parménides escreveu: «Ser e pensar são um e o mesmo».
2) Interprete estes pensamentos conexionando-os com idealismo, realismo, empirismo e racionalismo.
3) Relacione, justificando:
A) A lei do salto qualitativo e os quatro passos gnosiológicos de Descartes desde a dúvida hiperbólica à demonstração do mundo.
B) As sete relações filosóficas segundo Hume e lei da contradição principal.
C) As três formas de conhecimento, segundo Bertrand Russel, e princípio do terceiro excluído.
D) Retórica, sofística e democracia.
CORRECÇÃO DO TESTE, COTADO PARA 20 VALORES
1) A) Eis duas regras de validade infringidas no silogismo acima: a conclusão segue sempre a parte mais fraca, se uma premissa é particular a conclusão tem de ser particular (ora isso não sucede, porque a premissa «Esta foca...» é particular e a conclusão «Nenhuma foca...» é universal); nenhum termo pode ter na conclusão maior extensão do que nas premissas (ora o termo "foca" é particular na premissa e universal na conclusão). (VALE DOIS VALORES).
1) B) O modo do silogismo é EIE (E= proposição universal negativa; I= proposição particular afirmativa). A figura do silogismo é a 2ª : PP (termo médio como predicado em ambas as premissas). (VALE UM VALOR)
2) Hume quer dizer as percepções empíricas são como que fotos desligadas umas das outras, não são contínuas e é a imaginação que fornece a ideia de continuidade dos objectos, a invariabilidade, o filme das percepções. Assim não há a alma, nem o eu, nem a casa, nem a árvore, nem a montanha - são ideias da imaginação formadas a partir de percepções cuja origem se desconhece. Isto é idealismo: a matéria passa a ser um conjunto de percepções empíricas. Nesta medida, pode atribuir-se a Hume um certo racionalismo, pois o idealismo é um racionalismo: através do raciocínio deixa de se acreditar na existência independente do mundo de matéria. Em Parménides dá-se algo inverso e algo análogo a Hume: o inverso é o facto de que não há descontinuidades, a percepção empírica é ilusão, o pensar está a todo o instante centrado no ser uno, imóvel, invisível, esférico, eterno; o análogo é que a percepção sensorial não nos fornece o "ser". Ao empirismo de Hume (" as ideias nascem das impressões sensíveis e da imaginação") contrapõe-se o racionalismo de Parménides (" Só o pensar, o raciocínio e a intuição inteligível captam o ser"). São dois idealismos, numa certa interpretação; mas em Parménides pode tratar-se ainda, ao invés, de um realismo crítico, porque apesar de cores, sons, cheiros, formas mutáveis serem ilusões, a esfera do ser pode ter carácter material, pode ser formada por uma matéria imperceptível aos sentidos. (VALE QUATRO VALORES).
3) A) Os quatro passos do raciocínio de Descartes são pautados pelo racionalismo, doutrina que afirma que a verdade procede do raciocínio, das ideias da razão e não dos sentidos:
1º Dúvida hiperbólica ou Cepticismo Absoluto( «Uma vez que quando sonho tudo me parece real, como se estivesse acordado, e afinal os sentidos me enganam, duvido da existência do mundo, das verdades da ciência, de Deus e até de mim mesmo »).
2º Idealismo solipsista («No meio deste oceano de dúvidas, atinjo uma certeza fundamental: «Penso, logo existo» como mente, ainda que o meu corpo e todo o resto do mundo sejam falsos»).
3º Idealismo não solipsista («Se penso tem de haver alguém mais perfeito que eu que me deu a perfeição do pensar, logo Deus existe). 4º 4º Realismo crítico («Se Deus existe, não consentirá que eu me engane em tudo o que vejo, sinto e ouço, logo o mundo de matéria, feito só de qualidades primárias, objetivas, isto é, de existe fora de mim»). Realismo crítico é a teoria gnosiológica segundo a qual há um mundo de matéria exterior ao espírito humano e este não capta esse mundo como é. Descartes, realista crítico, sustentava que as qualidades secundárias, isto é, as cores, os cheiros, os sons, sabores, o quente e o frio só existem no interior da mente, do organismo do sujeito, pois resultam de movimentos vibratórios exteriores e que o mundo exterior é apenas composto de formas, movimentos e tamanhos.
A passagem de um a outro destes quatro passos confirma a lei do salto qualitativo que se enuncia assim: a acumulação, lenta e gradual, quantitativa, de um certo factor num fenómeno origina, em dado instante, um brusco salto de qualidade nesse fenómeno. Neste caso o acumular de reflexões levou Descartes a demonstrar Deus (salto qualitativo) e, a partir deste, o mundo exterior (novo salto qualitativo). (VALE QUATRO VALORES).
3) B) As sete relações filosóficas são capacidades da nossa mente, modos de interpretar as coisas, não existem no mundo exterior: semelhança, identidade, relações de tempo e lugar, proporção de quantidade ou número, graus de qualidade, contrariedade e causação. Por exemplo, água e fogo não são contrários entre si fora da mente humana, real e objectivamente, mas são apenas contrários dentro desta que as coloca numa relação de contrariedade. A lei da contradição principal sustenta que um sistema de muitas contradições se pode reduzir a uma só grande contradição , a principal, composta de dois grandes blocos, deixando eventualmente na zona neutra uma ou outra contradição secundária. Neste caso posso aplicar assim, entre outros modos possíveis, a contradição principal: de um lado, as relações de tempo e lugar, que contextualizam o ente de modo especial, e do outro lado, todas as outras. (VALE TRÊS VALORES).
3) C) Os três tipos de conhecimento segundo Bertrand Russell são: o saber-fazer, que é um conhecimento empírico-técnico, como andar de bicicleta, nadar, jogar futebol; o conhecimento por contacto, isto é, empírico directo, como ver uma planície alentejana, ouvir uma música dos Bubedanas, saborear gaspacho; o conhecimento proposicional, isto é, racional ou empírico-racional, como por exemplo, «A soma dos três ângulos internos de um triângulo é 180º», «Portugal entrou na Comunidade Económica Europeia em 1 de Janeiro de 1986». O princípio do terceiro excluído estabelece o seguinte: uma coisa ou qualidade ou pertence ao grupo A ou ao grupo não-A, não havendo terceira hipótese. Apliquemo-lo: o conhecimento é proposicional ou é não proposicional, e nesta segunda hipótese inclluem-se o saber-fazer e o conhecimento por contacto (VALE TRÊS VALORES).
3) D) A retórica é a arte de bem discursar oralmente - ou por escrito, de forma derivada - a um auditório, no sentido de impressionar e persuadir. Bem discursar não significa estar isento de sofismas (erros voluntários de raciocínio) e paralogismos (erros involuntários de raciocínio). A sofística é a filosofia e a retórica dos sofistas, pensadores gregos anti essencialistas que ensinavam retórica, direito, política, etc, com remuneração. Assentava no cepticismo, que duvida de tudo o que fôr além das percepções empíricas, no relativismo que diz que a verdade varia com os povos, as classes e grupos sociais, no subjectivismo que postula que a verdade varia de pessoa a pessoa, no pragmatismo, que prefere os resultados práticos, a utilidade da situação real aos ideais "inúteis" e metafísicos. A democracia, entendida como autogoverno do povo através do debate livre nas ruas e em assembleias populares, de uma das quais emerge um governo votado pelos cidadãos, implica retórica: uns agentes políticos discursarão explicando por que se deve nacionalizar ou municipalizar certos bens, outros discursarão por que se deve privatizar esses bens. No meio destes discursos, existe a sofística, a arte de convencer o auditório com "habilidades" discursivas. (VALE TRÊS VALORES).
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