Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008
Direita e Esquerda na Teologia Gnóstica de Valentim

Na teologia gnóstica do bispo Valentim, do século II da era cristã, esquerda e direita surgem vinculadas a dois tipos de homem. Os hílicos ou homens materialistas, ateus, que não se salvam, são os da esquerda; os psíquicos ou homens da Igreja cristã oficial que poderão salvar-se mediante obras, são os da direita.

 

Achamot, a Intenção da Sabedoria Superior, expulsa do pleroma , o mundo dos eóns divinos, e depois liberta da paixão, por acção do Salvador, formou o Demiurgo ou Deus-pai, arquitecto do mundo inferior da matéria:

 

«En primer lugar, dicen, formó a partir de la sustancia psíquica al que es Dios, Padre y rey de todos, tanto de los que están consubstanciales, es decir, a los psíquicos, a los que llaman de derecha, como de los procedentes de la pasión y de la materia, a los que llaman de izquierda.» ( Irineo de Lyón, Contra las Herejías in Los gnósticos, Editorial Gredos, pags 116-117).

 

Interessante é constatarmos as funções arquetípicas de Direita e Esquerda: Direita significava os homens da Igreja, na teologia gnóstica do século II, e ainda hoje, no século XXI, a Igreja, os psíquicos, está ancorada à direita, conservadora ou liberal e centrista; Esquerda significava os homens hílicos, materialistas, os que não crêem em Deus ou deuses e ainda hoje, no século XXI, a maioria das pessoas de esquerda (comunistas, socialistas, anarquistas) são ateus, agnósticos ou panteístas, não concebem a existência de deuses salvadores, espíritos puros no reino do Além.

 

 

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Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2008
Erros na Ficha de Avaliação de Desempenho dos Professores emitida pelo Ministério da Educação

Os parâmetros da ficha de avaliação do desempenho dos professores do 2º e 3º ciclo e do ensino secundário (Anexo VII), emitida pelo Ministério da Educação Português, padecem de sobreposição de conteúdos, isto é, confusão intelectual. É um erro típico dos "pedagogistas", ou seja, daqueles que sobrevalorizam as formas ou maneiras de ensinar em relação ao conteúdo, isto é, àquilo que é ensinado.


Eis exemplos do carácter erróneo desta ficha de avaliação em torno da qual dezenas de milhar de professores são convidados a pronunciar-se nestes dias de Fevereiro de 2008 em Portugal. Vejamos o primeiro domínio de avaliação:


DOMÍNIO A: PREPARAÇÃO DA AULA


"A. Preparação e organização das actividades lectivas


A1. Correcção científico-pedagógica  e didáctica da planificação das actividades lectivas                                      Classificação                     Sub-total A


A.2. Adequação das estratégias de ensino e aprendizagem aos conteúdos programáticos, ao nível etário e às aprendizagens anteriores dos alunos.                                      Classificação                      Sub-total A


A.3. Adaptação da planificação e das estratégias de ensino e aprendizagem ao desenvolvimento das actividades lectivas    Classificação      Sub-total A


A.4. Diversidade, adequação e correcção científico-pedagógica das metodologias e recursos utilizados                                      Classificação        Sub-total A


A.5 Outro a estipular pelo Agrupamento/ Escola não agrupada".


É fácil detectar, para quem possui a visão holística dos filósofos e dos pensadores científicos, que o item A2 e o item A3  designam a mesma coisa com frases parcialmente diferentes: na verdade a adequação das estratégias de ensino aos conteúdos programáticos, ao nível etário e às aprendizagens anteriores é o mesmo que adaptar a planificação ( que inclui os conteúdos programáticos) e as estratégias de ensino ao desenvolvimento das actividades lectivas (que pressupõem a existência de alunos com certo nível etário e aprendizagens anteriores). É a mesma coisa dita por palavras diferentes. Não se justifica, pois, que seja desdobrada em dois itens separados.


É também óbvio que o item A1 e o item A4 designam exactamente o mesmo: a correcção científico-pedagógica e didáctica da planificação é o mesmo que a "diversidade, adequação e correcção científico-pedagógica das metodologias e recursos utilizados" (metodologias e recursos usados é o mesmo que didáctica...).


A alternativa que proponho a este parâmetro A é a seguinte:


A.1. Correcção da planificação científico-técnica, enquadrada nos objectivos do programa


A2 Correcção das metodologias didácticas a implementar


DOMÍNIO B: AVALIAÇÃO DA AULA


Analisemos o segundo domínio (B) desta ficha de avaliação do desempenho:


"B. Realização das actividades lectivas


B.1. Cumprimento dos objectivos, orientações e programas das disciplinas e áreas curriculares leccionadas Classificação  Sub-total A


B.2. Capacidade de comunicação e estímulo do interesse dos alunos pela aprendizagem     Classificação             Sub-total A


B.3 Utilização de recursos inovadores incluindo as tecnologias de informação e comunicação    Classificação      Sub-total A


B.4. Promoção do trabalho autónomo dos alunos e da aquisição de métodos de estudo        Classificação            Sub-total A


B.5. Outro a estipular pelo Agrupamento/ Escola não agrupada."


Neste parâmetro, faltam itens fundamentais como:


A) Clareza intelectual e vivacidade na exposição dos conteúdos programáticos explícitos, que constam das planificações e do programa, e dos conteúdos (ideias e teorias) não explícitos programaticamente que surgem, por improvisação (perguntas postas por alunos, etc) no decorrer da aula.


(A aula, se é viva, dialéctica, extravasa momentamente o programa ou os conteúdos planificados- mas não a esfera do saber - e é importante avaliar como o professor lecciona e gere esses momentos de liberdade e de temas imprevistos. Os itens B.1 e B.2 não avaliam esta capacidade científico-pedagógica nem acentuam o factor clareza intelectual que diferencia os professores entre si: na verdade um professor excepcional e um professor mediano podem ambos cumprir o item B1 e o itemB.2 e não há meio de os distinguir porque falta o parâmetro "clareza e rigor intelectual nas definições, demonstrações, integrantes do programa, e, esporadicamente, mesmo fora dele" etc. Na verdade os grandes professores são aqueles que dão o programa e momentaneamente saem dele, sempre com um rigor de exposição intelectual ou uma destreza técnico-manual insuperáveis. O professor excelente de Química sai do programa quando, após explicar na perfeição o papel dos quarks e leptons, partículas sub-atómicas, diz: «Talvez Deus exista nesse plano dos quarks e leptons ou seja um deles.» Mas essa saída do programa não deve ser penalizada mas recompensada porque o saber toca todos os pontos, como uma rosa-dos-ventos).


A alternativa que proponho a estes itens do domínio B é a seguinte:


B.1. Clareza e rigor intelectual ou destreza técnico-manual na exposição dos conteúdos programáticos planificados (ideias, teorias, métodos de acção).


B.2. Clareza e rigor intelectual ou destreza técnico-manual na exposição de conteúdos não explícitos no programa, eventualmente "fora do programa", que surgem de uma certa imprevisibilidade inerente ao curso de cada aula (questões inesperadas levantadas por alunos, improvisação criativa do professor, etc).


B.3. Promoção do espírito crítico dos alunos, da criatividade destes traduzida em intervenções orais, na heurística de métodos e atitudes, na realização de diversos trabalhos autónomos a fazer na aula.


B.4. Utilização de recursos inovadores, incluindo as tecnologias de informação e comunicação (não obrigatório para todas as disciplinas: Filosofia, Português, Psicologia não necessitam de retroprojector, computador com powerpoint, etc, para serem bem leccionadas) .


B.5. Capacidade de manter a turma a funcionar harmoniosamente, sem perturbação da aula, com as atenções centralizadas num só discurso fluente (o do professor, o de um video ou o de um aluno que lê ou expõe) ou com as atenções dispersas no seio de múltiplos pequenos grupos de trabalho aos quais foram atribuídas tarefas intelectuais ou manuais.


DOMÍNIO C: RELAÇÃO PEDAGÓGICA COM OS ALUNOS DENTRO E FORA DA AULA


Outro ponto da ficha de avaliação do desempenho, gizada pelo Ministério, é o seguinte:


"C. Relação pedagógica com os alunos


C.1. Promoção de um clima favorável à aprendizagem, ao bem-estar e ao desenvolvimento afectivo, emocional e social dos alunos      Classificação                      Sub-total C


C.2. Concessão de iguais oportunidades de participação, promoção da integração dos alunos e da adopção de regras de convivência, colaboração e respeito.    Classificação              Sub-total C


C.3. Disponibilidade para o atendimento e apoio aos alunos  Classificação                             Sub-total C


C.4. Equilíbrio no exercício da autoridade e adequação das acções desenvolvidas para a manutenção da disciplina na sala de aula. Classificação                             Sub-total C


C.5. Outro a estipular pelo Agrupamento/ Escola não agrupado."


O item C.1. é de carácter genérico e não pode, verdadeiramente, ser posto no mesmo plano que os outros porque os engloba. Na verdade, todos estes itens são dispensáveis como unidades separadas e redutíveis ao primeiro, explicitado da seguinte maneira:


C.1. Promoção de um clima favorável à aprendizagem, ao bem-estar e ao desenvolvimento afectivo, emocional e social dos alunos, através de um tratamento equitativo dado a todos, de um atendimento e apoio personalizado a cada um, do estabelecimento e manutenção de regras de boa convivência, e do exercício equilibrado da autoridade de modo a impedir que alguns oprimam os outros ou prejudiquem o seu bem-estar e a aprendizagem, dentro e fora da sala de aula.


DOMÍNIO D: AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS DOS ALUNOS


Continua assim a ficha de avaliação do desempenho (Anexo VII):


"D. Avaliação das aprendizagens dos alunos


D.1. Regularidade, adequação e rigor da avaliação diagnóstica, formativa e sumativa, incluindo a sua apresentação em tempo útil aos alunos.        Classificação                    Sub-total D


D.2. Utilização dos resultados da avaliação dos alunos na preparação, organização e realização das actividades lectivas         Classificação                                     Sub-total D


D.3. Observância na avaliação dos alunos dos critérios indicados pela administração educativa ou aprovados pelos orgãos competentes do Agrupamento/ Escola       Classificação               Sub-total D


D.4. Promoção da auto-avaliação dos alunos.     Classificação    Sub-total D


D.5. Outro a estipular pelo Agrupamento/ Escola não agrupada."


O item D.3 (observância de critérios indicados pelos orgãos escolares e ministeriais) está automaticamente implícito no item D.1. Não se compreende, portanto, como possa ser formulado àparte. O item D.2. (utilização dos resultados da avaliação dos alunos para preparar e melhorar as aulas futuras) está igualmente incluído no item D.1. onde o termo "adequação" contempla exactamente essa reformulação do modo de dar as aulas e de avaliar dos alunos em função dos resultados obtidos por estes nos testes anteriores.


Assim, proponho em vez destes 4 itens os seguintes dois:


D.1. Regularidade, adequação e rigor da avaliação diagnóstica, formativa e sumativa das aprendizagens, incluindo a sua apresentação em tempo útil aos alunos, a observância das recomendações gerais de avaliação estipuladas pelos orgãos escolares e pelo Ministério, e alguma modificação, sempre que necessário, da planificação, conteúdo e ritmo das aulas em função dos resultados das anteriores avaliações.


D.2. Promoção da auto-avaliação dos alunos.


A HIPER-ANÁLISE, OU INCORRECTA HIERARQUIZAÇÃO DE IDEIAS POR EXCESSO DE DISCRIMINAÇÃO, DOMINA O MINISTÉRIO


O grande defeito da maioria das pessoas consideradas intelectuais, ou seja, o traço dominante dos intelectuais de segunda categoria que dominam em Portugal como em todos os países do mundo, é a hiper-análise, isto é, a incorrecta hierarquização de ideias por excesso de discriminação das características, misturando o superior e o inferior, sem realizar as sínteses indispensáveis. As universidades e os ministérios e os mass-media estão cheios de "pensadores" hiper-analíticos, que vêem a árvore e não vêem a floresta. Esta ficha de avaliação é um exemplo de hiper-análise ou análise defeituosa.


Quem elaborou os parâmetros da ficha de avaliação do M.E. semeou a confusão. Desdobrou o que não pode ser desdobrado e omitiu aspectos fundamentais...poderá considerar-se um intelectual, um especialista em avaliação?  Como se concebe que os senhores secretários de Estado e a senhora ministra, que seguramente terão lido esta grelha de parâmetros, confusa, errónea e deficiente, a emitam oficialmente para as escolas e façam tantos milhares de professores perder horas e dias, a mergulhar em erros de raciocínio, com prejuízo para a boa preparação das aulas, a correcção dos testes escritos e o clima emocionalmente saudável nas escolas?


Impõe-se uma consideração político-pedagógica principial: a avaliação de professores não é necessária para nada nestes moldes e deve ser rejeitada- os professores já fizeram cursos na universidade que os habilitam para ensinar e, se houver algum professor que seja negligente a ponto de nada ensinar, não dar testes aos alunos não os corrigir e não os devolver ou faltar sistematicamente às aulas sem motivo sério, cabe à comissão executiva de cada escola e à inspecção-geral de ensino avaliá-lo e sancioná-lo!


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Sábado, 2 de Fevereiro de 2008
O equívoco da distinção entre utilitarismo dos actos e utilitarismo das regras (Confused Views of Nigel Warburton)

Nigel Warburton escreveu sobre o utilitarismo ou doutrina da extensão da felicidade ao maior número possível de pessoas com  resultados práticos, mesmo à custa de ignorar ou prejudicar uma minoria ou o próprio agente da ação:

 

«Alguns filósofos sugeriram outra versão modificada da teoria, conhecida como utilitarismo das regras, como uma forma de contornar a objecção que o utilitarismo normal (também conhecido como utilitarismo dos actos) tem muitas consequências desagradáveis. Esta teoria procura combinar os melhores aspectos do utilitarismo dos actos com os melhores aspectos das éticas deontológicas. Por exemplo, uma vez que, em geral, castigar pessoas inocentes produz mais infelicidade do que felicidade, os utilitaristas das regras adoptariam a regra "nunca castigues os inocentes", apesar de poderem existir casos particulares nos quais o castigo de inocentes produziria mais felicidade do que infelicidade - tal como quando actua como um factor de forte dissuassão contra o crime violento.»

«Os utilitaristas das regras, em vez de avaliarem separadamente as consequências de cada acção, adoptam regras gerais àcerca dos géneros de acções que geralmente produzem maior felicidade para o maior número de pessoas.» (Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia, Gradiva, pag. 92).

 

De um modo geral, os filósofos ingleses e norte-americanos são mais assistemáticos do que os filósofos alemães, franceses e da Europa continental em geral. Isso condu-los a cortes epistemológicos, por vezes geniais - por exemplo, David Hume ao colocar em causa a persistência da conexão causa-efeito ou do "eu substância" - mas fá-los cair frequentemente em divisões artificiais (hiper-análise). Esta divisão entre "dois" utilitarismos é um equívoco.

 

John Stuart Mill era, presumivelmente, mais inteligente do que Nigel Warburton, Simon Blackburn, John Searle e esta pleiade de catedráticos ingleses e norte-americanos em voga no século XXI: não caiu no erro de dividir o utilitarismo em "das regras" e dos "actos".

Mill, supondo-se autor de uma moral nominalista, sem leis gerais determinadas, a não ser o princípio da felicidade para o maior número, referiu duas correntes éticas que designou por moral indutiva e por moral intuitiva, extrínsecas ao utilitarismo, correntes  que os seus «herdeiros» revisionistas designam por "utilitarismo das regras":

 

«A escola de ética intuitiva, não menos do que a escola a que pode chamar-se indutiva, insiste na necessidade de leis gerais. Ambos concordam que a moralidade de uma acção particular não é uma questão de percepção directa, mas da aplicação de uma lei a um caso particular. Aceitam também, em grande parte, as mesmas leis morais; mas diferem quanto às provas, e à fonte da qual derivam a sua autoridade. Segundo uma das opiniões, os princípios da moral são evidentes a priori, nada requerendo para exigir assentimento, excepto que o significado dos termos seja compreendido. Segundo a outra doutrina, o correcto e o incorrecto, bem como a verdade e a falsidade, são questões de observação e de experiência. Mas ambas defendem de igual modo que a moralidade tem de ser deduzida de princípios; e a escola intuitiva afirma com tanta veemência como a indutiva a existência de uma ciência da moral. »

(John Stuart Mill,Utilitarismo, Gradiva, Lisboa, 2005, pags. 45; o negrito é nosso).

 

O utilitarismo "das regras" não é mais do que um  utilitarismo "dos actos". Senão, vejamos. Os hiper-analíticos ou pensadores fragmentários (Nigel Warburton e todos os que perfilham esta distinção)  aceitariam os seguintes exemplos:

 

«Utilitarista dos actos - Um homem que pretende ter relações sexuais, consentidas, a todo o custo, com uma mulher e que, não olha a meios, não usando preservativo, e fazendo-o num jardim público sem ligar ao incómodo que causam em transeuntes. "Não tem regras" embora o acto agrade a ambos os participantes.

Utilitarista das regras - Um homem que pretende ter relações sexuais com uma mulher mas que estabelece regras prévias condicionantes desse fim: usar preservativo, obter a total anuência da mulher pela sedução sem coacção. E ambos obtêm satisfação.»

 

Se meditarmos, descobrimos que o utilitarista das regras deste exemplo é apenas um utilitarista de actos múltiplos. De facto, pretende atingir, em simultâneo, vários objectivos ou resultados:  

1) Fazer amor com a mulher X;

2) Fazer amor de forma protegida contra doenças ou procriação indesejada, isto é, usando preservativo;

3) Proporcionar à mulher um prazer espontâneo, fruto da sedução mútua, sem coacção.

 

O que se chama regra não é senão a realização simultânea de diferentes actos ou de um acto com resultados múltiplos. Na verdade, o impetuoso apaixonado que quer, a qualquer preço, nem que seja num relvado público e sem preservativo, possuir uma mulher (classificado como utilitarista dos actos) também segue uma regra: a da expansão incontrolada do seu instinto.

Poder-se-ia dizer , portanto, que o utilitarismo "dos actos" inclui as regras, formuladas ad hoc ou previamente meditadas, não havendo, por isso, razões para a destrinça entre duas modalidades de utilitarismo.

 

Distinguir entre utilitarismo das regras e utilitarismo dos actos é tão absurdo como se dividíssemos o marxismo em "marxismo das regras" e "marxismo dos actos" ou o cristianismo em "cristianismo das regras" e "cristianismo dos actos". O marxismo é um só: inclui regras e actos num só momento; o cristianismo é um só, funde as regras teoréticas e a acção sensível numa só coisa, num só momento, o da acção.

Por analogia, o utilitarismo das "regras" e dos "actos" são um e o mesmo utilitarismo: a regra formula-se e dissolve-se no acto onde o resultado é o que importa.

 

 

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