Domingo, 28 de Outubro de 2007
Liberdade versus Determinismo ou versus Fatalismo?

Muitos manuais de filosofia opõem, como título de capítulo, a liberdade ao determinismo. Não se apercebem de que essa não é a contrariedade principal nesta matéria:  a liberdade da vontade não é um contrário absoluto, excludente - os espanhóis dizem: excluyente - do determinismo, isto é, do sistema de leis necessárias no qual, nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos.

 

O contrário absoluto da liberdade em geral, seja esta vontade livre ou seja esta caos e imprevisibilidade nos fenómenos naturais biocósmicos, é o fatalismo.

 

O determismo é apenas o contrário absoluto do indeterminismo biocósmico - exemplo: ou as sementes se transformam em plantas de caules, folhas e frutos ou não - mas é um contrário relativo - coexistente - do livre-arbítrio.

 

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Quinta-feira, 25 de Outubro de 2007
Argumentos sólidos? Ou indutivamente válidos?

A mudança de conceitos de alguns autores na área da lógica exige rectificações terminológicas. Depois da fase da dicotomia argumentos válidos/ argumentos sólidos, - dicotomia em si mesmo confusa porque um argumento sólido é sempre válido, ou no plano indutivo ou no plano dedutivo ou em ambos - alguns (re) introduziram a dicotomia argumentos dedutivamente válidos/ indutivamente válidos.

 

Estamos de acordo com esta última distinção. Assim a noção de argumento sólido (exemplo: «O ácido salicílico da aspirina elimina dores de cabeça, já que milhares de observações práticas o comprovaram»)  engloba a noção de argumento indutivamente válido. E também engloba a noção de argumento dedutivamente válido como, por exemplo:«Os chimpazés têm um intestino com 6-8 metros de comprimento, Chita é um chimpanzé, logo Chita tem um intestino com um comprimento de entre 6 a 8 metros.»  

 

E importa fazer uma correcção: os argumentos indutivos válidos não são apenas os que são baseados na plausibilidade; alguns, que são induções completas sem salto no desconhecido, - como por exemplo: «A Torre de Belém está próxima do Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa» -não são meramente plausíveis, são tão infalíveis como os argumentos dedutivamente válidos.


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Terça-feira, 23 de Outubro de 2007
Erros teóricos no «Filosofia-10º ano» de Luís Rodrigues (Crítica de Manuais Escolares-XXIV)

O Manual português «Filosofia-10º ano», de Luís Rodrigues, apresenta diversas incorrecções teóricas que vamos explicitar. É óbvio que se pode leccionar apoiado nos seus textos, desde que se saiba mostrar as suas insuficiências, os seus paralogismos.



RELATIVISMO NÃO É «HÁ MUITAS INTERPRETAÇÕES SOBRE O MESMO TEMA, TODAS VALEM O MESMO»



«Segundo o RMC (Relativismo Moral Cultural) , cada cultura vê a realidade com óculos de diferentes cores e nenhuma tem o direito de dizer que a sua visão é a única apropriada. Quando se trata de práticas morais de outras sociedades, devemos tentar os óculos que os membros dessas culturas usam.» (Luís Rodrigues, Filosofia 10º ano, volume I, consultor Luís Gottschalk, Plátano Editora).



Esta definição de relativismo é incorrecta: relativismo é reconhecimento da pluralidade e mutabilidade de valores, mas não implica a sua igualização. A igreja católica romana, hoje, é relativista:  sustenta que há muitas vias de se chegar a Deus (protestantismo, islamismo, budismo, hinduísmo, taoísmo, animismo, etc) - isto é o relativismo - mas considera que a preferível, a melhor, é a visão e o ritual católico (a contemplação da paixão de Cristo, a mensagem dos Evangelhos, a missa e outros sacramentos) - isto é dogmatismo diferenciador, adicionado ao relativismo.


Também a teoria de Nietschze é um relativismo diferenciador: este pensador alemão sustenta que a moral varia de classe a classe social, existe a moral dos aristocratas (divertir-se, fazer a guerra e esmagar o povo, sem reconhecer os «direitos humanos universais») e a moral da plebe ( revoltar-se contra os senhores, instaurar a democracia, o socialismo ou o anarquismo). Nietschze reconhece o eterno retorno entre estas duas morais - ora predomina uma, ora predomina a outra- mas de nenhum modo as iguala em valor axiológico: a «verdadeira», para ele, é a moral dos aristocratas greco-romanos antigos, a «falsa» , para ele, é a dos liberais burgueses do século XIX, a dos cristãos em geral e a do budismo com a filosofia da compaixão universal, a dos socialistas, anarquistas e comunistas. O relativismo de Nietsche não é atravessado por esse sopro de dúvida universal (cepticismo absoluto) que anula toda a certeza no plano ético. Dir-se-á que se trata de uma moral absolutista, que exclui todo o relativismo porque o «bem» é sempre o mesmo, a vontade de poder dos aristocratas, semi-deuses que fazem a sua lei. É verdade. Mas como Nietzshze inverte gnosiologicamente os valores a sua história da moral é relativista e a sua posição moral é absolutista, aristocrática e antiliberal.



duas vias de relativismo moral: o dogmático («Há muitas interpretações sobre o bem e o mal, mas uma ou algumas são preferíveis às outras) e o céptico («Há muitas interpretações sobre o bem e o mal, é impossível hierarquizá-las, valem todas o mesmo»). Luís Rodrigues, tal como Simon Blackburn e tantos outros, só consegue conceber o relativismo céptico ou adicionado de cepticismo.



O SUBJECTIVISMO ÉTICO NÃO É AUTO-REFUTANTE



«O subjectivismo moral nega que haja verdades objectivas e absolutas em ética. Nenhum princípio ético é verdadeiro para todas as pessoas e em todos os lugares. Contudo, os subjectivistas pensam que a sua teoria é a verdade que vale para todas as pessoas em todos os tempos e em todos os lugares. Transformam uma posição relativista em verdade absoluta, o que é contraditório.» (Luís Rodrigues, ibid, pag 140)



Luís Rodrigues deforma o conteúdo do subjectivismo. A fim de atacar esta corrente, transforma-a numa espécie de objectivismo de múltiplas facetas, tantas quantas as pessoas que pensam e sentem e atribui a cada uma o mesmo valor. É um erro crasso afirmar que «os subjectivistas pensam que a sua teoria é a verdade que vale para todas as pessoas em todos os tempos e em todos os lugares».



De facto, as coisas não se passam assim: cada subjectivista não pensa que o subjectivismo dos outros é tão verdadeiro como o seu, como sugere Luís Rodrigues. Por definição, no subjectivismo a verdade é íntima a cada um e não é comunicável a outros, universalizável. Exemplo: um subjectivista julga que Deus se lhe manifesta através do número de nuvens e da forma destas que, em cada manhã, vê no céu, mas não tem a pretensão que outros o acompanhem nesta crença nem dá igual valor às crenças dos outros. Logo, o subjectivismo ético não se auto-refuta. Não se contradiz pelo facto de admitir que cada um tem uma interpretação singular da sua «verdade» (perspectivismo), uma vez que só é verdadeiro, com segurança, aquilo que eu penso e sinto. É, de facto, irrefutável.



O subjectivismo admite, de um modo geral,  a coexistência de múltiplas verdades que se contradizem entre si, ainda que, a maioria dos subjectivistas sustente que «a minha verdade é a mais acertada ou a que mais me convém». No pormenor, no juízo aplicado a cada caso, somos todos subjectivistas éticos. E há uma modalidade dentro do subjectivismo, não solipsista, que sustenta que a verdade reside somente na minha subjectividade, estando todas as outras mergulhadas no erro. Em que é que isto é auto-refutante? Existem, aliás, quatro formas de subjectivismo - descoberta minha, não do Joahnes Hessen nem do James Rachels, nem do Peter Singer nem do Simon Blackburn nem do Martin Heidegger - que não vou aqui, neste artigo, explanar. A realidade gnosiológica é uma floresta bem mais rica e luxuriante do que parece à primeira vista...



Repare-se nesta equívoca definição:



«Segundo o subjectivismo moral, os juízos morais são verdadeiros se forem objecto de aprovação individual.» (Luís Rodrigues, ibid, pag 158).



Eis uma definição simplista, parcialmente errónea. Há subjectivistas probabilistas, pragmáticos, que formulam e aprovam juízos morais dos quais duvidam e que, por isso, não são juízos verdadeiros mas envoltos em névoa, provavelmente verdadeiros, como por exemplo o seguinte caso: «Não tenho certezas no plano moral, cada um tem a sua verdade, dou esmola a um pobre uma vez por dia porque talvez isso me purifique e traga boa sorte, mas não sei se este juízo moral favorável à esmola corresponde a algo de verdadeiro». O juízo moral não se torna conteudalmente verdadeiro só pelo facto de ser adoptado por uma consciência individual.



 



A FILOSOFIA É, EM PARTE, DE NATUREZA EMPÍRICA, E POSSUI MÉTODOS FORMAIS PARA RESOLVER PROBLEMAS



Luís Rodrigues não consegue definir com clareza a natureza dos problemas filosóficos, pois não concebe sequer que estes possuem uma componente empírica.



«Os problemas filosóficos têm duas características importantes:



«1- São relativos às nossas crenças básicas ou fundamentais;



«2- São problemas que não podem ser resolvidos pelos métodos das ciências.» (Luís Rodrigues, «Filosofia-10º ano», 1º volume, pag 12)



Nisto imita Desidério Murcho, esse expoente da hiper-análise, a quem cita no manual:



«Ao contrário da física e da biologia, a filosofia não tem um carácter empírico; é um estudo conceptual. Neste aspecto, a filosofia é mais parecida com a matemática, que também não é uma disciplina empírica. Mas a filosofia distingue-se da matemática por várias razões. Em primeiro lugar, não dispõe de métodos formais de demonstração, como a matemática...Em filosofia, pelo contrário, não há métodos formais para resolver problemas» ( Desidério Murcho, A Natureza da Filosofia e o seu Ensino, Plátano Editora, Lisboa, 2002, pag, 57 citado in «Filosofia-10º ano», volume 1, de Luís Rodrigues, pag. 27-28).



É fácil refutar a nebulosa de confusões de Rodrigues e Desidério:



1) Os métodos das ciências resolveram e resolvem numerosos problemas filosóficos, ainda que fique sempre um resíduo filosófico, inefável, para lá da experiência e da teoria científica. Exemplo: a utilização do telescópio por Galileu e astrónomos posteriores resolveu, refutando-a, a filosofia astronómica de Aristóteles que sustentava haver 54 esferas celestes que giravam em automovimento impulsionadas por planetas e estrelas desejosos de chegar até Deus, o pensamento puro. E tantos outros problemas filosóficos a ciência resolveu, fazendo, embora, nascer outros!



2) A filosofia possui métodos formais para resolver problemas: a lógica de predicados, a lógica proposicional, a lógica dialéctica. Na verdade, quando se diz «Segundo a dialéctica, um divide-se em dois, isto é, em cada fenómeno ou ente há uma luta de dois contrários»  e aplicamos isso à ideia de conceito, que estamos a fazer senão a resolver um problema (o que é um conceito?) através de um método formal? Descobrimos que conceito, em regra, é o um divisível em dois: a parte empírica e a parte formal-abstracta.



3) A filosofia é empírica e meta-empírica. Exemplo: a filosofia de Kant possui uma vertente empírica na medida em que postula a existência aparente do mundo dos fenómenos (céu, casas, corpos de homens e animais, etc) e uma vertente  meta empírica ou metafísica ao sustentar a subsistência das formas a priori da sensibilidade e do entendimento e do mundo dos númenos (objectos incognoscíveis imateriais).



Na terminologia hegeliana, tanto Luís Rodrigues como Desidério Murcho pensam com o entendimento - o pensamento fragmentário e unilateral, que isola o que não pode ser isolado - e não com a razão - o pensamento holístico, que capta a totalidade das determinações.



O LIBERTISMO NÃO EXCLUI, EM REGRA, O DETERMINISMO



Diz ainda o referido manual:



«O libertismo é uma resposta incompatibilista ao problema ao problema do livre-arbítrio. Segundo os libertistas, o determinismo é falso (o que significa que algumas acções são livres, não são causalmente determinadas) e o indeterminismo também. Isto significa que nem todas as acções são o desfecho necessário de causas anteriores (negação do determismo) ou o resultado do acaso. O que há de comum entre acções causalmente determinadas e acções aleatórias, resultantes do acaso? Em ambos os casos, as acções não dependem da nossa vontade.» ( Luís Rodrigues, ibid, pag 98; o negrito é nosso).



Há aqui a nuvem de uma extraordinária confusão de conceitos. Em primeiro lugar, há  uma violação do princípio do terceiro excluído: o determinismo e o indeterminismo não podem ser falsos em simultâneo, mas Luís Rodrigues afirma que podem.



Os libertistas, isto é, adeptos do livre-arbítrio, não negam, necessariamente, o determinismo, ao contrário do que afirma Luís Rodrigues: os que, entre eles, são compatibilistas, reconhecem que há uma esfera de liberdade que confina com a esfera do determinismo. São, portanto, indeterministas no campo da vontade humana - esta é criadora de acções segundo a sua livre improvisação - e podem ser deterministas ou indeterministas no que se refere às leis biocósmicas. Compatibilismo não é extrínseco a libertismo: todos os compatibilistas - que sustentam haver livre-arbítrio e leis necessárias, não livres - são libertistas, ainda que haja libertistas não compatibilistas. 


A noção de libertismo perfilhada por Luis Rodrigues, Desidério Murcho, Simon Blackburn e outros é confusa, errónea. Se falam em determinismo duro ou radical e em determinismo moderado, deveriam falar, simetricamente, em libertismo duro ou radical ( que é o que designam por libertismo: liberdade da vontade e liberdade nos fenómenos da natureza) e em libertismo moderado (que é o que designam por compatibilismo: liberdade da vontade humana e não liberdade nos fenómenos naturais).



Esta visão clara falta, em absoluto, a Luis Rodrigues e a Luís Gottschalk, como aliás falta a Simon Blackburn, a Rachels e a tantos renomados teóricos da ética. O panorama dos famosos, na área da filosofia, é , em larga medida, uma fraude. Mantida por editores sem critério profundo e por um público bastante pouco lúcido, filosoficamente falando.



Nota: Na 5ª feira, 25  de Outubro de 2007, das 18.15 às 19.15 horas, haverá palestra sobre o Método Dialéctico, com leitura e comentário (debate) de excertos de textos de Hegel, Lenine e outros no anfiteatro da Escola Secundária Diogo de Gouveia, em Beja, organizado pelo grupo de professores de filosofia dessa escola. A entrada é livre.






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Domingo, 14 de Outubro de 2007
El ser, uno y excluyente, y la esencia, contradicción, en Hegel

Hegel concibió el ser como unidad indivisible y vacía y la esencia como dualidad, multiplicidad. Hablando de la oposición relativa entre cantidad y la calidad, Hegel escribió:


«Pero la cualidad es en sí la cantidad y recíprocamente. Por consiguiente, estas dos determinaciones, pasando en el procesus de la medida de una a otra, cada una de ellas no deviene sino lo que es ya en sí y tenemos ahora al ser negado en sus determinaciones, el ser suprimido, el cuál es esencia.» (...)


«Cuando en la esfera del ser, alguna cosa pasa a otro, desaparece. No ocurre lo mismo en la esencia. Aquí no tenemos otro verdadero, sino solamente la diferencia,  la relación de lo uno con el otro. Por consiguiente, la transición de la esencia no lo es; porque en la transición de las diferencias de lo uno en lo otro, las diferencias no desaparecen, sino que subsisten en su relación»


(George Hegel, Lógica I, Ediciones Folio, pag 190-191; el bold es puesto por nosotros).


El ser no contiene contradicción en si mismo, si concebido en modo abstracto. Lo mismo no sucede con la esencia, la cuál es el ser negado, reside en la división tesis / antitesis.


Al parecer, la oposición ser / no ser traduce el principio del tercio excluso. Pero la oposición en la esencia es de otro tipo, más concreta: se estriba en el princípio de la no contradicción. Supone la coexistencia de los contrarios, aunque no en el mismo momento y aspecto del fenómeno o ente concreto.


Hegel fue un gran, muy gran pensador. Más grande que Heidegger y la generalidad de los contemporaneos de hoy.


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Domingo, 7 de Outubro de 2007
Pragmatismo implica Democratismo ? (Crítica a um blog)
 

Perspectivismo e pragmatismo são noções que permanecem envoltas no nevoeiro da confusão para vários autores. Eis um exemplo:

 

«Perspectivismo é a doutrina, digamos, epistemológica de Nietzsche. Mas é uma doutrina epistemológica com ressalvas. Diz respeito à idéia de que o conhecimento não está sujeito ao que chamaríamos de verdade como correspondência, uma vez que a verdade é uma noção mais moral e sócio-linguística do que epistemológica. Uma tal doutrina pode ser vista, também, como parte de uma cosmologia. Afinal, as perspectivas não são, em Nietzsche, perspectivas do homem, mas da "vontade de potência". Se tomarmos a "vontade de potência" como um elemento cosmológico e não metafísico, o que a meu ver faz mais sentido, então o perspectivismo é inerente à diversidade de forças no cosmos.

Uma tal doutrina é, em certa medida, a doutrina do contextualismo, holismo ou relacionalismo dos pragmatistas. Os pragmatistas eram e são pluralistas não só porque são democratas, mas também porque olham para o universo e enchergam nele diversidade na unidade natural.

A idéia básica, que o pragmatismo desenvolve a partir do perspectivismo, é a de crítica à metafísica. » (in www.professorvirtual.blogspot.com;  o negrito é nosso)

 

Não é verdade que no perspectivismo «o conhecimento não está sujeito ao que chamaríamos verdade como correspondência». Está e não está.

 

Exemplo de perspectivismo: os comunistas olham para a situação de um conjunto de fábricas como lugares de exploração de milhares de trabalhadores , ao passo que os capitalistas perspectivam essas mesmas fábricas como lugares de criação de riqueza, dinamização da economia, em particular da sua conta bancária. Ora estas duas perspectivas não estão isentas da «lei» da verdade como correspondência . A correspondência está lá, entre a mente do sujeito, e um determinado sector da realidade «exterior». Sucede que se trata de sectores diferentes da mesma realidade (operários por um lado; lucros do dono da fábrica e brilho da maquinaria por outro).

 

Não é também verdade que segundo Nietzchze «as perspectivas não são do homem mas da vontade de poder». É uma visão anti dialéctica: os homens não são senão diferentes incarnações da vontade de poder, não podem ser separados desta.

 

É igualmente erróneo dizer que «os pragmatistas são pluralistas porque são democratas». Há fascistas pragmatistas ou pragmáticos, há monárquicos absolutistas pragmáticos, há estalinistas pragmáticos. O que os une é o sentido utilitário e verificável da verdade: o pragmático estuda as soluções em função não de princípios metafísicos, mas de resultados práticos. Atribuir democratismo, como característica essencial, ao pragmatismo é, deveras, flutuar nos vapores da confusão conceptual.

 


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Terça-feira, 2 de Outubro de 2007
The Russell 's Misunderstanding of Kant ´s gnosiology
 

Bertrand Russell did not understand the essential of Kant´ s ontognosiology. It is amazing that partial frauds as the interpretation of kantism by Russell can survive within the universities – including Cambridge and Oxford – during decades or centuries and in books universally diffused, in the absence of a rational critic to destroy those erroneous views.


 «There is here, as throughout Kant ´s theory of the subjectivity of space and time, a difficulty which he seems to have never felt. What induces me to arrange objects of perception as I do rather than otherwise? Why, for instance, do I always see people´ s eyes above their mouths and not bellow them? According to Kant, the eyes and the mouth exist as things in themselves, and cause my separate percepts, but nothing in them corresponds to the spatial arrangement that exists in my perception.» (Russell, History of Western Philosophy, Routledge, page 648; the bold is put by us).


 Russell interprets Kant as if this one was a radical critical realist – that postulates that there is a material world invisible for me, the world I percept is an illusion representative of the unknown reality- and not an idealist as Kant, in fact, was. Kant never wrote that objects of perception, as mouth eyes or trees or horses, exist in themselves: he sustained exactly the contrary, the mouth exist in us , -in our exterior mind -, as phemonenons.


 So, according to Russell:


1)      Kant would sustain that we can ´t know the real mouth and the real trees, they are «noumena», unknowable. We only know the sensations, which do not correspond to the noumenical objects but distort these ones.


 Our Critic to Russell is the following: a tree, a mouth, an human body, the Earth or the sky cannot be a noumena because they have space and time incorporated in them and noumenon are real things outside of space and time. Objects of experience (tables, animals, houses, etc) cannot be noumena, nor even his essence. Russell was so tied to empiricism oriented to a realistic ontology that was unable to “empty” the exterior reality from material objects with determinate forms. But noumenon have not any form and are not composed by matter. Russell did not realize, as almost all cathedratic teachers, that the kantism supposes two levels of human mind, the interior – where is sensation, time, perception – and the exterior mind – where is the visible world, space, the whole of phenomenon, trees, sky, rivers, animals, etc.


 According to Kant:


1)      We can know the mouth, (the apparently real mouth because there is not another beyond that) and the trees, apparently real trees, real in the measure that they are created by our mind which is inside and outside our body. Certainly, the reality – noumena - is behind the phenomenons, that is to say, behind the houses, physical persons, sea, streets, sun, clouds, sky, stars, etc. But there is not a noumenical tree, nor a noumenical mouth (as Russell supposed).


 Let´s  see how Kant distinguishes two levels of externality of the objects – the real externality of the noumenon and the pseudo externality of the phenomenon, only extern concerning the subject´ s body – distinction that Bertrand Russell, Simon Blackburn and thousand other cathedratic were unable to realize due to their misunderstanding of Kantism:


 «Because, meanwhile, the expression outside of us brings in itself an unavoidable equivoques, meaning whether something that exists as a thing in itself, distinct from us, or something that simply belongs to the external phenomenon, to put out of uncertainty this concept taken in this last sense, that is the one in which is considered the psychological question concerning the reality of our external intuition, we distinguish the objects empirically external from those which could be called that way, naming them things which are in the space.» (Kant, The Critique of Pure Reason, Critique of Fourth Paralogism of  Transcendental Psychology, page 352 of Portuguese Edition, Calouste Gulbenkian Foundation).


 So all phenomenon (mouths, trees, landscapes) are inside our enormous soul, containing the physical universe inside, and not outside it as Russell supposed.


Russell supposed wrongly that the theory of Kant sustains the existence of two spaces:


«Let us know try to consider the questions raised by Kant as regards space in a more general way.(…) Similarly there must be a correlation between space as an ingredient in percepts and space as an ingredient in the system of unperceived causes of percepts. »


(Russell, History of Western Philosophy, pag 649-650).


 There is the error! Kant never postulates two spaces but only one inside of our representation, but Russell adulterates Kant ´s thought.


 «Simply the own space, with all his phenomenon as representations, only exist in me; but, on that space, however, is given the real or the matter of all objects of intuitions, truly and independently from all fiction; and it is impossible too that, in that space, be given anything external to us (on transcendental sense) because the own space is nothing outside of our sensibility.» (Kant, The Critique of Pure Reason, Critique of Fourth Paralogism of  Transcendental Psychology, page 352 of Portuguese Edition, Calouste Gulbenkian Foundation pag 354; the bold is put by us).


Even the role carried on by forms in the Theory of Sensibility of Kant was not correctly conceived by Russell:


«What appears to us in perception, which we call a phenomenon, consists of two parts: that due to the object, which we call the sensation, and that due to our subjective apparatus, which, he says, causes the manifold to be ordered in certain relations. This latter part he calls the form of the phenomenon. This part is no itiself sensation, and therefore no dependent upon the accident of environment; it is alaways the same, since we carry it about with us, and it is a priori in the sense that it is not dependent upon experience. » (Russell, ibid, pag 646).


How can Russell separate the sensation from the manifold?  The chaos of sensations produced indirectly by noumena inside the sensibility is manifold. The forms are also manifold and, quite the contrary Russell said, are not always the same, but vary: certainly, primitive forms as triangles, circles, squares, etc, are a priori and do not change but the forms of trees, apples, montains, sea waves, human bodies are a posteriori, depend under experience, and change.


Note: How is it possible that us, an obscure teacher of Philosophy at a Secondary School in Portugal, a simple licentiate– with a clear reasoning, at the moment.. – may know and interpret Kant´ s theory better than a famous philosopher as Bertrand Russell and their epigonous as Simon Blackburn and many others? The reason is that Philosophical ability does not depend on occupying cathedras, publishing noted books or intervening in television and great newspapers, magazines or imparting conferences. These are all external facts concerning the philosophical quality of each person…


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