Em «Os problemas da filosofia», Bertrand Russel escreveu:
«1. A teoria da verdade deve ser tal que admita o seu contrário, a falsidade. Alguns filósofos, e não poucos, deixaram de satisfazer adequadamente a esta primeira condição: construiram teorias segundo as quais todo o nosso pensar deveria ser verídico, o que os pôs nas maiores dificuldades para arranjar um lugar para a falsidade. A este respeito, deve diferir a teoria da crença da teoria da intimidade, já que no caso da intimidade não é necessário tomar em conta a existência de um contrário. »
«2. Evidente parece que se não houvesse crença, nada poderia haver que fosse falso, nem tão-pouco haver verdade, no sentido em que a verdade é correlativa da falsidade. Se imaginarmos um mundo só de matéria, não haverá nele lugar para o falso; e, embora se contivessem nesse mundo aquilo a que podemos chamar "factos", não haveria nele verdade alguma, no sentido da palavra "verdade" em que esta última designa coisas da mesma espécie que as falsidades. O verdadeiro e o falso são, de facto, propriedades das crenças e das asserções; e, por isso, um mundo de pura matéria, não contendo crenças nem asserções, não teria verdades nem falsidades.»
«3. Cumpre, porém, observar em contraposição ao que acabamos de dizer aí que o verdadeiro e o falso de qualquer crença depende de algo exterior à crença.»
(Bertrand Russell, Os problemas da filosofia, pag 186-187,Arménio Amado, Editor Sucessor, Coimbra, 1974; o negrito é colocado )
Há alguma confusão em Bertrand Russell sobre este tema. O verdadeiro e o falso não são apenas propriedade das crenças e das asserções. A verdade não se restringe ao juízo, à asserção, à afirmação ou negação de algo. A verdade está já contida, de forma originária ou embrionária, nas intuições intelectuais ou conceitos que compõem o juízo. O clarear da verdade será o juízo - definição de um conceito, asserção ligando dois ou mais conceitos- ou o raciocínio - articulação lógica e inferencial de dois ou mais juízos.
Mas há um anoitecer ou uma noite da verdade, anterior ao juízo, que é as essências das coisas ou as próprias coisas,que são verdades em si mesmas, intuíveis. Exemplo: o número dois é um conceito - ou um arquétipo para os platónicos - automaticamente verdadeiro, sem dar lugar a falsidade. Se digo «Hoje há nuvens no céu» já há «grãos» de verdade nos conceitos de nuvem, céu e hoje, - e esses «grãos» não admitem nenhuma falsidade em si mesmos - mesmo que a afirmação seja falsa, no contexto histórico. Neste caso, a falsidade está na oposição entre a essência-frase e a existência-referente/ situação real.
Se identificarmos o termo verdade com realidade e o termo falsidade com irrealidade, é óbvio que não há terceira via, isto é, não há coisas que não são verdadeiras nem falsas.
A suspensão do juízo de existência é uma suspensão do conhecimento da verdade, mas não é, no plano eidológico, estar fora da dicotomia verdade-falsidade. No plano das essências, formas estáveis ou imóveis desligadas da existência, por posição ou por abstracção, não há falsidade: a matéria é tão real como a anti-matéria; o comunismo igualitário e portador de liberdades individuais é idealmente, eidéticamente, real, ainda que seja falso no plano existencial, isto é, impossível de colocar em prática. Dito de outro modo: há ideias que são verdades no plano ideal e mentiras, irrealidades, no plano existencial, físico-social.
A verdade sofre níveis distintos de oposição:
A) No plano da essência ideal, como verdade-essência ou eidética, é sempre verdade, apesar de possuir contrários que não a anulam mas que com ela coexistem (exemplo: o belo ideal é real nesse plano, não é anulado pelo feio ideal, e vice-versa). É o reino do imutável, perene.
B) No plano da existência ou essência materializada, como verdade ontológica, existencial, é em curtos períodos, ou mesmo a cada instante negada, alterada, ou falsificada pelo seu contrário eidético-ontológico ( exemplo: o político incorruptível cede a pressões de um lobby, isto é, deixa de ser incorruptível; a saúde dá lugar à doença, etc).
AS SENSAÇÕES ESTÃO FORA DO BINÓMIO VERDADE-FALSIDADE, COMO SUSTENTOU RUSSELL?
A noção de verdade não é unívoca, ainda que numerosos pensadores a tenham como tal.
Russell escreveu:
«Os dados-dos-sentidos reais não são verdadeiros nem falsos. Uma mancha de cor que eu vejo tão somente existe; não pertence à espécie daquelas coisas que são verdadeiras ou que são falsas. É verdade que essa mancha existe; verdade que tem uma certa forma, certo grau de luminosidade; verdade, ainda, que está cercada de certas outras cores. A própria mancha, porèm, como todas as outras coisas que pertencem ao mundo dos sentidos, é de natureza radicalmente diversa do que é verdadeiro e do que é falso, e por isso é a rigor impróprio o dizermos dela que é verdadeira. Assim, quaisquer verdades evidentes de si que possamos obter pelos sentidos devem ser diferentes dos dados sensíveis através dos quais as alcançamos.» (Bertrand Russel, Os problemas da filosofia, página 178; o destaque a negrito é da minha autoria).
Há aqui um erro: a mancha de cor, e os dados dos sentidos (sense data) em geral, são verdadeiros na tela da psique, isto é, na sua existência. Podem ser falsos na relação com outras essências, imersas na existência exterior, não psíquica, isto é, por exemplo: pode a côr vermelha da rosa ser apenas uma impressão psíquica e não haver vermelho “lá fora” no objecto físico rosa, desprovido de cores.
Se dissermos que a mancha de cor não é verdadeira, negamos a intuição sensorial, fonte primordial da verdade.Portanto, os dados dos sentidos são verdadeiros em si mesmos, podendo ser falsos na sua relação com o todo que os transcende. Ou seja: a verdade depende do contexto (mente, mundo dos objectos físicos, etc) em que se insere. A verdade não implica necessariamente a correspondência da percepção sensorial ou do pensamento com o mundo físico exterior: pode ser interna à própria crença, identificar-se com esta, especialmente ao tratar-se de crença empírica ou sensorial. Verdade e crença coincidem praticamente ao nível sensorial.
Há, portanto, três fontes de verdade:
1) Os orgãos dos sentidos.
2) A razão (incluindo a linguagem, o discurso).
3) O mundo exterior –independente, na concepção realista, do sujeito percipiente.A verdade como aletheia – desocultação - é simultaneamente dada pela coerência (empírico-racional) e pela correspondência entre a percepção e o pensamento, por um lado, e o (suposto) mundo exterior por outro.
Russell escreveu:
«Assim, embora a verdade e a falsidade sejam propriedades das nossas crenças, são não obstante propriedades extrínsecas, em um certo sentido; porque a condição de verdade da crença é algo que não envolve quaisquer crenças, ou (em geral) qualquer espírito, mas tão somente os objectos da crença. Um espírito que crê, crê veridicamente quando há um todo complexo correspondente, todo que não envolve o dito espírito mas unicamente os seus objectos. Esta correspondência garante a verdade; a sua ausência, pelo contrário, redunda em falsidade.Deste modo explicamos simultaneamente que as crenças: (a) dependam dos espíritos para a sua existência; (b) não dependam dos espíritos para a sua verdade.» (…)
«Assim uma crença é verdadeira quando há um facto correspondente à crença; e falsa, pelo contrário, quando não há facto correspondente.»«Comprovam-se por aí que os espíritos não criam a verdade ou a falsidade. Eles criam as crenças; porém, criadas as crenças, não está na alçada do espírito o fazê-las falsas ou verdadeiras, excepto no caso especial em que se referem a coisas porvindouras que estão no poder de realização da pessoa que nelas crê, como seja por exemplo, o fazer uma viagem. O que dá verdade à crença é sempre um facto, facto que não envolve de maneira alguma (excepto em casos especiais) o espírito da pessoa que tem a crença.»(Bertrand Russel, Os problemas da filosofia, página 198-199).
O que é um facto? É um dado consistente dos sentidos, adicionado ou não de uma interpretação teórica, justificado ou não racionalmente. Uma árvore diante de mim é um facto, mas uma ideia de árvore é um conceito, uma idealização do facto sensorial-corporal que é a árvore. O facto científico já não é um facto puro mas um facto-conceito, um facto teorizado. Neste texto, Russell distingue crença de facto mas, na realidade, o facto nem sequer é crença ou é uma crença sensorial ou racional-sensorial de tal forma sólida que parece destituído do carácter falível de qualquer crença.
A verdade é sempre a estrutura e a consistência existencial das coisas ou das ideias e teorias. Verdade significa existência: no plano puramente subjectivo ou no plano objectivo e físico. Uma verdade no plano subjectivo pode ser mentira no plano objectivo porque as leis de correspondência interior-psíquico / exterior-físico não funcionam neste ou naquele caso. Há assim a verdade-conceito e a verdade-imagem, subjectivas, a verdade-facto, independentemente de haver humanidade. ou verdade-percepção empírica sólida, objectiva. Assim, a verdade objectiva é dupla, reforçada: supõe, ou não, a existência de uma verdade subjectiva (ideia, teoria) e de uma verdade objectiva (que engloba o objecto físico ou facto exterior e os fios de correspondência com a verdade subjectiva).
Quando dizemos que uma coisa não é verdadeira nem falsa cometemos um paralogismo: não existe nada fora do valor verdadeiro/ falso; uma coisa só «não é» verdadeira nem falsa quando a tratamos de um ponto de vista sectorial, isto é, quando a circunscrevemos ao domínio em que é possível dizer, no imediato, se é verdade ou falsidade. Assim o fez o positivismo lógico ao postular que a metafísica, em particular juízos como “Deus existe e é o criador do universo e da vida” e “a reencarnação é um fenómeno metafísico generalizado e obedece à lei do carma”, não é verdadeira nem falsa mas “sem sentido”. Porém, de facto, a metafísica tem de ser verdadeira ou não verdadeira (falsa): o positivismo lógico não fez mais do que adiar a decisão, pô-la entre paréntesis, ao restringir o campo da verdade-falsidade à experiência possível.
Também Aristóteles ao garantir que a verdade se encontra no juízo e não no conceito, erra parcialmente. Aquilo que está “fora da dialéctica verdade-falsidade” é, para Aristóteles, as essências (eidos) ou formas comuns (exemplo: cavalo, nuvem, homem). Mas estas são, em si mesmas, a nosso ver, verdade –e segundo Aristóteles, são, sem ter como contrário a falsidade. Mera aparência.
As essências encontrar-se-iam, supostamente, fora do ringue onde se defrontam a verdade e a falsidade num lugar onde, aparentemente, não podem ser contestadas pela falsidade. De facto podem, porque é possível, por exemplo, imaginar a essência homem com um corpo exterior de homem e, por dentro, vasos sanguíneos e tecidos não de carne e ossos mas de palha e metal, e imaginar a essência nuvem como nuvem na aparência exterior e sala de um restaurante no interior. Portanto, até o conceito é lugar de verdade.
Verdade é realidade existencial subjectiva (irrealidade) ou objectiva. Devem ser, pois, distinguidas as duas faces da moeda da verdade: a interna e a externa, tendo esta , em princípio, um poder de sobreposição em relação à outra.
Se Russell diz que a côr verde não é verdadeira nem falsa por ser um dado dos sentidos, erra: para garantir a verdade não é necessária justificação racional, basta o testemunho indelével dos sentidos. É óbvio que, no caso das ciências, que se adentram na «gruta» metafísica do universo, das espécies biológicas, da composição invisível da matéria, etc, o testemunho dos sentidos é insuficiente para determinar a verdade e a construção racional-imaginária é indispensável. Temos, pois, a verdade a brotar de duas fontes: os sentidos e a razão-imaginação, conexionados como as duas pontas de um compasso por um ponto referencial que designamos de mundo exterior.
É possível extrinsecar a verdade da crença: nem toda a verdade, do ponto de vista humano, transubjectivo, é crença ( união do objectivo exterior ou do objectivo interior/ideal com o subjectivo) – por exemplo, não é crença a verdade do que foi o planeta Terra há 5 milhões de anos, verdade em si mesma, sem observador humano - mas numerosas crenças não são verdades objectivas.
A verdade objectiva, absolutamente independente da humanidade e dos sujeitos percipientes individuais, isto é, a verdade como não crença, é, pois, possível. Quando se descreve a Terra, ou os números como arquétipos em si, antes do aparecimento do homem está-se, talvez, a pressupor, inconscientemente, uma mente pré-humana, cósmica, no acto de apreender a paisagem da Terra com dinossauros ou glaciares muito extensos e sem seres humanos. Mas é legítimo sustentar que a verdade não pressupõe sempre a relação do pólo objectivo, exterior, físico e vital, com subjectividades ou com uma transubjectividade oculta.
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Anthony Kenny, catedrático inglês, escreveu o seguinte sobre a teoria ontognosiológica de Kant:
«Como os filósofos medievais e racionalistas antes dele, Kant estabeleceu uma distinção clara entre os sentidos e o intelecto; mas dentro do intelecto cria uma nova distinção entre o entendimento (Verstand) e a razão (Versnunft). A compreensão opera em combinação com os sentidos de modo a produzir o conhecimento humano: através dos sentidos, os objectos são-nos dados; através do entendimento, os objectos são tornados pensáveis. A experiência tem um conteúdo formado pelos sentidos, e uma estrutura determinada pelo entendimento. A razão, em contraste com o entendimento, é a tentativa do intelecto ir além daquilo que o entendimento pode alcançar. Quando divorciado da experiência, é "razão pura", e esta é o alvo da crítica de Kant.» (...)
«A estrutura transcendental é, em grande parte, dedicada ao estudo do espaço e do tempo. As sensações diz Kant, têm uma matéria (ou conteúdo) e uma forma. O espaço é a forma dos sentidos externos e o tempo é a forma dos sentidos internos.»(Anthony Kenny, Nova História da Filosofia Ocidental, volume 3, Ascensão da Filosofia Moderna, pag 117, Gradiva, Lisboa; o negrito é colocado por mim),
Quando escreve «a experiência tem um conteúdo formado pelos sentidos, e uma estrutura determinada pelo entendimento» Kenny equivoca-se parcialmente. A estrutura da experiência é determinada pela sensibilidade a priori - em particular pelas formas a priori, o espaço e o tempo - e também pelo entendimento. Kenny mostra entender que o espaço e o tempo são subjectivos e irreais, em Kant, mas não atribui essa mesma irrealidade à matéria (exemplo: a madeira da árvore, o vapor de água da nuvem, o granito da casa, etc). E aí reside o seu erro.
O que falha em sir Anthony Kenny ao expor a ontognoseologia de Kant é, sobretudo, o não compreender nem esclarecer a natureza da matéria física, dos objectos materiais. Estes estão dentro ou fora de nós? Estão corporalmente fora e mentalmente dentro - porque a mente extravasa em muito o corpo físico do sujeito (Kant perfilha um idealismo material, como o de Berkeley, embora o negue). Esta posição de Kant, que usou ambiguamente a expressão "fora de nós", não foi compreendida por Kenny, nem por Bertrand Russell , Alain Renault ou Karl Popper - nem mesmo por Heidegger. Mas Hegel compreendeu Kant.
Não me consta que haja ao menos um professor catedrático de Portugal, Espanha, França, Reino Unido, EUA que tenha discernido esta questão: os fenómenos na gnoseologia de Kant são os próprios objectos materiais, tão irreais como as ideias «objectivas» de Berkeley, não há nada material além do fenómeno, não há por exemplo, o fenómeno «casa» e o númeno «casa». Os catedráticos são mónadas, celas fechadas ao mundo externo. Conseguiram o seu lugarzinho na abóbada celeste da academia, o seu nicho de "santos" em que são venerados pelos alunos de forma mais ou menos acrítica e não vão mexer na torre das interpretações "consensuais" sobre Kant, Hegel, Heidegger e outros.
E isso põe a questão: não estarão as cátedras de filosofia nestes países vazias de grandes intelectuais, de genuínos pensadores, e preenchidas por doutorados de inteligência mediano-elevada, sem genialidade filosófica, meros repetidores de alguns clichés? Parece-me que sim.
Se há uma disciplina em que a fraude científico-intelectual é institucionalmente possível em vasta escala, é a filosofia: pequenos intelectuais, de pomposa retórica e ideias razoavelmente confusas, conseguem erguer-se às cátedras, ao título de «professor doutor», mercê de um trabalho persistente, de qualidade discutível, para não dizer mediana-medíocre, e de influências pessoais.
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In his article “The realism” contained in A Companion to Ethics (Basil Blackwell Ltd. 1991, 1993) , organised by Peter Singer, professor Michael Smith divides the descriptivist theories into three classes: realism, irrealism and nihilism.
«Moral realism thus contrasts with two metaphysical views about morality: irrealism (sometimes called "anti-realism") and moral nihilism. According to the irrealists, there are no moral facts, but neither are moral facts required to make sense of moral practice. (...)
«By contrast, according to the moral nihilists. the irrealits are right that there are no moral facts, but wrong about what is required to make sense of moral practice. The nihilist thinks that without moral facts moral practice is a sham, much like a religious without belief in God.»
(Michael Smith, Realism, in A Companion to Ethics, page 402, Blackwell Publishers).
Bracketing the confusing definition of nihilism exposed above, the confusion of Smith begins with the incapacity on applying the principle of excluded middle: so, according to the principle of excluded middle, on ontological level, the theories are realism or no realism, i.e., irrealism. Thus, nihilism is or a version of realism or a verson of irrealism. There is no other possibility out of this dilemma.
Nihilism has two senses: on ontological level, is the theory of nothing, that denies the existence of values and, thus, is the same as irrealism; on eidological level, is a realistic version, is the theory that sustains the non-differentiation on values, i.e., all values are worth the same (example: «being selfish or being selfless is the same, or being a murderer or being a peaceful and homest person is the same») or that their hierarchy is unknowable to us.
Smith wrote:
«This, the psychological counterpart to irrealism, is called "non-cognitivism" (There are different versions of irrealism: e.g emotivism, prescriptivism and projectivism.)».
(Michael Smith, Realism, in A Companion to Ethics, page 402, Blackwell Publishers).
That is another error. Pescritivism is not confined to irrealism, there can be a realistic prescriptivism: the ideology of universal human rights is a prescriptivism, since establishes that freedoms of conscience, of anyone dispose of his body without suffering murder, mutilation, torture or humiliation are real and must be respected by all and in all human beings. Why is prescriptivism an irrealism? Smith doesn’t explain that, since he doesn´t see clearly on that matter.
And why is emotivism an irrealistic theory? Emotivism is the theory that emotions are the base, the source of moral facts: these emotions can be considered real, and thus you have a realistic emotivism, or can be considered illusory and thus we have an irrealistic emotivism.
The same critic is applied to projectivism, the theory that moral values are projections from one or infinite human mind: there can be a realistic projectivism, if moral value are in fact in internal human nature and transposed by projection to physical and social acts, and an irrealistic projectivism, if moral values do not exist as internal stable realities in human soul.
There is no doubt that the greatest academic authorities in ethics currently– Peter Singer, Jonathan Dancy, Michael Smith, Richard M.Hare, etc – are theoretically poor since they don’t possess a dialectical thought and commit such errors we bring to light. And this sad reality echoed in hundreds of thousand of teachers of philosophy in all the world.
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In his article “The universal prescriptivism” contained in A Companion to Ethics, organised by Peter Singer, Richard M. Hare divides the descriptivist theories in three branches: naturalism, intuitionism and subjectivism.
«Descriptivistic theories can be divided broadly into naturalism and intuitionism. Both terms can be misleading, but they will serve. The dispute between these is about wheter or not the true-conditions or moral judgements, which according to descriptivism give them their meaning are to be determined by definitions (or, more loosely, explanations of meaning) which refer only to non-moral truth or properties. Naturalists think that this is possible: intuitionists, by contrast, think that no such definitions or explanations can capture the meanings of the moral words.» (R.M.Hare, Universal Prescriptivism, in A Companion to Ethics, pages 452-453, Blackwell Publishers; the bold is added by us).
«One further kind of descritiptivism may be mentionated here, namely subjetivism.» (R.M. Hare, ibid, page 454).
It is evident that R.M. Hare commits a theoretic error by lack of a dialectical thought.
This division should suppose that the three theories would be species of the same genus but they are not. Naturalism is opposed to no naturalism, not to intuitionism. Naturalism concerns to nature, an ontological region, but intuitionism concerns to a form of human knowledge, to the subject. What Hare means by intuitionism should be called supernaturalism or metaphisicism, i mean, a region beyond physical nature. This error had been already commited by George Moore, in his ethical theory.
The greatest error of Hare is to put at the same level subjectivism, naturalism and intuitionism: subjectivism is not necessarily extrinsic to naturalism, there can exist a naturalistic subjectivism (for example: a man considers the birds as gods and try to preserve bio nature as the good ethics) as it can exist a naturalistic objectivism (for example: war and murder are, in general, bad actions because they produce suffering and horror to many people).
On the other side, subjectivism – a sociological concept – is partially incorporated in intuitionism – an epistemological concept. They are not extrinsic necessarily. For example: a person who considers, by intuition, that the «secret esoteric centre of the world is Cibele ´s square in Madrid» is a subjectivist intuitionist.
So, R. M.Hare, this celebrity in ethics, on writing the article studied here, could not think in a dialectical way, and did not rank correctly the genus and species.
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Many theorists of ethics sustain a division of utilitarianism in two branches: utilitarianism of Bentham and Mill and preference-utilitarianism. In the Oxford Dictionary of Philosophy we read:
«Preference-utilitarianism
«Form of utilitarianism which abandons the attempt to measure utility in terms of the extent or duration or causes of happiness, and measures instead the satisfaction of desires or preferences. There are questions about which preferences should count, and whether intensity of desire is an independent factor.» (Simon Blackburn, Oxford Dictionary of Philosophy, page 289,Oxford press, 2005).
Simon Blackburn accepts this theorist mistake, with his uncritical regard. The so called “preference-utilitarianism”, supposedly discovered in the 20th century by the new ethical theorist, is already contained in the concept of utilitarianism of Stuart Mill. Because Mill emphasized that it is not the number of persons which counts in evaluation of utilitarianistic action but also the quality of the matter.
For example, if German Army is fighting against English Army, what is the correct utilitarianistic position? There is not only one correct position, but two, at least. The commandant of English Army will try to preserve life of the greatest number of English soldiers without loosing the war or the positions and the commandant of the German Army will have a similar behaviour in favour of German soldiers.
If both commandants apply the principles of Mill ´s utilitarianism, each one will choose his preference: English people or German People. Utilitarianism, as Mill defined it, is already a preference-utilitarianism. But Peter Singer, Simon Blackburn, Michael Smith, and many other academic did not meditate this: they could not exceed the clouds of theorist confusion.
I ask: what does a professor title counts if universities in Philosophy, in all world. are full of little thinkers with the pompous name of “philosophers”? Are Blackburn and Peter Singer real philosophers? Or are they merely erudite, professors with great quantity of information but lacking of high intelligence? In fact, neither Blackburn nor Peter Singer, Thomas Nagel, John Searle, Jonathan Dancy,Robert Goodin, Michael Smith are genius in Philosophy. They are or were only important people in universities, not genuine philosophers…
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About phenomenology, Simon Blackburn wrote in his Oxford Dictionary of Philosophy:
«Phenomenology A term that emerged in the 18th century, in the writings of Johann Heinrich Lambert (1728-77) and Kant to denote the description of consciousness of its intentional content (see INTENTIONALITY). In Hegel, phenomenology is instead the historical enquiry into the evolution of self-consciousness, developing from elementary sense experience to fully rational, free, thought processes capable of yielding knowledge. The term in the 20th century is associated with the work and school of Husserl. Following Brentano, Husserl realized that intentionality was the distinctive mark of consciousness, and saw in it a concept capable of overcoming traditional mind-body dualism. The study of consciousness, therefore, maintains two sides: a conscious experience can be regarded as an element in a stream of consciousness, but also as a representative of one aspect or “profile” of an object. In spite of Husserl ´s rejection of dualism, his belief that there is a subject-matter remaining after “epoché” or bracketing of the content of experience, associates him with the priority accorded to elementary experiences in the parallel doctrine of phenomenalism., and phenomenology has partly suffered from the eclipse of that approach to problems of approach to problems of experience and reality. However, later phenomenologists, such as Merleau-Ponty, do full justice to the world-involving nature of experience. In a different usage, the phenomenology of a subject (such as religion) is the study of what it means to pursue a particular form of life, regardless of whether anything that is said in following it out is true or false.» (Simon Blackburn, Oxford Dictionary of Philosophy, page 275, Oxford press, 2005).
Let´ s explain two fundamental critics to the content of this article. First, opposite to the speech of Blackburn, Husserl does not reject dualism: he, just like Descartes, suspends the existence of external world, characterized by continuous changes and movement, to “photograph” the quiet essences of things. The rejection of dualism is merely instantaneous, not definitive, in Descartes as in Husserl.
Second, phenomenology is not characterized in this article on ontological level by Simon Blackburn: in fact, despite the ignorance of Blackburn, phenomenology is placed between realism and idealism, is the third ontological position, as Heidegger postulated. This is not theorized by Blackburn in the Oxford Dictionary of Philosophy and in any of his books (at least to my knowledge).
I sustain that phenomenology is phenomenalism added or distorted with a metaphysical description in some aspects. Blackburn seems to be absolutely ignorant about this. He has lack of theorist visualization as many academics of the so called “Analytic philosophy” – only some confused minds sustain that «analytic philosophy» is clearer than «continental philosophy». The term analytic has not magic proprieties. The analysis is not only a question of internal coherence of concepts and propositions but is also a question of external correct reference to ideal or material objects.
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