Terça-feira, 20 de Abril de 2010
O mobilismo antidialéctico na distinção ciência-filosofia, de Deleuze e Guattari

Félix Guattari e Giles Deleuze delinearam, do seguinte modo, a distinção entre ciência e filosofia:


«A ciência não tem por objecto conceitos, mas funções que se apresentam como proposições em sistemas discursivos. Os elementos das funções chamam-se functivos (fonctifs, no original francês). Uma noção científica é determinada não por conceitos, mas por funções ou proposições. É uma ideia muito variada, muito complexa, como se pode ver já no uso que dela fazem já respectivamente as matemáticas e a biologia; é, contudo, esta ideia de função que permite às ciências reflectir e comunicar. A ciência não tem nenhuma necessidade da filosofia para estas tarefas. Em contrapartida, quando um objecto é cientificamente construído por funções, por exemplo, um espaço geométrico, falta procurar nele o conceito filosófico que não está de modo nenhum dado na função. Mais exactamente, um conceito pode tomar, por componentes, functivos de toda a função possível, sem ter minimamente o menor valor científico, mas com o objectivo de marcar diferenças de natureza entre conceitos e funções.»


«Nestas condições, a primeira diferença está na atitude respectiva da ciência e da filosofia em relação ao caos. Define-se menos o caos pela sua desordem que pela velocidade infinita com a qual se dissipa toda a forma que aí se esboça. É um vazio que não é um nada, mas um virtual, contendo todas as partículas possíveis e extraindo todas as formas possíveis para desaparecem brevemente, sem consistência nem referência, sem consequência. É uma velocidade infinita de nascimento e de esvanecimento. Ora a filosofia pergunta como guardar as velocidades infinitas ganhando sempre consistência, dando uma consistência própria ao virtual. O crivo filosófico, como plano de imanência que recorta o caos, selecciona movimentos infinitos do pensamento e mobila-se com conceitos formados como partículas consistentes viajando tão rápidas como o pensamento. A ciência tem toda uma outra maneira de abordar o caos, quase inversa: ela renuncia ao infinito, à velocidade infinita, para ganhar uma referência capaz de actualizar o virtual. Guardando o infinito, a filosofia dá uma consistência ao virtual por conceitos; renunciando ao infinito, a ciência dá ao virtual uma referência que o actualiza, por funções. A filosofia procede com um plano de imanência ou de consistência; a ciência, com um plano de referência. No caso da ciência, é como uma paragem da imagem. É um fantástico abrandamento de velocidade, e é por este abrandamento que a matéria se actualiza, mas também o pensamento científico capaz de a penetrar por proposições. Uma função é uma Marcha lenta


(Gilles Deleuze e Félix Guatari, Qu est-ce que la philosophie?, Les Éditions de Minuit, Pág 111-112; a letra negrita é posta por mim)


 


Ao dizer que «Uma noção científica é determinada não por conceitos, mas por funções ou proposições» e  que «o conceito filosófico que não está de modo nenhum dado na função» Deleuze e Guattari equivocam-se. As funções ou proposições incluem conceitos ou baseiam-se neles – exemplo: a curva designada por parábola é uma função, um movimento descrito segundo determinada equação matemática, mas conserva, simultaneamente, o conceito de curva tangencial a uma recta. A função não exclui o conceito, é o conceito ou rede de conceitos em movimento, em transmutação, do mesmo modo que o filme não exclui a fotografia. Opor o conceito filosófico à função científica é um erro antidialéctico, tal como o é opor liminarmente a palavra à proposição. A palavra está contida na proposição, não se opõe extrínseca e frontalmente a esta, do mesmo modo que a filosofia está contida em cada ciência. Em outro sentido, potencial, a proposição está contida na palavra, como a árvore está contida na semente ou na raiz que cresce e como a ciência está contida na filosofia.


As funções salientam o aspecto dinâmico da vida e da matéria, os conceitos privilegiam o aspecto estático da vida e da matéria. Sem estática não há dinâmica e vice-versa. São os conceitos, que Deleuze e Guattari, vinculam à filosofia mais velozes que as funções, que estes autores remetem para a ciência? Parece-me que não. Em todo o caso, estes autores deveriam fundamentar com exemplos a sua tese. Por exemplo o conceito filosófico de "ser" é mais veloz que o conceito científico de "electrão"?  Porquê? Em que medida é ou não é? Nada disto é claro na vasta citação que coloquei acima. Há pois um mobilismo antidialéctico nesta distinção: a filosofia seria, para Deleuze e Guattari, puro movimento, quase absoluto, e a ciência o movimento lento, fotográfico, para captar tal ou tal zona da realidade. Isto contrasta com a ideia tradicional de o filósofo como contemplativo, imobilizando o fluxo do real para nele penetrar pela intuição e o raciocínio.


Deleuze e Guattari proclamam que a ciência renuncia ao infinito, ao contrário da filosofia. Mas como renuncia ao infinito, se os físicos teóricos especulam hoje sobre as 30 ou 40 possíveis dimensões do espaço e se o universo é considerado espacialmente infinito? E como é que a ciência matemática renuncia ao infinito se “menos infinito” e ao “mais infinito” constituem horizontes da série de números? A ciência não se debruça menos sobre a janela do infinito do que a filosofia. A diferença entre ambas reside no facto de a filosofia abarcar no seu seio várias perspectivas de ciência contrárias ou contraditórias entre si, estando simultaneamente dentro – como núcleo especulativo, não testado ou não testável – e fora de cada ciência. A filosofia articula finito e infinito, uno e múltiplo,  tal como a ciência o faz.


Opor a filosofia e a ciência como se opõem a imanência e a referência é um discurso ambíguo. Por que não há de a ciência representar a imanência – ao contrário do que defendem Guattari e Deleuze – e a filosofia a referência – conceito que tanto pode indicar transcendência como imanência?


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Domingo, 18 de Abril de 2010
O conceito não tem projecção na figura, como defendem Deleuze e Guattari?

Gilles Deleuze e Félix Guattari apresentaram a filosofia não como contemplação, nem reflexão, nem como comunicação, mas como actividade criadora de conceitos. Diga-se de passagem que há aqui uma nuvenzinha de confusão: a reflexão é, muitas vezes,  criação de conceitos. Estes autores distinguem figura de conceito ao referirem-se às diversas religiões e sagezas filosóficas ancestrais, ao modo como visual e sensorialmente se projectam na multidão dos seus crentes:


 


«Em todos estes casos, unidade imperial ou império espiritual, a transcendência que se projecta sobre o plano da imanência pavimenta-o ou povoa-o de Figuras. Se é uma sabedoria ou uma religião, pouco importa. É somente deste ponto de vista que se podem reaproximar os hexagramas chineses, as mandalas hindus, os sefirós judeus, os “imaginais” islâmicos, os ícones cristãos: pensar por figuras. (…) É porque a figura tem uma referência, e uma referência por natureza plurívoca e circular. Ela não se define certamente por uma semelhança exterior, que permanece proibida, mas por uma tensão interna que a liga ao transcendente no plano da imanência do pensamento. Em poucas palavras, a figura é essencialmente paradigmática, projectiva, hierárquica, referencial, (as artes e as ciências também desenham potentes figuras, mas o que as distingue de toda a religião, não é pretender aceder à semelhança proibida, é emancipar tal ou tal nível para dele fazer novos planos de pensamento sobre os quais as referências e projecções, vê-lo-emos, mudam de natureza.»


«Precedentemente, para ir depressa, dizíamos que os Gregos tinham inventado um plano de imanência absoluta. Mas a originalidade dos gregos, é necessário procurá-la, de preferência, no laço entre o relativo e o absoluto. Quando as desterritorialização relativa é, ela mesma, horizontal, imanente, conjuga-se com a desterritorialização absoluta do plano da imanência que leva ao infinito, que impele ao absoluto os movimentos da primeira transformando-os (o meio, os amigos, a opinião). A imanência é reduplicada. É então que se pensa, não já por figuras, mas por conceitos. É o conceito que vem povoar o plano da imanência. Já não há projecção numa figura, mas conexão no conceito. É porque o próprio conceito abandona toda a referência para não reter mais que conjugações e conexões que constituem a sua consistência. O conceito não tem outra regra além da vizinhança, interna e externa. A sua vizinhança ou consistência interna está assegurada pela conexão dos seus constituintes nas zonas de indiscernibilidade: a sua vizinhança externa ou exo-consistência é assegurada pelos pontos que vão de um conceito a outro, quando os constituintes de um estão saturados. É precisamente o que significa a criação de conceitos: ligar os constituintes interiores inseparáveis até ao fechamento ou saturação, de tal modo que não se possa juntar ou retirar um deles sem alterar o conceito; ligar o conceito com um outro, de tal maneira que outras conexões mudariam a sua natureza. A plurivocidade do conceito depende unicamente da vizinhança (un conceito pode ter várias). Os conceitos são camadas de tinta da mesma superfície sem níveis, são ordenadas sem hierarquia. Daí a importância em filosofia das questões: que meter num conceito e com que co-metê-lo? Que conceito é necessário colocar ao lado deste, e que constituintes em cada um? São as questões da criação de conceitos.» (Gilles Deleuze e Félix Guatari, Qu est-ce que la philosophie?, Les Éditions de Minuit, Pág 86; a letra negrita é posta por mim)


 


Parece-me haver aqui, logo de início, uma ideia sem telhado, isto é, parcialmente sofística: a ideia de que a racionalidade grega desterrou ou desterritorializou os deuses, a metafísica. Não é assim: os gregos «inventaram» a filosofia mas, de um modo geral, sem renegar ou desterritorializar os seus deuses. Os grandes filósofos gregos (Heraclito, Parménides, Platão, Anaxágoras, Pitágoras, Aristóteles) conservaram a ideia da existência de deuses ou Deus – possuíam, pois, conceitos sobre estes – e não estavam fechados no plano da “imanência redobrada”. Reformularam a religião, nos seus círculos esotéricos, criando a visão religiosa dos filósofos, diferente da religião popular. É mecanicismo antidialéctico contrapor, como fazem Deleuze e Guattari, o conceito-imanente à transcendência aconceptual. As religiões, sob a óptica dos filósofos, são ricas em conceitos.


Ao perguntarem-se: «Que meter num conceito?» Deleuze e Guattari consideram o conceito como algo formal, vazio, onde se vão colocar constituintes. É uma visão construtivista atomística em que se postula dois momentos: o conceito como forma vazia, o conceito adicionado de injunções, conexões. É no fundo a dissociação entre a forma e o conteúdo. E não explicitam quais são esses constituintes. Por exemplo, o conceito de água tem como constituinte a substância “água” ou os elementos “hidrogénio” e “oxigénio”? A verdade é que o conceito nunca deixa de ter constituintes definidos: é uma unidade forma-conteúdo “material”. A forma do conceito não está antes do conteúdo. O conceito de átomo nunca é absolutamente abstracto: ele nasce da conjugação da visão física de pequenas bolas ou grãos, da fragmentação de um pedaço de matéria, com a faculdade racional de análise, de decomposição de um todo em partes. Pode esvaziar-se, em termos relativos, o conceito: por exemplo do átomo tipo sistema solar com o núcleo sol no centro e os electrões-planetas em órbitas bem definidas passar ao conceito de átomo nuvem com os electrões em torvelinho, mas esse esvaziamento ou abstracção é um movimento feito a partir do conceito original que é, em regra, minimamente rico em determinações (cores, forma, substância, etc) – o nada extrai-se do «cheio», do ser e não o inverso. Mesmo outros conceitos «não figurativos» como Deus ou Paraíso não são vazios à priori: existem com as suas determinações (exemplo: Deus como inteligência reinante e geral do universo, ou como uma Trindade em que um majestoso Pai de barbas brancas se une ao Filho Cristo e ao Espírito Santo como pomba)  A consideração do conceito como algo de não figurativo, «que abandona toda a referência» é, a meu ver, equívoca. O conceito resume-se a conexões e conjugações? É um “caranguejo sem casca nem conteúdo cárneo central”, só "com as patas viradas para fora"? A vizinhança é uma referência - o conceito é vizinho da coisa física, é "imagem" intelectual desta. Como poderia ser sem referência? O pensamento racional, baseia-se em conceitos figurativos. O conceito não é senão a figura sensível retocada, sublimada, renascida no plano intelectual. É óbvio que, ao contrário do que defendem Deleuze e Guattari, o conceito tem projecção figurativa. O conceito de círculo projecta-se em todas as laranjas redondas, bolas de futebol e outros objectos circulares existentes neste planeta. O conceito de uno projecta-se em cada coisa e na totalidade das coisas: em cada árvore, em cada pessoa, na natureza como um todo, etc. Não afirmo que o conceito nasce integralmente das sensações empíricas e entra num intelecto vazio: afirmo que o conceito está geneticamente no intelecto e se activa e reverbera sob o impacto das sensações, dos objectos da experiência.


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Domingo, 11 de Abril de 2010
Objectivism is not the contrary of relativism (Confused Views in the Oxford Dictionary of Philosophy-VII)

In the Oxford Dictionary of Philosophy Simon Blackburn defines ethical objectivism as if it was the contrary of relativism:

 

«Ethical objectivism. The view that the claims of ethics are objectively true; they are not “relative” to a a subject or a culture, nor purely subjective in their nature, in opposition to error theories, scepticism and relativism. The central problem is finding the source of the required objectivity.»(Simon Blackburn, Dictionary of Philosophy, Oxford, Page 121 ).

 There is a mistake, a missing of dialectics in Simon Blackburn: the contrary of objectivism is not relativism. It is subjectivism, the singular and intimate view of each person. Relativism means the theory which sustains that the truth varies according to the societies, according to each social class and political, philosophical, cultural or religious group within the same society, the continents and the ages, the space and the time, but possesses objectivity: for example, space is relative in the theory of Einstein, is “round” near great masses and “straight” far away them, but in all cases is objective, has objectivity and relativity. Objectivity does not mean immutability as Blackburn supposes. The changes express relativity of things and stadiums but conserve objectivity. For example: the water can assume a solid, liquid or gas shape and this is relativism (the changes of the same essence) and simultaneously is objectivism (a reality outside our minds perceived by all with unanimity).  So relativism is not opposite to objectivism, because they coexist in the same phenomena without mutual exclusion.

Blackburn confuses objectivism with absolutism, based on immutability. Objectivity is a property of relativism and of absolutism / no relativism, I mean : objectivism is genus and relativism and no relativism are species partially contained in it.

 

 

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Segunda-feira, 5 de Abril de 2010
Lynn Picknett: Lucifer no es el Diablo, sino la Razón y el fuego de la libertad contra el oscurantismo

«La historia secreta de Lucifer», de la escritora esotérica Lynn Picknett, es uno de los más recientes y completos libros de la gnosis que pone a las iglesias católica y protestantes en tela de juicio. Gnosis significa conocimiento: los gnósticos no aceptan la irracional teoría de que un Díos bueno, único, creó el mundo lleno de imperfecciones y no es responsable para nada del mal que ocurre a larga escala en el cotidiano. Esbozaré unos breves apuntes, muy sectoriales, sobre este libro rico en hipótesis heterodoxas que contrarían a la teología católica, evangélica y mormón.

 

Según Lynn, en el sendero del gnosticismo, Lucifer es el príncipe de la luz, no el señor de las tinieblas y del infierno. Este último es Satanás que funciona como un siervo del Díos imperfecto de la Biblia que condena y somete a duras penitencias y penas a sus fieles. Satanás no es altruista, es malo por naturaleza, al revés de Lucifer, que es inteligencia pura y voluntad de, mediante la ciencia y la técnica, liberar al hombre de la ignorancia y de la miseria material y social. .Lucifer pude corresponder a San Miguel Arcángel pero nunca al Diablo y al Infierno.

 

LUCIFER EQUIVALE AL PROMETEO DE LOS MITOS GRIEGOS QUE DIO EL FUEGO A LOS HOMBRES

 

Lucifer, potencia de la inteligencia y del fuego físico, sería como Prometeo que salvó a los hombres ofreciéndoles el fuego, invención divina, para cocinaren sus alimentos, se calentaren y iluminar sus cuevas y habitaciones.

«Los gnósticos, en cambio, debido a su profunda preocupación por la verdadera naturaleza de Díos, no habían sacado de la nada la idea de un Lucifer bueno. Su simpatía por el ángel caído es equiparable a la admiración de los antiguos griegos por Prometeo (cuyo nombre significa “previsión”), que robó fuego a Zeus para dárselo a los humanos, por lo cual fue condenado a ser encadenado en la cima de una montaña, donde su hígado era devorado por “su propia águila totémica y sanado durante la noche para volver a ser devorado”.» (Lynn Picknett, «La historia secreta de Lucifer», Editorial Planeta, Pág.53).

 

Estructuralismo: en todas las culturas de todas regiones del mundo hay mitos con una estructura común, universal. El contrario del nominalismo, que postula no haber esas esencias generales comunes.

EL LUCIFERISMO CÁTARO Y TEMPLARIO, NO SATÁNICO

Así, en los siglos XII y XIII,  el luciferismo no satanista, precursor del protestantismo, del libre espirito y de la masonería iluminada de los siglos XVIII-XXI, encarnó en la herejía cátara, al sur de Francia. Los cátaros eran vegetarianos o cási vegetarianos, consumidores de pez, y pacifistas, igualaban el hombre a la mujer, muchos practicaban el amor libre desconectando la noción de santidad de la de “pureza corporal” y consideraban a la iglesia católica romana, corazón del feudalismo en Europa, como el poder del Diablo y de la materia, causa de guerras y explotación de las grandes masas trabajadoras.

«Al igual que los gnósticos, creían que Jesús era hijo de la Luz, no el hijo de Díos. Tanto él como Satanás eran hijos de Dios padre, dos manifestaciones de una divinidad que reunía tanto el bien como el mal. Existían dos Jesús: uno físico, que era el amante de María Magdalena, y otro puramente espiritual que nunca pudo ser crucificado (por este motivo los cátaros no aceptaban el simbolismo tradicional del crucifijo aunque tenían su propia cruz, el rosace, que representaba el Cristo solar). (Lynn Picknett, «La historia secreta de Lucifer», Editorial Planeta, Pág.160).

 

« En su libro La Corte de Lucifer, de 1937, Rahn argumenta que algunos grupos que se consideraban relacionados entre sí (los cátaros, los caballeros templarios, los trovadores y otros por el estilo) formaban parte de una religión gnóstica centrada en Lucifer (también denominado por ellos “Lucibell”), o en su equivalente europeo Apolo, el dios solar. Rahn también vinculó el florecimiento de la “corte de Lucifer” a los mitos nórdicos en un intento de crear una religión de raíces europeas más que de Oriente Próximo. Según la hipótesis de Rahn, lo que unía a todos estos grupos era el Santo Grial, ya que éste se había relacionado por separado tanto con los cátaros como con los templarios». (Ibíd., Pág. 162).

 

Las acusaciones contra los templarios, arrestados en 1307, en Francia, por orden del papa Clemente y del codicioso rey Felipe el Bello, incluían el hecho de pisotearen la cruz, que rechazaban. La cruz impuesta por la jerarquía de la iglesia simbolizaba la aceptación de la servidumbre, del yugo feudal y del sacrificio sin sentido, contrario a la razón y la libertad sexual que Apolo-Lucifer representa. ¿Quién representa el satanismo, el instinto sádico, en este conflicto cátaros-papado? Sin duda, la Inquisición, el papado con su ley de dar muerte y torturas crueles, expropiación de bienes, prisión y exilio a los seguidores del Díos de la Luz, de la gnosis, opuesto al Díos de las Tinieblas de la iglesia persecutoria y hegemónica.

 

LA RELACIÓN AMOROSA DE JESÚS CON MARÍA MAGDALENA Y CON SAN JUAN

 

Según Lynn Picknett, Jesús mantendría una relación sexual de doble calado: con María Magdalena, que no sería una prostituta sino una sacerdotisa, de la religión de la Diosa, y con Juan, el discípulo amado. Antes del cristianismo masculino impuesto por el emperador romano Constantino y antes del judaísmo, hubo religiones de la Diosa, que incensaban a la mujer y le daban libertad sexual y cultural.

 

«María Magdalena cometió lo que para los primeros cristianos de Judea debió de ser un acto de osadía blasfema por parte de cualquiera, pero con más razón tratándose de una mujer que era extranjera y probablemente negra(tal como se ha apuntado con anterioridad, el racismo no lo inventó el Imperio británico). Ella ungió a Jesús. Ocurrió en Betania, en casa de un hombre conocido en la historia simplemente como Simón el Leproso (un nombre probablemente ficticio), tal como lo describe el Evangelio según San Marcos.» (Lynn Picknett, «La historia secreta de Lucifer», Editorial Planeta, Pág.104-105).

 

Y tras hablar del luciferino  Leonardo da Vinci, un genial artista y sabio esotérico del Renacimiento italiano, y de las interpretaciones contenidas en sus cuadros como La última cena,  Lynn añade:

 

«La respuesta puede ser simplemente que, para Leonardo, la situación fue literalmente así: la Magdalena y el joven san Juan participaron en ritos sexuales sagrados y secretos con Jesús, rituales de los que el resto de los discípulos quedaban excluidos y de los que quizá solo tenían una ligerísima idea. Cabe imaginar que sabían que tenían lugar actos sexuales con los dos favoritos a puerta cerrada y que, en el fondo, odiaban este hecho, pero su respecto y amor por el carismático gurú les llevaba a soportarlo, aunque sólo fuese en apariencia.» (Lynn Picknett, «La historia secreta de Lucifer», Editorial Planeta, Pág.125).

 

Por supuesto, esta descripción del comportamiento de Jesús no coincide con la versión oficial de la iglesia católica romana, pero, ¿como saber donde está la verdad? Probablemente, en su mayor parte, en la gnosis.

 

LA RIVALIDAD ENTRE JESÚS E JUAN BAUTISTA

 

Quizás lo más ofensivo para las iglesias católica y reformadas en la interpretación de la personalidad de Jesús en este libro de Lynn Picket es su caracterización como praticante de la magia egípcia y rival de Juan Bautista al que buscaría destronar e incluso matar a través de la jugada manipulatoria de la danzarina Salomé sobre el rey Herodes consiguiendo la cabeza del Bautista.

 

«Porque ahora se sabe que Jesús y Juan eran rivales, como también lo eran los respectivos miembros de sus sectas. De hecho, a pesar de la descripción bíblica de Juan como una especie de loco ermitaño del desierto que hace un breve acto de presencia para reafirmar la imagen de Jesús, sin causar problema alguno aparte de esto, su carisma personal y su movimiento fueron inmensos. Los seguidores del Bautista se propagaron más allá de Egipto, donde tenía su centro de  en el puerto de Alejandría, y llegaron hasta un lugar tan lejano como Éfeso, en Turquía. (...)»

«Según la secta de Juan que aún sobrevive, los mandeos gnósticos - de los que hablaremos más adelante - el Bautista era un hombre casado y con hijos, líder de una religión muy perseguida que contaba tanto con sacerdotes como con sacerdotisas. (...) Los libros sagrados de esta secta narran el enfrentamiento de estos dos titanes messiánicos, Juan y Jesús, a orillas del río Jordán. Aseguran que Jesús tuvo que rogar a Juan que le bautizara y que, cuando este accedió, la siniestra divinidad Ruah (similar al Espírito Santo hebreo)  lanzó una cruz negra sobre las aguas en señal de desacuerdo. Juan echa a Jesús con la siguiente abjuración: "Sea tu báculo como um palo de estiercól".  No cabe duda de que no se podían ni ver...»

(Lynn Picknett, «La historia secreta de Lucifer», Editorial Planeta, 2007, Pág.135 y 138).

 

Es cierto que los evangelios gnósticos arrojan una luz luciferina, racional, sobre las omisiones y las sombras de las narrativas de los cuatro evangelios canónicos que la iglesia seleccionó como fuente de verdad para la multitud de los cristianos.

 

EL GRIAL, ESMERALDA CAÍDA DE LA CORONA DE LÚCIFER

 

 

No es una novedad, en la literatura gnóstica, el concepto del Grial como piedra que adornaba la cabeza de Lúcifer, el más bello de los ángeles, o díos de la Luz. Lyn Picknett escribe aludiendo a Otto Rahn, el famoso investigador alemán de Montségur en el siglo XX:

«Para Rahn, el Grial era una de las varias tablas de piedra grabadas con caracteres rúnicos, aunque desarrolló la idea de que el Grial era tres cosas a la vez: un libro de conocimiento, un cáliz simbólico que contiene ese conocimiento y una piedra. Él creía que se trataba de una piedra verde, parecida a la legendaria esmeralda del maestro Hermes Trimegisto, en la cuál están grabados los mayores secretos ocultos. Rahn la consideraba una esmeralda con 144 caras (doce por doce, el número de la perfección), o 144 piedras menores inscritas en una esmeralda. Esta piedra se había desprendido de la corona de Lúcifer al caer éste a la Tierra (concretamente en Montségur).» (Lynn Picknett, «La historia secreta de Lucifer», Editorial Planeta, Pág.164).

Nos encontramos con el número 144, un número simbólico, que también se halla en el Apocalipsis de San Juan al referir como 144 000 el número de los elegidos para la salvación. Montségur es, al sur de Francia, el lugar rocoso donde se mantuvo el último gran foco de resistencia cátara, aplastado en marzo de 1244, por los cruzados de la iglesia católica feudal. El hecho de que algunos creyeron que el Grial, hipotéticamente, hubiera recogido la sangre de Jesucristo pone, en un modo discreto, la cuestión luciferina en el centro de la demanda cristiana de la caballería medieval. El Grial es emanación de Lúcifer.

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Domingo, 4 de Abril de 2010
Sobre a ressurreição carnal de Cristo descrita nos Evangelhos canónicos

A ressurreição corporal de Cristo foi, a acreditar nos evangelhos canónicos do cristianismo oficial, uma operação mágica que comportou os seus riscos. É a divinização da matéria corruptível que constitui o corpo de carne, ossos e fluidos, corpo que, supostamente, Jesus possuiria para ser igual aos homens. Por que razão o corpo de Cristo desapareceria do sepulcro após a crucifixão e morte? A matéria é subsumida no espírito? Teoricamente, isto não é impossível. Mas isso não arrasta o perigo de uma crença excessiva no milagre, que esfuma as leis precisas do determinismo biocósmico?  Claro que os milagres existem – são as excepções às leis da natureza conhecidas – mas inserem-se, provavelmente, em leis ainda desconhecidas, leis do mundo oculto.


Ao dizer, «alegremo-nos porque Cristo ressuscitou» os bispos e os sacerdotes não estão mais do que a exprimir o seu desejo de imortalidade individual, desejo comum a quase todos os homens. É-lhes indiferente que Cristo tenha ressuscitado ou não: um deus é imortal e mesmo que não conseguisse ressuscitar o seu corpo de carne continuaria deus, a brilhar nas esferas do além.


 


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