Terça-feira, 11 de Maio de 2021
Teste de filosofia 11º ano (Maio de 2021)

 

Eis um teste de filosofia isento de perguntas de escolha múltipla. Assim se obriga os alunos a desenvolver conceitos e teses e relacioná-los.

 

Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja

TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA C

7 de Maio de 2021.

Professor: Francisco Queiroz

I

“.O fenómeno religioso comporta o misterium, o fascinans, o tremendum e o ganz andere. Em Platão, há seis degraus na dialética do Belo. Para Kant, existe o Belo e o Sublime e neste último há três modalidades. O princípio da correspondência microcosmos-macrocosmos estava presente na construção da catedral medieval e na orgia da primavera a favor de boas colheitas de certos indígenas australianos. Este princípio exige conceber o umbigo do mundo e o eixo do mundo na cosmisação do espaço que se torna heterogéneo.”

 

1)Explique, concretamente este texto.

 

2) Relacione, justificando:

A) Hierofania, panteísmo e teísmo

B) Os três níveis de um Programa de Investigação Científica segundo Lakatos e o argumento da contingência e da necessidade de São Tomás para demonstrar Deus.

C) O argumento ontológico de Santo Anselmo e o argumento dos graus de perfeição de São Tomás e o estádio religioso em Kierkegaard

D) A arte como transfiguração do real e Apolo e Diónisos em Nietzsche.

 

CORREÇÃO DO TESTE COM COTAÇÃO MÁXIMA DE 20 VALORES

 

1) O fenómeno religioso comporta o misterium, isto é o mistério, o fascinans, isto é o encantamento que os seres humanos sentem ante divindades, o tremendum, isto é, o temor de castigos divinos, e o ganz andere, expressão alemã que significa totalmente diferente, quer dizer, a natureza humana é completamente diferente da natureza divina (VALE DOIS VALORES) .A dialética do Belo implica que diversos níveis da matéria e do espírito humano contêm sucessivos degraus do Belo: primeiro, diz Platão, deve-se amar um corpo belo, depois deve-se amar vários corpos belos e descobrir que há beleza em todos, depois amar a beleza das almas, em seguida amar as leis e costumes da cidade que são belas, encontrar a beleza das ciências e da filosofia e por último amar o Belo em Si Mesmo, que não participa de nada (VALE DOIS VALORES). Kant sustentou que o belo é pequeno, cheio de adornos, de encanto visual como um jardim com canteiros de flores multicolores, como o dia luminoso, como a mulher loura, como a lógica, como a juventude e o sublime é grande, grandioso, metafísico como um bosque alto de carvalhos, como a noite estrelada, como o homem moreno, como a filosofia metafisica, como a velhice. O sentimento do belo existe na faculdade do gosto que não é racional embora universal, existente em todas as pessoas. Kant preconizou haver três formas do sublimeo sublime terrível, como por exemplo, a visão de um vulcão a expelir lava ou de um precipício imenso; o sublime nobre, em que a grandeza se combina com a simplicidade, como uma igreja gótica vazia, sem altares doirados; o sublime magnífico em que a grandeza se mistura com riquezas materiais como um palácio com paredes de ouro ou a capela sistina do Vaticano. (VALE TRÊS VALORES). O princípio da correspondência microcosmo-macrocosmo das antigas filosofias estipula que «o que está em baixo é como o que está em cima, o microcosmo ou pequeno universo é o espelho do macrocosmo ou grande universo».Isto está presente que na construção dos castelos   Isto manifesta-se na astrologia, por exemplo: Júpiter em 9º do signo de Sagitário em 25 de Abril de 1983 (Sagitário é parte do céu, macrocosmo) causou a vitória eleitoral do PS de Mário Soares (microcosmo, Portugal). Também se manifesta na construção dos castelos templários em que a planta das muralhas (microcosmos) reproduz o desenho de constelações (macrocosmos). Está ainda presente na orgia dos australianos primitivos (microcosmos) que espelha a hierogamia ou união sexual do deus e da deusa no Céu (VALE DOIS VALORES). A cosmisação do espaço é a transformação do espaço caótico, sem limites definidos, em um espaço cósmico, um espaço organizado e hierarquizado com centro e periferia, metade direita e metade esquerda, etc. Isso faz-se primordialmente definindo o lugar do centro ou umbigo do mundo pelo qual passa, vertical, o axis mundis, ou eixo do mundo que pode tomar variadas formas. O axis mundis é a coluna que sustenta o céu aos ombros do gigante Atlas, na mitologia grega, o poste de madeira por onde o deus dos australianos Achilpas subiu ao céu e desapareceu, poste que a tribo nómada transporta consigo e implanta no centro do acampamento. São também axis mundis a montanha sagrada, a ilha de Avalon no centro do oceano, a árvore sagrada dos bascos e de outros povos, a cruz de Cristo crucificado no monte de Gólgota. (VALE DOIS VALORES).

 

2)A)Teísmo é o conjunto das concepções religiosas que supõem a existência de um ou mais deuses transcendentes à natureza biofísico, «no alto dos céus». Panteísmo é a concepção que sustenta que Deus ou deuses são imanentes à natureza, não estão fora desta, como por exemplo, o vento, o sol e a lua são deuses ou partes do deus-natureza física. A hierofania é a manifestação do sagrado e tanto existe no teísmo (exemplo: a capela das aparições em Fátima é sagrada) como no panteísmo (exemplo: a trovoada e o rugir das ondas do mar são sagradas, são o divino naturalizado). (VALE DOIS VALORES)

 

2.B) Os três níveis de um programa de investigação científica (P.I.C) são para Imre Lakatos: o núcleo duro (hard core), isto é, as teses imutáveis de uma ciência (exemplo: a série de números vai de menos infinito a mais infinito); o cinto protector (protective belt), isto é, as teses susceptíveis de revisibilidade ou eliminação (exemplo: o Big Bang foi o começo de tudo); a heurística, o conjunto de métodos e técnicas de investigação experimental (exemplo: a observação por microscópio, por telescópio, por câmaras em drones, etc.) o argumento da contingência e da necessidade de São Tomás para demonstrar Deus é o seguinte: como todas as coisas do mundo são contingentes, mutáveis, finitas ( nota nossa:  e isto corresponde ao cinto protector de Lakatos) tem de haver um ser necessário, imutável, eterno que escape à contingência (nota nossa: isto corresponde ao núcleo duro de um PIC) e esse ser é Deus. (VALE TRÊS VALORES).

 

2-C) O argumento ontológico de Santo Anselmo é o seguinte: Deus possui todas as perfeições, suprema misericórdia, suprema bondade, suprema justiça, logo tem de ter a perfeição de existir. O argumento dos graus de perfeição em São Tomás parte do mundo sensível e eleva-se até Deus: uma árvore é mais perfeita que uma pedra e o homem é mais perfeito que o boi logo a perfeição suprema é Deus. A monotonia do homem casado que personifica o estado ético em Kierkegaard e a necessidade do eterno faz o homem saltar ao estádio religioso, em que Deus é o valor absoluto, que não exige ser demonstrado (fideísmo) apenas importa salvar a alma e os outros pouco ou nada contam. Abraão estava no estádio religioso, de puro misticismo, quando se dispunha a matar o filho Isaac porque «Deus lhe ordenou fazer isso». O estádio religioso é o do puro existencialismo, doutrina que afirma que a existência vive-se em liberdade e angústia sem fórmulas (essências) definidas, buscando um Deus que não está nas igrejas nem nos ritos oficiais. Neste estádio, o homem casado pode abandonar a mulher e os filhos se «Deus lhe exigir» retirar-se para um mosteiro a meditar ou para uma região subdesenvolvida a auxiliar gente esfomeada. A escolha a cada momento ante a alternativa é a pedra de toque do existencialismo. Kierkegaard acentuava a noção de angústia, essa liberdade bloqueada, essa intranquilidade que surge antes ou durante muitos actos decisivos (exemplo: a angústia do aluno antes de saber a nota do teste, a angústia da mãe antes do parto, etc). Kierkegaard situa o paradoxo no interior do estado religioso e diz que se deve amar e seguir a vontade de Deus apesar de não compreendermos esta. (VALE DOIS VALORES).

 

2-D) O surrealismo, na medida em que projecta do inconsciente figuras fantásticas que não existem, como por exemplo, uma árvore com cabeça de mulher, transfigura a realidade. As artes plásticas - pintura, escultura, arquitectura - são do deus Apolo, deus da ordem e da beleza solar serena, segundo Nietzsche, e as artes não plásticas - música, dança, poesia, teatro - sáo de Diónisos, deus da desordem, das paixões, da embriaguez. Embora Nietzsche tivesse morrido em 1900, 25 anos antes do aparecimento do manifesto surrealista, podemos atribuir a este um carácter dionisíaco. (VALE DOIS VALORES)

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Dicionário de Filosofia e Ontologia, Dialética e Equívocos dos Filósofos, de Francisco Limpo Queiroz,

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publicado por Francisco Limpo Queiroz às 21:51
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Domingo, 28 de Fevereiro de 2021
Teste de filosofia 11º ano (Fevereiro de 2021)

 

Eis um teste sem perguntas de escolha múltipla, simplistas, em tempos de suposta pandemia muito útil à indústria das vacinas e ao poder global.

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA C

26 de Fevereiro  de 2021. Professor: Francisco Queiroz


I

“A concepção de ciência em Karl Popper, em particular os seus conceitos de verificação, corroboração e critério de demarcação, não coincidem por completo com a teoria da incomensurabilidade de paradigmas de Thomas Kuhn. Gaston Bachelard afirmou que em ciência «Nada é natural. Nada é dado. Tudo é construído» o que implica haver obstáculos epistemológicos..

 

1) Explique estes pensamentos.

    

 2) Relacione, justificando

A) A lei do salto qualitativo e as revoluções científicas na teoria de Kuhn.

B) Facto bruto, facto científico e racionalidade.

C) Positivismo lógico do Círculo de Viena, Indução e Enunciados Metafísicos

D) Anarquismo epistemológico e inteligência do homo sapiens inventor dos mitos segundo Paul Feyerabend..

E) A observação e outras fases do método hipotético dedutivo e a observação segundo Popper.

F) Lei dialética da contradição principal e princípio do terceiro excluído.

 

CORREÇÃO DO TESTE COM A COTAÇÃO MÁXIMA DE 20 VALORES 

 

1) Karl Popper afastou-se do circulo de Viena, uma vez que adotou em parte  a linha de  pensamento de David Hume, duvidando da indução amplificante. O método que perfilha Popper é o das conjeturas e refutações, método falsificacionista. Para Popper é impossível verificar as teses de uma ciência, excepto a matemática, uma vez que isso implicaria que observássemos milhares de milhões de exemplos e deste modo só é possível a corroboração – confirmação de alguns exemplos através da testabilidade, ou seja, realização de testes experimentais. Segundo Popper nós aproximamo-nos da verdade mas nunca a alcançamos e entra aqui a questão do dogmatismo/ceticismo: Popper é dogmático em acto e cético em potência ou é sempre céptico, conforme as leituras  Aceita como cientificas provisoriamente as teses que resistam a tentativas de refutação e falsificação feitas pelos testes experimentais e pela discussão teórica racional. O critério da demarcação em Popper é a diferenciação. Kuhn não tem uma preferência, ao contrário de Popper que consegue meter-se do lado de uma ciência, uma vez que não acredita nas que designa como pseudo-ciências(astrologia, benzeduras, cura pela argila, cura pelos cristais, xamanismo, etc). Incomensurabilidade dos paradigmas é a impossibilidade de comparar o valor de paradigmas (modelos científicos) opostos. Deste modo não podemos saber se a conceção da Terra esférica é superior em valor à conceção da Terra plana, ainda que algumas pessoas possam dizer que a primeira é a mais correta porque assenta em fotografias tiradas do espaço e a segunda é errónea. Popper mete-se do lado do paradigma que acha mais certo. (VALEQUATRO VALORES).

Bachelard sustenta que na  ciência nada é dado porque tudo ou quase tudo é construção racional, exemplo: a teoria do espaço-tempo de Einstein, em que mostra que o espaço fica mais curvo na proximidade de grandes massas não nos é transmitida pelos orgãos dos sentidos, mas sim pensada na razão. O obstáculo epistemológico em Bachelard é todo o entrave ao conhecimento científico: a primeira impressão, a experiênciainicial, o realismo natural, o preconceito do senso comum, a falta de tecnologia apropriada (exemplo: a falta de microscópios, reagentes químicos, bússolas, aparelhos de refrigeração,etc.) e o preconceito racial ou religioso.(VALE DOIS VALORES)

 

2-A) A lei do salto qualitativo é uma acumulação lenta, em quantidade, por um fenómeno que conduz de repente a um salto brusco, por exemplo: aquecemos a água numa panela e ela lentamente vai aumentando os graus até atingir os 100 graus em que ocorre este salto bruscoe a água entra em estado de vapor. Em Kuhn quando há uma nudança de paradigma, ou seja, quando um paradigma é substituído por outro dá-se um salto qualitativo, brusco, fruto de uma acumulação gradual de anomalias no paradigma normal, isto é, na ciência dominante (ex: o geocentrismo na Idade Média) . anomalias que são apontadas e fazem crescer a ciência extraordinária ou paradigma marginalizado  (ex: o heliocentrismo na Idade Média) que virá a tornar-se ciência normal (ex: o heliocentrismo no século XVII com Galileu). Chama-se revolução científica porque os paradigmas são inconciliáveis entre si e um abole o outro (VALE DOIS VALORES).

 

2-B) O facto bruto é aquele que os orgãos dos sentidos nos oferecem, com carácter ilusório: o mármore é frio, a lã é quente, o céu diurno é azul, etc. O facto científico é a interpretação racional dos dados dos sentidos mediante a racionalidade, isto é, a ordem lógica no pensamento, a análise e síntese do quadro perceptivo e da idealidade: o mármore não é frio simplesmente é bom condutor de calor e retira electrões ao corpo humano que a ele se encosta, a lã não é quente mas é má condutora de calor e não deixa sair este do corpo que reveste, o céu diurno é negro mas parece azul devido à luz solar ao entrar na atmosfera se dispersar, etc. (VALE DOIS VALORES).

 

2-C) O positivismo lógico nascido em 1929 em Viena reduzia a verdade aos factos da experiência ou factos positivos e às suas relações lógicas. Postula a indução amplificante, isto é, a generalização de alguns exemplos empíricos segundo uma lei necessária, É uma corrente antimetafísica: diz que  os enunciados metafísicos tipo «Deus existe, o Diabo existe», «A alma sobrevive no Além» são enunciados sem sentido, porque não podem verificar-se. (VALE DOIS VALORES)

 

2-D) O anarquismo epistemológico de Feyerabend é a teoria que nivela completamente as ciências universitárias com as ciências tradicionais (medicina espagírica, astrologia, numerologia, arquitectura sagrada, etc.) e práticas empíricas tradicionais (dança da chuva, benzeduras, orações). O anarquismo é contra as hierarquias, os chefes, a própria universidade considerada como cúpula do saber com as suas cátedras e doutoramentos, defende a autogestão generalizada, as fábricas e bairros dirigidos por assembleias de operários e moradores. Feyerabend não era anarquista no sentido político era-o no sentido epistémico, dizia que a universidade é dominada por homens maus, ligados a interesses carreiristas servindo a grande indústria, e deve ser aberta à astrologia, às medicinas alternativas, etc. E sustentava que os cientistas de hoje são menos inteligentes que o homo sapiens dos mitos antigos porque se especializaram e perderam a noção do todo, a visão holistica. Os homens antigos descobriram o fogo, a rotação das culturas, o poder curativo das plantas e inventaram os mitos - a psicanálise bebeu o complexo de Édipo no mito de Édipo, os ecologistas inspiram-se na filosofia da natureza viva, de Gea, da idade da pedra - e os cientistas limitaram-se a copiar e muitas vezes mal - o fumo poluidor dos automóveis e da indústria, a energia nuclear - os homens do mito. Feyerabend advoga a adoção de métodos ad hoc, improvisados para situações inesperados. Exemplo: um doente de cancro no intestino, desenganado da medicina artificial, começa a tomar argila diluída em água e a jejuar, o que sai fora da ortodoxia médica. (VALE TRÊS VALORES).

 

2-E) O método experimental divide-se em 4 fases: a observação ; a hipótese matematizada ou não; a dedução da hipótese; a verificação experimental que valida ou não a hipótese. Karl Popper apoiando condicionalmente este método negava que a observação neutra fosse a fase inicial porque toda a observação está impregnada de ideologia, de teoria, da subjectividade do cientista. Assim por exemplo quando observar o céu nocturno onde em 10 de Março de 2021 se verificará a conjunção entre a Lua e Júpiter, pensarei, como especialista de astronomia-astrologia, que ela se dá no grau 18 do signo de Aquário (grau 318 de longitude na eclíptica) mas as pessoas a meu lado observarão o mesmo fenómeno sem o interpretar como eu. (VALE DOIS VALORES).

 

2-F) A lei da contrariedade principal estabelece dois pólos: um sistema de múltiplas contrariedades  é susceptível de ser reduzido a uma só grande contrariedade (dita, com imprecisão: contradição principal) agrupando num dos polos algumas contrariedades (exemplo: a Alemanha de Hitler, a Itália de Mussolini, o Japão de Hirohito, em 1941-1944) e no outro polo quase todas as outras (ex: a França livre do maquis, a Grã-Bretanha, os EUA, o Canadá, o Brasil, etc) havendo uma zona intermédia neutra (Portugal de Salazar, Espanha de Franco, etc.). O princípio do terceiro excluído estabelece a contradição, isto é, dois polos sem intermédio: uma coisa ou ideia é do grupo A ou do grupo não A, não havendo a terceira hipótese (exemplo: qualquer coisa do mundo ou é peixe ou não peixe e neste último grupo cabem os sobreiros, as planícies, os cães, os seres humanos, os computadores, etc.). Ambos, a lei dialética e o princípio, se fundam na dualidade. (VALE TRÊS VALORES).

 

NOTA- Compra o nosso livro «Astrologia Histórica» já esgotado nas livrarias. Preço: 24 euros. Os professores de filosofia são incompletos, ignorantes numa matéria fundamental, a do determinismo versus livre-arbítrio, se não dominarem a astrologia histórico-social.

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Dicionário de Filosofia e Ontologia, Dialética e Equívocos dos Filósofos, de Francisco Limpo Queiroz,

Astrologia Histórica, a nova teoria dos graus e minutos homólogos,de Francisco Limpo Queiroz,

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Nota- O autor deste blog está disponível para ir a escolas e universidades dar conferências filosóficas ou participar em debates. 

f.limpo.queiroz@sapo.pt

© (Copyright to Francisco Limpo de Faria Queiroz)

 

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publicado por Francisco Limpo Queiroz às 14:08
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Quinta-feira, 26 de Novembro de 2020
Teste de filosofia 11º ano (Novembro de 2020)

 

Eis um teste de filosofia sem questões de escolha múltipla. Elas existem nas provas de exame nacional em Portugal e, em média, 30 por cento delas estão mal concebidas. 

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA C

23 de Novembro de 2020. Professor: Francisco Queiroz


I

“As categorias são conceitos que prescrevem leis a priori aos fenómenos e, portanto, à natureza como conjunto de todos os fenómenos…O entendimento reduz à unidade o diverso das intuições empíricas.» (Kant, Crítica da Razão Pura)

 

1) Explique estes pensamentos de Kant.

 

       2) Explique, como, segundo a gnosiologia de Kant, se formam o fenómeno GIRASSOL, o conceito empírico de GIRASSOL e o juízo a priori «Doze mais seis é igual a dezoito».

      

 3) Relacione, justificando:

A) As sete relações filosóficas em David Hume e as formas a priori da sensibilidade e do entendimento na teoria de Kant.

B) Chora em Platão, Hylé em Aristóteles, Caos sensorial em Kant, Tábua Rasa em Locke.

C) Realismo crítico em Descartes e Idealismo, Ceticismo e Subjetivismo no sofista Górgias..

D) Razão e entendimento na doutrina de Kant.

E) As impressões de sensação e de reflexão e ideias de «eu», «alma» e «substância» em David Hume.

 

CORREÇÃO DO TESTE COTADO MAXIMAMENTE EM 20 VALORES

1) As categorias impõem leis aos fenómenos da sensibilidade , isto é, aos objectos físicos. Exemplo: a evaporação da água de um lago e o sol a incidir sobre este só se tornam na lei «o calor do sol é causa da evaporação» devido à categoria de causa-efeito existente no entendimento. (VALE UM VALOR). O entendimento recebe, por exemplo, milhares de imagens de ROSA (é o diverso da intuição empírica) e abstraindo das diferenças entre elas constrói um conceito empírico de ROSA (a unidade).

 

2) O númeno ou objecto metafísico afecta de alguma maneira a sensibilidade fazendo nascer nesta um caos empírico de matéria indeterminada e as formas a priori de espaço (figuras, extensão) e tempo (duração, simultaneidade, sucessão) moldam essa matéria transformando-a no fenómeno GIRASSOL , que é o objecto visível ou coisa para nós. (VALE DOIS VALORES). As imagens do fenómeno são levadas pela imaginação às categorias de unidade, pluralidade, realidade e outras do entendimento ou intelecto ligado ao mundo empírico e aí são reduzidas à unidade, a um conceito único de GIRASSOL (VALE  DOIS VALORES). O entendimento retira do tempo as intuições de seis, doze e dezoito, eleva-as a conceitos a priori e usando as formas dos juízos apriori afirmativos e apodíticos produz o juízo «doze mais seis é igual a dezoito».(VALE DOIS VALORES). 

 

3) A David Hume escreveu: «Há sete espécies de diferentes de relação filosófica: semelhança, identidade, relações de tempo e lugar, proporção de quantidade ou número, graus de qualidade, contrariedade e causação. Podem dividir-se estas relações em duas classes:as que dependem inteiramente das ideias que comparamos entre si e as que podem variar sem qualquer mudança de ideias. (David Hume, Tratado da Natureza Humana, pag 103, Fundação Calouste Gulbenkian). Estas relações são estruturas a priori tal como as formas a priori da sensibilidade em Kant que são espaço e tempo (em Hume: relações de tempo e lugar). A causação, em Hume, é a categoria de causa-efeito em Kant (DOIS VALORES).

 

3) .B. O que há de comum entre estas quatro entidades é o não terem forma mas serem matéria que vai ser moldada por formas: a Chora é um espaço obscuro, uma matéria no caos, que irá ser moldada pelo demiurgo com formas semelhantes aos arquétipos do mundo inteligível; a Hylé é a matéria prima universal em Aristóteles, algo que não existe mas passa a existir-se ao unir-se às formas eternas; o Caos Sensorial, em Kant, nasce na sensibilidade por influência do númeno e é moldado pelas figuras do espaço a priori e pela duração e sucessão do tempo; a Tábua Rasa é a consciência vazia ao nascer, sem formas, apta a receber estas. (VALE DOIS VALORES).

 

3,C) O realismo crítico de Descartes sustenta que existe um mundo exterior aos seres humanos quase desmaterializado por completo. Nele só existem formas e tamanhos dos objectos, número e movimento - são as qualidades primárias, objectivas. As cores, sons, sabores, cheiros, ductilidade, calor e frio, etc, são qualidades subjectivas ou secundárias, ilusões interiores à mente humana. Isto coincide parcialmente com o idealismo de Górgias que disse «Nada existe». O cepticismo que Descartes usou existe na seguinte máxima de Górgias« Se algo existe é incognoscível». E o subjectivismo, doutrina que diz que a verdade varia de pessoa a pessoa, está na máxima de Górgias «Se é cognoscível, não pode ser comunicado a outrém». (VALE TRÊS VALORES).

 

3) D. A razão em Kant é a faculdade das ideias que se dirigem supostamente aos númenos, objectos metafísicos incognoscíveis (Deus, alma, liberdade,  mundo como um todo) . É livre, incondicionada, porque está desligada do mundo dos fenómenos, da natureza física e por isso gera antinomias: «Deus existe, Deus não existe», «Há liberdade, não há liberdade», etc. O entendimento é a faculdade das regras, tem a tábua das categorias e a tábua dos juízos puros como formas a priori, pensa os fenómenos (objectos materiais) existentes na sensibilidade externa, isto é, no espaço. É o gerador da matemática e das ciências em geral, é condicionado pela sensibilidade, faculdade que sente mas não pensa (VALE DOIS VALORES).

 

3) E) Para David Hume as fontes principais do conhecimento são as impressões de sensação (exemplo: ver uma planície, ouvir música, cheirar uma rosa) e as impressões de reflexão (exemplo: conservar a memória da planície, da música, do cheiro da rosa). A ideia é uma cópia pálida destes dois tipos de impressões. Hume é idealista porque não garante a realidade de objectos físicos exteriores. Alguns dizem que é céptico. Atribui grande importância à imaginação que com o princípio da invariância faz crer que há substâncias permanentes fora de nós como a nossa casa, a nossa escola, a Europa, etc, e faz.nos crer que temos uma substância chamada «eu», de facto inexistente, e outra chamada «alma».

 

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publicado por Francisco Limpo Queiroz às 18:23
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Terça-feira, 27 de Outubro de 2020
Teste de filosofia 11º ano (Outubro de 2020)

 

Eis um teste de filosofia sem perguntas de escolha múltipla de que as provas de exame nacional usam e abusam e que, em geral, são redutoras ou mesmo mal concebidas e não permitem desvendar a profundidade filosófica de cada aluno. Não somos treinadores dos alunos para exame, damos prioridade à filosofia, à autonomia do professor com saber enciclopédico que pensa e faz pensar num horizonte muito mais vasto que os conteúdos de Descartes, Hume, Kant, Stuart Mill, Popper, Kuhn habitualmente tratados em exame.

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA C

27 de Outubro de 2020. Professor: Francisco Queiroz


Demiurgo e reminiscência são elementos da teoria da participação de Platão. O Mundo do Mesmo em Platão é metafísico e engloba Ética e Estética.

 

1)Explique concretamente este texto.

 

2) Explique os quatro passos do raciocínio célebre de Descartes desde a dúvida hiperbólica à demonstração da existência do mundo exterior.

 

3) Estabeleça a hierarquia dos entes, segundo Aristóteles, tomando como proté ousía (primeira substância) a cidade de Beja.

 

4) Aplique a teoria das quatro causas e a teoria do acto e da potência à cidade de Beja.

 

 5) Relacione, justificando:

  1. A) A teleologia dos movimentos dos corpos, na cosmologia aristotélica, e Deus.
  2. B) Ideias inatas e ideias adventícias, em Descartes.

 

CORREÇÃO DO TESTE COM COTAÇÃO MÁXIMA DE 20 VALORES 

1) A teoria da participação em Platão é a tese de que os seres do mundo da matéria participam, isto é, imitam os Arquétipos ou Modelos Eternos acima do cèu Visível, no Mundo Inteligível. Assim, por exemplo, as árvores materiais são cópias imperfeitas do Modelo Eterno de Árvore que está, imóvel e perfeito no Inteligível. O demiurgo é o deus operário que desce do mundo Inteligível e, com a ajuda dos deuses do Olimpo (Zeus, Ares, Afrodite, Hefestos, etc.) vem moldar na matéria obscura e caótica (Chora) formas semelhantes à dos arquétipos. A reminiscência é a vaga lembrança que a alma superior conserva dos Arquétipos de Belo, Bem, Triângulo, Cubo, etc. que contemplou no Mundo Inteligível ou do Mesmo e lhe permitem guiar-se no Mundo Sensivel da Matéria e constitui outro aspecto da teoria da participação. (VALE QUATRO VALORES). O Mundo do Mesmo ou Mundo imóvel dos Arquétipos é metafísico porque é invisível e transcende o mundo físico e engloba os arquétipos de Justo e Igual, que traduzem metade da  Ética, como doutrina do Bem e do Mal, do Correcto e do Incorrecto, e o arquétipo de Belo, fonte da Estética ou doutrina do Belo e do Feio (VALE TRÊS VALORES).

 

2) Os quatro passos do raciocínio de Descartes são pautados pelo racionalismo, doutrina que afirma que a verdade procede do raciocínio, das ideias da razão e não dos sentidos:

 

1º Dúvida hiperbólica ou Cepticismo Absoluto( «Uma vez que quando sonho tudo me parece real, como se estivesse acordado, e afinal os sentidos me enganam, duvido da existência do mundo, das verdades da ciência, de Deus e até de mim mesmo »).

 

2º Idealismo solipsista («No meio deste oceano de dúvidas, atinjo uma certeza fundamental: «Penso, logo existo» como mente, ainda que o meu corpo e todo o resto do mundo sejam falsos»).

 

3º Idealismo não solipsista («Se penso tem de haver alguém mais perfeito que eu que me deu a perfeição do pensar, logo Deus existe).

 

4º Realismo crítico («Se Deus existe, não consentirá que eu me engane em tudo o que vejo, sinto e ouço, logo o mundo de matéria, feito só de qualidades primárias, objetivas, isto é, de figuras, tamanhos, números, movimentos, existe fora de mim»). Realismo crítico é a teoria gnosiológica segundo a qual há um mundo de matéria exterior ao espírito humano e este não capta esse mundo como é. Descartes, realista crítico, sustentava que as qualidades secundárias, subjectivas, isto é, as cores, os cheiros, os sons, sabores, o quente e o frio só existem no interior da mente, do organismo do sujeito, pois resultam de movimentos vibratórios exteriores e que o mundo exterior é apenas composto de formas, movimentos e tamanhos e uma matéria indeterminada (VALE QUATRO VALORES).

 

3) A proté ousía é a substância primeira, individual, única e está no fundo da escala dos entes, em Aristóteles. Sendo neste caso cidade de Beja, a hierarquia que dela nasce é a seguinte,  de cima a baixo:

 

SUPRA GENÉRICOS:  Ente (On)ou qualidade geral de existir (Beja é) e Uno (Hen), propriedade geral dos Entes (Beja é uma unidade de diferentes bairros).

GÉNERO:  cidade do mundo

ESPÉCIE (Eidos ou forma comum): cidade portuguesa

PROTÉ OUSÍA: cidade de Beja.

(VALE TRÊS VALORES)

 

4) A causa formal da cidade de Beja é a sua configuração, em particular a elipse do seu centro histórico. A causa material é o cimento, a pedra, o tijolo, o aço e o ferro dos edifícios e das ruas e praças. A causa eficiente (quem fez a cidade) é o povo do distrito, em particular os pedreiros, os carpinteiros, os arquitectos, os engenheiros. A causa final ou finalidade de Beja é consituir um centro aprazível de vida política, cultural, laboral, habitacional, industrial e de serviços de uma vasta comunidade de dezenas de milhar de pessoas.  Beja em acto é o que é no presente: uma cidade com 22 000 residentes, capital do Baixo Alentejo, dotada de monumentos como a torre do castelo da época de D. Dinis, a igreja da Misericórdia, etc. Beja em potência é o que poderá vir a ser: cidade europeia de média dimensão com indústrias de tecnologia de ponta que hoje ainda não tem.  (VALE DOIS VALORES) .

 

5-1)  A teleologia ou existência ou estudo de finalidades  inteligentes nos processos da natureza é a seguinte na cosmologia de Aristóteles: no mundo sublunar, composto por 4 esferas imóveis (terra ao centro,água, ar e fogo) os corpos movem-se com a finalidade de regressar à sua esfera de origem ( a chama sobe no ar em direção à quarta esfera, a do fogo); no mundo celeste, composto de 54 esferas de cristal, em 7 das quais está incrustado um planeta (esfera da Lua, esfera de Mercúrio, esfera de Vénus, esfera do Sol, esfera de Marte, esfera de Júpiter, esfera de Saturno, etc.) estrelas e planetas, seres inteligentes,  puseram a girar as respectivas esferas com a finalidade de alcançar Deus, o pensamento puro que se pensa a si mesmo e se acha imóvel para além do cosmos. (VALE DOIS VALORES).

 

5-2) Ideias inatas são as que ao nascer jà vêm impressas na nossa mente, claras e distintas. São as ideias de Deus, corpo, alma, figuras geométricas e números. Ideias adventícias, pelo contrário, são a posteriori, derivam dos orgãos dos sentidos, e transportam o erro, a ilusão de que há fora de nós cores, sons, cheiros, sabores, calor ou frio, graus de dureza nos objectos materiais (VALE DOIS VALORES).

 

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Sexta-feira, 6 de Março de 2020
Teste de filosofia 11º ano (Março de 2020)

 

Este teste centra-se na temática da arte e da religião que integra o programa de filosofia do 11º ano. 

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja            
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA A-D

5 de Março de 2020. Professor: Francisco Queiroz


I

«Segundo Hegel, o conteúdo prevalece sobre a forma na obra de arte. Para Freud, há um processo de sublimação na criação artística. O conceito de sublime magnífico é, para Kant, diferente do conceito de belo. O princípio da correspondência microcosmos-macrocosmos foi aplicado pelos arquitectos na construção da catedral cristã na Idade Média e pelos templários na construção dos seus castelos».

 

1)Explique estes pensamentos.

 

2)A cosmisação do espaço feita pelos povos antigos implicava um axis mundi e um umbigo do mundo. Explique isto e exemplifique.

 

3) A filosofia sagrada da espacialidade na China, o Feng Shui, liga duas energias macrocósmicas ao microcosmos de cada casa. Indique as seguintes correlações:

 

A) Os oito pontos cardeais, as oito cores, as oito áreas da vida (emprego, fama, etc) na planta da casa.

 

B) As cinco estações do ano, os cinco elementos da natureza, as cinco formas geométricas dos objectos

 

4)Relacione, justificando:

A) Panteísmo e teísmo.

B) Teoria da participação e degraus da dialética do Belo em Platão.

C) Objectivismo estético realista, subjectivismo estético.

D)Percepção sensorial, conceito de base empírica e intuição inteligível.

 

5) O estatuto da obra de arte.

Diga, em sua opinião, o que faz de um objecto material, de uma melodia, de um poema uma obra de arte.

 

CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA UM TOTAL DE 20 VALORES

1) Em Hegel, o conteúdo da obra de arte é o conceito, o sentimento espiritual e a forma é as cores, as figuras, os sons. O conceito é o mais importante e Hegel sublinha que o retrato não é uma mera imitação da natureza mas deve exprimir a alma do retratado, podendo suprimir sinais ou cicatrizes do rosto em nome da perfeita expressão da alma. (VALE DOIS VALORES). Para Freud, esculpir uma estátua ou pintar  um quadro exige sublimar, isto é, espiritualizar a energia sexual (libido) e a pulsão de destruição ou pulsão de Tanatos (VALE UM VALOR). O sublime magnífico é um sentimento de algo grandioso e recheado de riquezas materiais como, por exemplo, um palácio real com paredes de nármore e ouro e o belo é algo de perfeito, pequeno, de vivas cores como um canteiro de jardim(VALE UM VALOR) . O princípio da correspondência macrocosmos-microcosmos enuncia-se assim: o microcosmos ou pequeno universo é o espelho do macrocosmos ou grande universo, o que está em baixo é como o que está em cima. A planta da catedral cristã medieval (microcosmos) reproduzia em pedra um gigantesco Cristo crucificado de braços abertos que supostamente se estenderia por todo o universo (macrocosmos): a abside equivale à cabeça de Cristo, o transepto aos braços abertos, o altar ao coração, as naves às pernas e tronco de Cristo. A planta de alguns castelos dos templários imitava a configuração de certas constelações como a do Boieiro (VALE DOIS VALORES).

 

2) A cosmisação do espaço é a transformação do espaço caótico, sem limites definidos, em um espaço cósmico, um espaço organizado e hierarquizado com centro e periferia, metade direita e metade esquerda, etc. Isso faz-se primordialmente definindo o lugar do centro ou umbigo do mundo pelo qual passa, vertical, o axis mundis, ou eixo do mundo que pode tomar variadas formas. O axis mundis é a coluna que sustenta o céu aos ombros do gigante Atlas, na mitologia grega, o poste de madeira por onde o deus dos australianos Achilpas subiu ao céu e desapareceu, poste que a tribo nómada transporta consigo e implanta no centro do acampamento. São também axis mundis a montanha sagrada, a ilha de Avalon no centro do oceano, a árvore sagrada dos bascos e de outros povos, a cruz de Cristo crucificado no monte de Gólgota. (VALE DOIS VALORES).

 

3-A) As duas energias macrocósmicas são o Yang (Luz, Calor, Dilatação, Vermelho, Primavera e Verão, Para Cima, Este, Sul, Masculino) e o Yin (Escuridão, Frio, Contração, Azul e Negro, Outono e Inverno, Para Baixo, Oeste, Norte, Feminino) Estas energias distribuem-se em tonalidades diversas por oito as áreas de vida contempladas na filosofia do Feng Shui, que se aplica ao plano de construção e utilização da casa ou da cidade, cada uma dessas áreas correspondente a um ponto cardeal e a uma cor:

 

       Sudeste                Sul                             Sudoeste

(Púrpura, dinheiro)       (Vermelho, fama)      (Rosa, Casamento)

 

Este                                                                     Oeste

(Verde,família,                                         (Branco, diversão,

saúde)                                                         filhos)

 

Nordeste                          Norte                                Noroeste

(Azul, Estudos)             (Negro, Emprego)      (Cinzento, Pessoas 

                                                                                  Úteis)  

 

O Norte corresponde à Tartaruga negra, ao Velho Yin. O Este ao Dragão Verde, ao Jovem Yang, símbolo da tradição familiar. O Sul à Fénix, a ave vermelha que renasce das cinzas, ao Velho Yang. O Oeste ao Tigre Branco, ao Jovem Yin, imprevisível, símbolo da liberdade individual. O respeito pelas características de cada uma dessas áreas facilita a circulação harmoniosa da energia Chi, portadora de saúde, riqueza e boa sorte. (VALE TRÊS VALORES).

 

3-B) As correspondências entre estações do ano, elementos da natureza e sólidos geométricos são as seguintes: primavera, madeira, paralelipípedo; verão, fogo, cones e pirâmide (lembram chamas); fim do verão, terra, cubo; outono, metal, esfera; inverno, água, formas onduladas. (VALE DOIS VALORES).

 

4-A) Teísmo é o conjunto das concepções religiosas que supõem a existência de um ou mais deuses transcendentes à natureza biofísico, «no alto dos céus». Panteísmo é a concepção que sustenta que Deus ou deuses são imanentes à natureza, não estão fora desta, como por exemplo, o vento, o sol e a lua são deuses ou partes do deus-natureza física. (VALE UM VALOR).

 

4-B) A teoria da participação em Platão é a tese de que os seres do mundo da matéria participam, isto é, imitam os Arquétipos ou Modelos Eternos acima do cèu Visível, no Mundo Inteligível. Assim, por exemplo, as árvores materiais são cópias imperfeitas do Modelo Eterno de Árvore que está, imóvel e perfeito no Inteligível. A dialética do Belo implica que diversos níveis da matéria e do espírito humano contêm sucessivos degraus do Belo: primeiro, diz Platão, deve-se amar um corpo belo, depois deve-se amar vários corpos belos e descobrir que há beleza em todos, depois amar a beleza das almas, em seguida amar as leis e costumes da cidade que são belas, encontrar a beleza das ciências e da filosofia e por último amar o Belo em Si Mesmo, que não participa de nada. (VALE DOIS VALORES)

 

4-C) O objectivismo estético realista é a teoria que sustenta que o belo e o feio existem nos objectos materiais exteriores a nós e são unanimemente percebidos por todos. Exemplo: a Torre de Belém é bela em si mesma, mesmo que Lisboa fique vazia e ninguèm esteja a ver a Torre, e essa sensação do belo é partilhada por todos. O subjectivismo estético diz que as noções de belo e feio variam de pessoa a pessoa. (VALE  UM VALOR).

 

4-D) A percepção sensorial é um conjunto de sensações (exemplo: olho o olival, as folhas verdes, as azeitonas negras, o céu azul, sinto o vento na cara) que está na base do conceito empírico, isto é, da ideia de uma coisa ou de uma classe de coisas obtida por abstração de percepções empíricas semelhantes (exemplo: depois de ver muitas oliveiras, fecho os olhos e construo um conceito único, abstracto, de oliveira). A intuição inteligível é um flash, a captação instantânea de uma realidade metafísica (ex: Deus, o Big Bang) ou cisfísica (o átomo, os quarks e leptões). (VALE DOIS VALORES).

 

5) Resposta livre (VALE UM VALOR).

 

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© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)

 



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Quarta-feira, 5 de Fevereiro de 2020
Teste de filosofia 11º ano (Janeiro de 2020)

 

 

Eis um teste de filosofia gizado por quem não perfilha as erróneas tabelas de verdade da lógica proposicional, esse refúgio dos inaptos para pensar ontologia e metafísica.

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja
TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA A-D

30 de Janeiro de 2020. Professor: Francisco Queiroz


I

«Kant distinguiu o belo do sublime, e dividiu este último em três modalidades. Gaston Bachelard teorizou o ultra-objecto. O realismo crítico é uma modalidade do racionalismo

 

1)Explique estes pensamentos.

 

2)Relacione, justificando:

 

A) Falsificabilidade, princípio da testabilidade, corroboração e verificação na teoria de Karl Popper.

 

B) Impressões de sensação, impressões de reflexão, ideias e princípio da permanência em David Hume.

 

C) Objectividade extra anima, objectividade intra anima e subjectividade nas ciências.

 

D) Incomensurabilidade dos paradigmas segundo Khun e o anarquismo epistemológico de Feyerabend.

 

E) Os três níveis de um P.I.C. segundo Imre Lakatos e Acto e Potência em Aristóteles.

 

 3)Onde parece haver maior sublimação: nas artes de Apolo ou nas artes de Diónisos (terminologia de Nietzsche)? Justifique.

 

CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA UM TOTAL DE 20 VALORES

 

1) Kant sustentou que o belo é pequeno, cheio de adornos, de encanto visual como um jardim com canteiros de flores multicolores, como o dia luminoso, como a mulher loura, como a lógica, como a juventude e o sublime é grande, grandioso, metafísico como um bosque alto de carvalhos, como a noite estrelada, como o homem moreno, como a filosofia metafisica, como a velhice. O sentimento do belo existe na faculdade do gosto que não é racional embora universal, existente em todas as pessoas. Kant preconizou haver três formas do sublime: o sublime terrível, como por exemplo, a visão de um vulcão a expelir lava ou de um precipício imenso; o sublime nobre, em que a grandeza se combina com a simplicidade, como uma igreja gótica vazia, sem altares doirados; o sublime magnífico em que a grandeza se mistura com riquezas materiais como um palácio com paredes de ouro ou a capela sistina do Vaticano. (VALE TRÊS VALORES).

 

2) A. Falsificabilidade na teoria de Popper significa duas coisas: o carácter duvidoso das teses das ciências, exceptuando as matemáticas, que embora aceites podem vir a revelar-se falsas; a capacidade de testar experimentalmente (princípio da testabilidade: procura-se mais a excepção do que a regra vigente) ou contestar com novas ideias essas ciências, que não passam de conjecturas, de modo a falsificá-las, substituindo-as por outras. Para Popper é impossível a verificação das teses de uma ciência porque é impossível estudar os milhões de exemplos possíveis (mesmo que se veja só 100 000 cisnes brancos e 20000 cisnes negros, estes últimos existentes na Austrália, nada garante que não existam cisnes de cor azul, é impossível verificar). Portanto, só é possível a corroboração isto é a confirmação de hipóteses com alguns exemplos («Corroboramos que no mundo só há cisnes brancos e cisnes negros»). (A RESPOSTA VALE TRÊS VALORES)

 

2)B. Em David Hume as impressões de sensação são as percepções empíricas em acto (ex: a laranja que  estou a comer ), as impressões de reflexão são memórias das impressões de sensação (ex: lembro-me da laranja que comi), as ideias são cópias desbotadas dessas impressões (ex: a ideia de laranja, formada por abstração da memória). É graças ao princípio da permanência na memória e na imaginação que as ideias surgem e permanecem: a ideia de eu (ilusória), a ideia de alma (ilusória), a ideia de Alentejo e de Lisboa (realidades incognoscíveis em si, não sabemos se há mundo de matéria fora de nós). (VALE DOIS VALORES). 

 

2)C. Objectividade extra anima é a realidade material exterior a nós, fora da alma (anima), patente aos olhos de todos ou quase todos (os cegos não vêem). Exemplo: «Olhem, ali está a ponte Vasco da Gama ligando Lisboa a Alcochete». Objectividade intra anima é a verdade comum consensuada entre um numero infinito de mentes mas não patente no exterior aos olhos de todos. Exemplo: «A matéria compõe-se de átomos, invisíveis. 7x8 é igual a 56». Subjectividade é a verdade íntima de cada um que pode ser considerada mentira por outros. Exemplo: «Sinto que Jesus está no meu quarto quando fecho os olhos e rezo». (VALE DOIS VALORES).

 

2) D. Incomensurabilidade dos paradigmas é a impossibilidade de medir, comparando-os, o valor de paradigmas (modelos científicos) opostos, no global. Assim não podemos saber se a concepção da Terra esférica é superior em valor à concepção da Terra plana, ainda que alguns possam dizer que a primeira é mais exacta porque assente em fotografias tiradas do espaço e a segunda é mais fecunda porque leva a inteligir o cosmos de outra maneira. Paul Feyerabend era anarquista epistemológico, destruía a hegemonia das ciências universitárias capturadas por grupos de cientistas e industriais interessados em lucros e financiamentos estatais: para ele tanto valia a medicina operando com raios laser como o jejum ou o uso adequado de plantas curativas das medicinas tradicionais sagradas. Neste ponto, equipara-se a Kuhn, ao nivelar os paradigmas, o antigo e o contemporâneo. (VALE DOIS VALORES).

 

2)E. Os três níveis de um programa de investigação científica (P.I.C) são para Imre Lakatos: o núcleo duro (hard core), isto é, as teses imutáveis de uma ciência (exemplo: a série de números vai de menos infinito a mais infinito); o cinto protector (protective belt), isto é, as teses susceptíveis de revisibilidade ou eliminação (exemplo: o Big Bang foi o começo de tudo); a heurística, o conjunto de métodos e técnicas de investigação experimental (exemplo: a observação por microscópio, por telescópio, por câmaras em drones, etc.). O acto é para Aristóteles a realidade de algo neste momento e a potência é a realidade futura previsível ou imprevisível. O núcleo duro é só acto, o cinto protector é acto e potência (VALE TRÊS VALORES).

 

3) As artes plásticas - pintura, escultura, arquitectura - são do deus Apolo, deus da ordem e da beleza solar serena, segundo Nietzsche, e as artes não plásticas - música, dança, poesia, teatro - sáo de Diónisos, deus da desordem, das paixões, da embriaguez. Sublimação é espiritualização de um instinto, de uma energia sexual reprimida ou de violência destruidora reprimida. A resposta à questão é variável: pode considerar-se que nas artes de Apolo, caracterizadas por imobilidade e perfeição visual, a sublimação é maior ou também se pode considerar que nas artes dionisíacas como a música ou a poesia a sublimação dos instintos é mais forte que nas apolíneas. (VALE DOIS VALORES).

 

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Quinta-feira, 21 de Março de 2019
Teste de Filosofia do 11º ano (21 de Março de 2019)

 

É possível e desejável estruturar testes de filosofia sem perguntas de escolha múltipla, muitas das quais são deficientemente formuladas pelos professores que não pensam dialecticamente. O princípio macrocosmo-microcosmo não é abordado nos manuais de filosofia em voga capturados pela filosofia analítica que exclui o racionalismo metafísico, hostiliza a astrologia, a geometria sagrada, a numerologia, a medicina natural, a medicina holística, o feng shui, etc.

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja
Escola Secundária Diogo de Gouveia

TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA A

21 de Março de 2019. Professor: Francisco Queiroz


I

“A cosmisação do espaço feita pelos povos primitivos ou pelos arquitectos das catedrais da Idade Média exprime o princípio da correspondência microcosmo-macrocosmo. David Hume estabeleceu existirem sete relações filosóficas e definiu uma certa posição face à indução amplificante que influenciou o falsificacionismo de Popper no século XX. A social-democracia e o liberalismo de direita divergem sobre o modelo económico de capitalismo e John Rawls fala em posição original, véu de ignorância e princípio maximin. »

 

1) Explique concretamente este texto.

 

II

2)Relacione, justificando:

A) Res extensa, em Descartes, e Arquétipos em Platão.

B)Anarquismo epistemológico de Paul Feyerabend e incomensurabilidade dos paradigmas em    Tomas Kuhn.

C) Obstáculo epistemológico em Bachelard e racionalismo.

D) Proposições sem sentido e proposições com sentido, segundo o Círculo de Viena.

E) Os três tipos de ciências, por um lado, corroboração e conjectura em Popper, por outro lado.

 

CORREÇÃO DO TESTE (COTADO EM 20 VALORES)

1) Cosmisação do espaço significa transformar o espaço físico, originariamente caótico, em um espaço ordenado, hierarquizado, um pequeno cosmos. Por exemplo, traçar o eixo norte-sul e o eixo este-oeste no solo e no cruzamento estabelecer o centro da aldeia onde será colocado o poste sagrado ou a cruz é cosmisar. A configuração das muralhas de castelos dos templários (microcosmo ou pequeno universo) reproduzia certas constelações (macrocosmo). As plantas das catedrais da Idade Média sugerem um Cristo cósmico de braços abertos na cruz. O princípio das correspondências diz: o que está em cima é como o que está em baixo, o microcosmo espelha o macrocosmo. (VALE TRÊS VALORES). As sete relações filosóficas de Hume são categorias a priori da mente humana: identidade, semelhança, proporção de quantidade, graus de qualidade, relações de tempo e lugar, contrariedade e causação. Hume duvidou da indução amplificante e no século XX Karl Popper adoptou esse cepticismo formulando a tese de que as ciências são conjuntos de conjecturas (hipóteses), podem ser falsificadas, isto é destruídas, por testes experimentais ou novos raciocínios. (VALE TRÊS VALORES). A social-democracia, no centro-esquerda, defende o capitalismo (propriedade privada dos meios de produção) na modalidade social: os ricos pagam grandes impostos de modo a criar subsídio de desemprego e rendimento social de inserção, pensões de invalidez e de velhice, ensino público gratuito, serviço nacional de saúde gratuito, eleições livres, multipartidarismo. O liberalismo de centro-direita defende o capitalismo puro, selvagem, sob a democracia parlamentar: privatizar os hospitais, transportes ferroviários e aéreos, os correios e quase todas as empresas, os empresários podem despedir facilmente os operários quase sem indemnização, devem pagar baixos impostos, acabar com o ensino e o serviço hospitalar gratuitos. John Rawls, inimigo do socialismo à esquerda e do capitalismo selvagem à direita, defende, com a democracia liberal, a posição original, isto é, uma grande assembleia de todos os cidadãos em que estes debatem e votam as leis em pé de igualdade, com um véu de ignorância (cada um ignora o grau de riqueza e a profissão dos outros) e de acordo com o princípio maximin, que estabelece o máximo consenso possível (exemplo: as leis protegem não só a maioria heterossexual mas também as minorias gay, lésbica e bissexual). (VALE TRÊS VALORES).

 

2)A) Res extensa é o comprimento, largura e altura no mundo material. Se aplicarmos isto à teoria de Platão diremos que a res extensa recebe as formas projectadas dos arquétipos ou modelos perfeitos de Bem, Belo, Árvore, Esfera, etc., existentes no Mundo Inteligível (VALE DOIS VALORES).

 

2)B) O anarquismo epistemológico de Paul Feyerabend coloca as ciências oficiais universitárias (biologia, química, física, matemática, electrónica, etc.) e as ciências e práticas antigas tradicionais (astrologia, medicina pelas plantas, aromaterapia, geoterapia, dança da chuva, etc.) ao mesmo nível. Kuhn coloca todos os paradigmas (exemplo: a teoria da terra esférica, a teoria da terra plana; a teoria da vacinação e a teoria antivacinação) no mesmo plano dizendo que são incomensuráveis, não se pode medir, no global, qual deles é mais verdadeiro. (VALE DOIS VALORES).

 

2)C) Obstáculo epistemológico é todo o entrave ao conhecimento científico, como por exemplo, a primeira experiência (muitas vezes enganadora), o realismo natural, a falta de tecnologia (falta de computadores, microscópios, raios laser, raios X, aviões, submarinos, etc.), os preconceitos raciais. O racionalismo, que sustenta ser a razão a grande fonte de conhecimento, marginalizando ou superando as percepções empíricas, detecta e combate os obstáculos epistemológicos (VALE DOIS VALORES).

 

2)D) Para o Círculo de Viena as proposições metafísicas como «Deus existe», «O Inferno é eterno» são destituídas de sentido porque não podem ser verificadas. Ao contrário, os enunciados empíricos como «O Alentejo é rico em olivais e montados de sobro» e «Lisboa bordeja o estuário do Tejo, a norte» têm sentido porque são verificáveis. (VALE DOIS VALORES)

 

2)E) Os três tipos de ciências são: formais (matemática, lógica pura); empírico-formais ou naturais, assentes em factos empíricos e leis deterministas, infalíveis (física e lei da gravitação universal; química e estrutura dos átomos; biologia e mitose e meiose, dois modos de divisão das células); hermenêuticas ou sociais assentes em factos empíricos mas intersubjectivas, que recebem diversas interpretações nos mesmos temas (psicologia, filosofia, sociologia, história, economia política, etc.). Popper sustentou que as empírico-formais e as hermenêuticas são conjuntos de conjecturas ou hipóteses que não podem ser verificadas com milhões de exemplos mas sim corroboradas, isto é, ilustradas com alguns exemplos falíveis. (VALE TRÊS VALORES).

 

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Quinta-feira, 25 de Maio de 2017
Teste de filosofia do 11º ano (19 de Maio de 2017)

 

Contrariamente à nossa posição habitual de não fazer perguntas de escolha múltipla nos testes de filosofia a que se responde com uma simples cruz, construímos, por razões de disciplina comunitária uma matriz comum solicitada pela Inspeção Geral de Ensino, um teste em que entra este tipo de perguntas.

 

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja

Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja

TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B

19 de Maio de 2017 Professor: Francisco Queiroz

 

GRUPO I (10 pontos x 5, 50 PONTOS)

Em cada questão, indique a única resposta correcta de entre 4 hipóteses

 

1) O idealismo gnoseológico ou ontognoseológico é a corrente que sustenta que…

 A. A matéria física está dentro do universo e fora da mente humana

B A ideia e a matéria são uma e a mesma coisa.

C- A matéria física está fora da nossa mente e do nosso corpo.

D- A fenomenologia é o mesmo que o pragmatismo. 

 

2) Paul Feyerabend sustentou que:

A) A metafísica deve ser abolida.

B) As ciências universitárias estão livres de ideologia e de interesses de lobbies.

C)Não se devem experimentar métodos fora do que a universidade permite.

D) Devem-se improvisar métodos ad hoc.

 

3) No método hipotético-dedutivo

A) Rejeita-se a indução amplificante

B) Aceita-se a indução amplificante

C) Não se usam fórmulas matemáticas

D) Não se recorre à experiência, à observação directa de factos..

 

4)O idealismo não solipsista objectivo sustenta que

A) A matéria é real em si mesma

B) A matéria não é real em si mesma e cada um a inventa ou vê a seu modo pessoal.

C) A matéria não é real em si mesma e todos a inventam ou veem de igual modo.

D) O cepticismo é a única teoria válida.

 

5)O princípio da falsificabilidade em Popper:

A) Impede que se escolha qualquer teoria como científica

B) Não impede que se escolha uma teoria em cada ciência na condição de ela ser tida como conjectura

C) É a mesma coisa que o princípio da incerteza de Heisenberg

D) Afirma que não há demarcação entre astrologia e astrofísica, valem o mesmo.

 

GRUPO II (60 +40 pontos)

1). Explique concretamente o seguinte texto:

 

«Revisibilidade e falsificabilidade na teoria de Popper coadunam-se com as noções de obstáculo epistemológico e ultra-objecto da teoria de Gaston Bachelard. A incomensurabilidade dos paradigmas defendida por Thomas Kuhn não parece concordar com o positivismo lógico».

 

2)Explique os três estádios da existência segundo Kierkegaard e a afirmação «Deus é, não existe, o homem não é, existe».

 

GRUPO III (50 pontos)

Explique concretamente o seguinte texto:

«O ser-aí de Heidegger equivale ao ser-para-si de Sartre mas o primeiro transporta o ser ao passo que o ser-para-si carrega o nada. Para Heidegger o cuidado, o porvir e o ser-para-a-morte são traços do ser-aí e o ôntico opõe-se ao ontológico

 

CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA 200 PONTOS (20 VALORES)

 

GRUPO I (50 PONTOS)

 

1-B)......................................10 PONTOS

2-D).......................................10 PONTOS

3-B).......................................10 PONTOS

4-C)........................................10 PONTOS

5-B).........................................10 PONTOS

 

GRUPO II (60+ 40 PONTOS)

1) A revisibilidade, isto é, a qualidade inerente às teorias científicas de verem as suas teses alteradas, revistas ou mesmo anuladas de todo, segundo Popper, coaduna-se ou harmoniza-se com a noção de ultra-objecto em Bachelard, que é um objecto empírico-racional, invisível no todo ou em parte, concebido pela razão (exemplo: os átomos, os quarks e leptões; os buracos negros e a matéria escura do cosmos): a razão idealiza o ultra-objecto e revê de tempos a tempos esse conceito. O princípio da falsificabilidade em Popper sustenta que todas as teorias científicas são conjecturas, hipóteses que podem vir a revelar-se falsas e isso liga-se a obstáculo epistemológico que é todo e qualquer entrave ao conhecimento científico (por exemplo: a primeira experiência, algo enganadora; o preconceito; a falta de microscópios, computadores, telescópios e outros aparelhos necessários, etc) e que, por isso, falsifica o conhecimento. (VALE 30 PONTOS). A incomensurabilidade dos paradigmas é a impossibilidade de medir e comparar globalmente dois ou mais paradigmas, de os medir no seu todo. Por exemplo, é incomensurável preferir o heliocentrismo ao geocentrismo e vic-versa. Ora o positivismo lógico, doutrina que sustenta que a verdade se limita aos factos empíricos e suas relações lógico-matemáticas, pondo de parte a metafísica, não defende essa incomensurabilidade: opta pelo paradigma da indução amplificante contra o paradigma conjecturalista anti-indutivo de Karl Popper e Khun...(VALE 30 pontos).

 

2)Segundo Kierkegaard, filósofo existencialista cristão, há três estádios na existência humana: estético, ético e religioso. No estádio estético, o protótipo é o Don Juan, insaciável conquistador de mulheres que vive apenas o prazer do instante, e sente angústia se está apaixonado por uma mulher e teme não a conquistar. O desespero é posterior à angústia: é a frustração sobre algo que já não tem remédio ou que se esgotou. Ao cabo de conquistar e deixar centenas de mulheres, o Don Juan cai no desespero: afinal nada tem, o prazer efémero esvaiu-se. Dá então o salto ao ético: casa-se. No estado ético, o paradigma é do homem casado, fiel à esposa, cumpridor dos seus deveres familiares e sociais. Este estado relaciona-se com o essencialismo, doutrina que afirma que a essência, o modelo do carácter ou do comportamento vem antes da existência e condiciona esta. A monotonia e a necessidade do eterno faz o homem saltar ao estádio religioso, em que Deus é o valor absoluto, apenas importa salvar a alma e os outros pouco ou nada contam. Abraão estava no estádio religioso, de puro misticismo, quando se dispunha a matar o filho Isaac porque «Deus lhe ordenou fazer isso». O estádio religioso é o do puro existencialismo, doutrina que afirma que a existência vive-se em liberdade e angústia sem fórmulas (essências) definidas, buscando um Deus que não está nas igrejas nem nos ritos oficiais. Neste estádio, o homem casado pode abandonar a mulher e os filhos se «Deus lhe exigir» retirar-se para um mosteiro a meditar ou para uma região subdesenvolvida a auxiliar gente esfomeada. A escolha a cada momento ante a alternativa é a pedra de toque do existencialismo. Kierkegaard acentuava a noção de angústia, essa liberdade bloqueada, essa intranquilidade que surge antes ou durante muitos actos decisivos (exemplo: a angústia do aluno antes de saber a nota do teste, a angústia da mãe antes do parto, etc). Kierkegaard situa o paradoxo no interior do estado religioso e diz que se deve amar e seguir a vontade de Deus apesar de não compreendermos esta. (VALE TRINTA PONTOS).a afirmação «Deus é, não existe, o homem não é, existe» significa que Kierkegaard atribui ao termo «ser» e «é» o sentido de eternidade e imutabilidade, própria de um Deus incriado e indestrutível, e ao termo «existe» os sentido de nascimento/crescimento/eclínio/morte e alteração a cada momento, traços da condição humana (VALE 10 PONTOS).

 

 

GRUPO III (50 PONTOS)

1) O ser-aí é cada homem na sua subjectividade que carrega dentro de si o ser, isto é, a essência geral do universo e da humanidade e equivale ao ser-para-si que, em Sartre, é a consciência pensante, distinta do ser em si que é o mundo dos corpos (árvores, automóveis, animais, etc ) - que carrega em si o nada porque Sartre afirma que, ao nascer, não somos nada, psíquicamente falando, nem bons nem maus (VALE 20 PONTOS). Para Heidegger, o cuidado ou cura (sorge) é a preocupação em que vive o homem a cada instante de ter alimento, habitação, executar um trabalho com competência, agradar às outras pessoas, ter família e dinheiro, cuidar dos filhos, etc. O porvir é o sentido do futuro que engloba expectativas, esperanças, projectos. O ser-para-a-morte é a consciência de que se morrerá (finitude) um dia, novo ou velho, e isso condiciona as escolhas da vida humana. O ôntico é a realidade aparente (exemplo: eu e o mundo somos realidades separáveis, quando eu morrer o mundo permanece, realismo natural) e o ontológico é a realidade profunda, oculta (exemplo: o meu eu é indissociável do mundo exerior, fenomenologia). (VALE 30 PONTOS)

 

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Terça-feira, 28 de Março de 2017
Teste de filosofia do 11º ano (21 de Março de 2017)

 

Eis um teste de filosofia, sem questões de escolha múltipla, o segundo teste do segundo período lectivo de uma turma do ensino secundário, no Baixo Alentejo, Portugal. 

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja

Escola Secundária Diogo de Gouveia , Beja

TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA A

21 de Março de 2017 Professor: Francisco Queiroz

I

” Para ver as coisas adequadas exige-se os instrumentos adequados. Para ver as longínquas galáxias necessita-se de telescópio. Para ver os deuses fazem falta homens adequadamente preparados para isso. As galáxias não desaparecem quando desaparecem os telescópios. Os deuses não desaparecem quando os homens perdem a faculdade de entrar em contacto com eles… Creio que estou de acordo com Börne quando diz que a história não é mais que o historiador que regista quanto sucedeu e que, desta forma, forja os acontecimentos, define-os, inclusivamente para aqueles que participaram neles.” (Paul Feyerabend, Diálogo sobre o Método)

 

1) Explique estes pensamentos de Feyerabend, interligando-os com as noções de ANARQUISMO EPISTEMOLÓGICO, INTELIGÊNCIA HOLÍSTICA, HOMO SAPIENS DOS TEMPOS DO MITO, IDEOLOGIA NA CIÊNCIA.

 

2)Explique, como, segundo a gnosiologia de Kant, se formam o fenómeno CORTIÇA o conceito empírico de CORTIÇA e o juízo a priori «Dezanove adicionado de dez perfaz vinte e nove».

      

3) Relacione, justificando:

 

A) Os três níveis de um Programa de Investigação Científica, segundo Imre Lakatos, por um lado, e os três tipos de ideias em Descartes, por outro lado

B) Indução amplificante, positivismo lógico, por um lado, e Princípio da falsificabilidade em Popper, conjectura e corroboração em Popper, por outro lado.

C) Realismo crítico na teoria de Einstein, epistemologia de Thomas Kuhn e princípio da incerteza de Heisenberg.

 

 CORREÇÃO DO TESTE COTADO PARA VINTE VALORES

 

1) Quando Feyerabend escreve no texto que « Para ver os deuses fazem falta homens adequadamente preparados para isso» está a referir-se à ausência de inteligência holística nos cientistas e universitários de hoje . A inteligência holística é a intuição e compreensão global do universo como um todo e pressupõe abarcar tanto a metafísica (os deuses, os universos paralelos) como a física e a biologia (os climas na terra, as rotações das colheitas, os ecossistemas). Pode haver ateus dotados de inteligência holística mas supõem um princípio uno atravessando e ligando todo o universo. Quando no texto Feyerabend diz que« estou de acordo com Börne quando diz que a história não é mais que o historiador que regista quanto sucedeu e que, desta forma, forja os acontecimentos, define-os» está a denunciar que a ciência histórica ensinada nas universidades está infectada pela ideologia subjectiva ou intersubjectiva do historiador.O anarquismo epistemológico de Feyerabend - anarquismo é ausência de hierarquia - diz que há múltiplos métodos válidos, incluindo os das ciências tradicionais que deveriam entrar as universidades e ter tanto estatuto  como as tecnociências que lá estão instaladas: a cura pelos cristais, a cura pelas pirâmides, a fitoterapia, o feng shui, a acupunctura, a astrologia, etc, são tão ou mais importantes que os raios laser, as cirurgias, as análises laboratoriais. Isto é o anarquismo epistemológico, a ausência de doutrinas-chefes: todas estão, em princípio, ao mesmo nível de poder social, não há um conjunto de ciências «superiores» que excluem as outras rotulando-as de «atrasadas, anticentíficas,  perigosas» e absorvem os financiamentos estatais e privados. Homens muito pouco honestos dominam as universidades e a investigação que nelas se faz: por exemplo o motor a água para automóveis inventado nos EUA em 1935 foi proibido de ser ensinado. Quanto ao facto de a ciência universitária estar misturada com ideologia e interesses de lucro de grandes empresas privadas há que acrescentar que, segundo Feyerabend, para os cientistas de hoje «a ciência é a nossa religião» o que significa que a mentalidade científica actual é dogmática, ideológica, como a teologia, acreditando em dogmas que não podem ser postos em causa, como por exemplo, « O Big Bang deu-se há 15 000 milhões de anos e foi o começo do universo», «as vacinas conferem imunidade», «os astros não comandam o comportamento humano».A inteligência do homo sapiens primitivo do mito é holística: ligado à natureza, percebendo o bater do relógio cósmico, o primitivo escuta o silêncio e rejeita uma civilização de tecnologia avançada em que milhares de automóveis atravessam a cada minuto as ruas de uma cidade, os túneis e viadutos, fazendo ruído e poluindo o ar com gases. Os homens do mito tinham uma medicina holística com a utilização de plantas curativas que purificam o sangue e qualquer orgão do corpo, e reflectida ainda na medicina dos séculos XVII-XIX que usava métodos tradicionais como medir as pulsações, ou utilizar as sanguessugas para chuparem sangue das pessoas e reduzir os riscos de AVC. (VALE QUATRO VALORES).

 

2) Segundo a gnoseologia de Kant, o fenómeno cortiça forma-se na sensibilidade, no espaço exterior ao meu corpo físico, do seguinte modo: de «fora» da sensibilidade, os númenos afectam esta fazendo nascer nela um caos de matéria (exemplo: madeira, ferro, areia, etc, em um magma) que as duas formas a priori da sensibilidade, o espaço (com figuras geométricas) e o tempo (com a duração, a sucessão e a simultaneidade) moldam, fazendo nascer um ou mais fenómenos de cortiça. O entendimento, com as categorias de unidade, pluralidade, necessidade, confere consistência ao objecto/fenómeno cortiça. Não existe númeno cortiça, cortiça  é fenómeno na sua totalidade. O  conceito de cortiça forma-se no entendimento, faculdade que pensa mas não sente, do seguinte modo: a imaginação, situada entre a sensibilidade e o entendimento, transporta desde aquela a este as imagens de barco e as categorias do entendimento de pluralidade e unidade, realidade, recebem as diversas imagens e transformam-na numa só imagem abstracta, o conceito empírico de cortiça.

O juízo «dezanove adicionado de dez perfaz vinte e nove» forma-se no entendimento puro, na tábua dos juízos, após este receber as intuições puras de números 10, 19 e 29 que residem no tempo a priori, na sensibilidade, e transformá-las, pelas categorias de unidade, pluralidade, erc, em conceitos puros de 10, 19 e 29 (VALE QUATRO VALORES).

 

3-A) Imre Lakatos, epistemólogo húngaro, aceita igualmente a indução amplificante e defendeu que a ciência se estrutura em Programas de Investigação Científica (PIC). Cada um destes tem três níveis: o núcleo duro, conjunto das teses imutáveis; o cinto protector, conjunto das teses revisíveis, que podem ser rectificadas ou substituídas; a heurística, conjunto dos métodos de investigação livre, teórica e prática, que pode confirmar ou anular o PIC. Descartes defendeu haver ideias inatas (as ideias de círculo, triângulo, número, corpo, alma, Deus), a priori, indubitáveis como o núcleo duro. Defendeu haver ideias adventícias ou percepções empíricas (exemplo: rosa vermelha, vento quente, sabor doce) que não são absolutamente fiáveis como o cinto protector porque podem ser revistas. Defendeu também haver ideias factícias ou de imaginação livre (exemplo: um cavalo com orelhas de elefante) que podem assimilar-se à heurística ou pesquisa livre. (VALE QUATRO VALORES).

 

3-B) O positivismo lógico do círculo de Viena considera sem sentido a metafísica e afirmações desta como «Deus criou o Paraíso e o Inferno e pune os maus» porque não podem ser comprovadas empiricamente. Para este positivismo, só os factos empíricos ( exemplo: maçã, tornado, etc) e as suas relações lógico-matemáticas são verdade e a indução amplificante - generalização segundo uma lei necessária de alguns casos empíricos semelhantes entre si - é perfeitamente legítima. Karl Popper ao contrário de Kuhn, não acha que os paradigmas sejam incomensuráveis entre si, escolhe provisoriamente um em detrimento de outros, mas sustenta que as ciências empíricas ou empírico-formais não passam de conjuntos de conjecturas, hipóteses. Na linha de David Hume, Popper duvida da indução amplificante, achando que há sempre excepções a uma dada lei da natureza e considera ser impossível verificar essa lei pois teríamos de estudar centenas de milhar ou milhões de exemplos concretos. Popper diz que só é possível a corroboração ou confirmação de alguns exemplos através da testabilidade, isto é, realização de testes experimentais que se integram no princípio da falsificabilidade (todas as ciências são potencialmente falsas). No positivismo lógico, aceita-se a indução amplificante, geradora de teses, dogmas. Em Popper não há dogmas, certezas infalíveis, as teses da ciência são conjecturas ou hipóteses refutáveis (VALE QUATRO VALORES).

 

3-C) O realismo crítico é a teoria que afirma que há um mundo material anterior às mentes humanas e independente destas que o captam de maneira distorcida. O realismo crítico em Descartes consiste em postular o seguinte: há um mundo de matéria exterior às mentes humanas, feito só de qualidades primárias, objetivas, isto é, forma, tamanho, número, movimento. As cores, os cheiros, os sons, sabores, o quente e o frio só existem no interior da minha mente, do organismo do sujeito, pois resultam de movimentos vibratórios de partículas exteriores já que o mundo exterior é apenas composto de formas, movimentos e tamanhos. .Assim, a rosa não é vermelha, é apenas forma e tamanho. O ramo de rosas é apenas formas, tamanho e um certo número de unidades, não tem cor, nem cheiro, nem peso. O mármore não é frio nem duro, o céu não tem cor. Podemos dizer que a doutrina de Einstein é um realismo crítico na medida em que sustenta as seguintes teses, entre outras, contra-intuitivas, contra as aparências:

1) O espaço e o tempo não são realidades separadas, existe o espaço-tempo variável de lugar a lugar, não há um tempo absoluto universal.

 

2) O espaço-tempo não é feito de planos sobrepostos e linhas rectas como sustenta a geometria euclidiana e a física de Newton, é irregular e encurva na proximidade de grandes massas (exemplo: a esfera de metal deforma o lençol esticado, criando uma cova no centro).

 

3) A luz cuja velocidade é 300 000 quilómetros por segundo acompanha acurvatura do espaço tempo, não viaja em linha recta (um raio de luz lançado em direção a uma estrela tenderia a voltar à Terra dado que o universo é fechado) 

4) Quem viajasse a uma velocidade próxima da da luz envelheceria muito mais lentamente do que os habitantes da Terra;

 

5) A massa de um corpo aumenta com o aumento da sua velocidade de deslocação.

 

Kuhn defendeu incomensurabilidade dos paradigmas é a impossibilidade de medir exactamente o valor de cada doutrina científica e das suas rivais: não se pode dizer, por exemplo, que o heliocentrismo é melhor que o geocentrismo, em termos globais, ainda que se possa dizer que, neste ou naquele aspecto (exactidão/experimentação, fecundidadesimplicidade, etc) um deles é superior ao outro. É compatível com a teoria das revoluções científicas em Kuhn. Esta consiste em afirmar que as ciências se desenvolvem segundo a lei do salto de qualidade: durante décadas ou séculos uma ciência é aceite pela comunidade científica e designa-se por ciência normal mas vão-se acumulando lentamente anomalias até que surge um paradigma ou modelo teórico oposto, chamado ciência extraordinária que acaba por substituir a ciência até então dominante (revolução científica). O princípio da incerteza de Heisenberg estabelece ser impossível conhecer em simultâneo a velocidade e a posição de um electrão ou partícula do mesmo género microfísico: ou se conhece a velocidade ou se conhece a posição, o que sugere a nuvem electrónica, uma «fotografia» de um turbilhão.

 

Pode dizer-se que a teoria da curvatura do espaço tempo de Einstein  foi uma ciência extraordinária que se transformou por uma revolução científica, de acordo com Kuhn, em paradigma dominante (VALE QUATRO VALORES).

 

NOTA: COMPRA O NOSSO «DICIONÁRIO DE FILOSOFIA E ONTOLOGIA», 520 páginas, 20 euros (portes de correio para Portugal incluídos), CONTACTA-NOS.

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Terça-feira, 14 de Março de 2017
Teste de filosofia do 11º ano de escolaridade (10 de Março de 2017)

 

Eis um teste de filosofia, sem questões de escolha múltipla, o segundo teste do segundo período lectivo de uma turma do ensino secundário, no Baixo Alentejo, Portugal. 

 

Agrupamento de Escolas nº1 de Beja, Escola Secundária Diogo de Gouveia,

Beja,

TESTE DE FILOSOFIA, 11º ANO TURMA B

10 de Março de 2017. Professor: Francisco Queiroz

I

“Se se aprecia a ciência pelos seus resultados, dever-se-ia apreciar os mitos cem vezes mais já que as suas conquistas foram incomparavelmente maiores: os inventores dos mitos…livres do jugo da especializaçãoderam início à cultura, enquanto que os cientistas apenas modificaram esta» (Paul Feyerabend)

 

1) Explique estes pensamentos de Paul Feyerabend, interligando-os com os conceitos de ANARQUISMO EPISTEMOLÓGICO, IDEOLOGIA E CIÊNCIA UNIVERSITÁRIA e outros deste filósofo.

 

2) Explique, como, segundo a gnosiologia de Kant, se formam o fenómeno BARCO, o conceito empírico de BARCO e o juízo a priori «Todos os pontos da circunferência estão à mesma distância do centro ».

      

3) Relacione, justificando:

 

A) Incomensurabilidade dos paradigmas em Thomas Kuhn, de um lado, e conjecturas científicas e corroboração em vez de verificação, em Karl Popper, de outro lado.

 

B) Positivismo lógico do círculo de Viena, e três níveis de um Programa de Investigação Científica segundo Lakatos.

 

C) Realismo crítico e  na teoria de Albert Einstein e ultra-objecto em Bachelard.

 

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO COM COTAÇÃO GLOBAL DE 20 VALORES

 

1) Os homens do mito deram início à cultura porque, por exemplo, inventaram uma cura de plantas para cada doença ao passo que os cientistas do século XXI apenas modificaram essa cura, criando um composto químico, com base nessas plantas e em minerais. Os primitivos descobriram uma ciência dos astros (fases da lua, conjunção de Marte com Júpiter ou Saturno, eetc) ao passo que os astrónomos de hoje apenas a modificaram usando telescópios e outros instrumentos. A inteligência do cientista do século XX-XXI é, para Feyerabend, fragmentária, de um racionalismo deficiente porque não apreende a realidade como um todo físico e metafísico. Isso é o que significa estar sob o jugo da especialização: ter um saber parcelar, como o médico de rins que só sabe deste orgão e não sabe nada de dietética, acupunctura, astrologia, fitoterapia, história social e política, geografia, etc. Para Feyerabend, a dança da chuva feita por povos indígenas do México funciona desde que feita no seu contexto natural invocando os deuses com sinceridade e com o ritualismo apropriado, mas para o cientista universitário actual é «mera estupidez», «crença anticientífica». Embora incorporando forças irracionais, o mito tem uma concepção mais racional, holística, do cosmos do que a ciência especializada que «só vê a árvore e não vê a floresta».

O anarquismo epistemológico de Feyerabend - anarquismo é ausência de hierarquia - diz que há múltiplos métodos válidos, incluindo os das ciências tradicionais que deveriam entrar as universidades e ter tanto estatuto  como as tecnociências que lá estão instaladas: a cura pelos cristais, a cura pelas pirâmides, a fitoterapia, o feng shui, a acupunctura, a astrologia, etc, são tão ou mais importantes que os raios laser, as cirurgias, as análises laboratoriais. Isto é o anarquismo epistemológico, a ausência de doutrinas-chefes: todas estão, em princípio, ao mesmo nível de poder social, não há um conjunto de ciências «superiores» que excluem as outras rotulando-as de «atrasadas, anticentíficas,  perigosas» e absorvem os financiamentos estatais e privados. Quanto ao facto de a ciência universitária estar misturada com ideologia há que dizer que, segundo Feyerabend, para os cientistas de hoje «a ciência é a nossa religião» o que significa que a mentalidade científica actual é dogmática, ideológica, como a teologia, acreditando em dogmas que não podem ser postos em causa, como por exemplo, « O Big Bang deu-se há 15 000 milhões de anos e foi o começo do universo», «as vacinas conferem imunidade», «os astros não comandam o comportamento humano». Os cientistas de hoje são os bispos e papas da nova religião da ciência. As ciências actuais nasceram com o emergir da burguesia industrial e financeira actual e por isso estão impregnadas de ideologia - sistema de ideias e valores de uma classe social- neste caso, a burguesia. A ciência e a tecnologia do automóvel como veículo de transporte individual ou familiar insere-se na ideologia individualista da burguesia: «Enriquece, compra um carro próprio, viaja livremente». Feyerabend recusou o «critério de demarcação» invocado por Popper que dizia, por exemplo, que a biologia molecular e a física quântica eram ciências e a astrologia era pseudo-ciência...

A inteligência do homo sapiens primitivo do mito é holística: ligado à natureza, percebendo o bater do relógio cósmico, o primitivo escuta o silêncio e rejeita uma civilização de tecnologia avançada em que milhares de automóveis atravessam a cada minuto as ruas de uma cidade, os túneis e viadutos, fazendo ruído e poluindo o ar com gases. Os homens do mito tinham uma medicina holística com a utilização de plantas curativas que purificam o sangue e qualquer orgão do corpo, e reflectida ainda na medicina dos séculos XVII-XIX que usava métodos tradicionais como medir as pulsações, ou utilizar as sanguessugas para chuparem sangue das pessoas e reduzir os riscos de AVC.  Feyerabend opõe-se de certo modo à medicina actual, cheia de análises, biópsias e radiografias que classifica como «estupidez». (VALE CINCO VALORES).

 

2) Segundo a gnoseologia de Kant, o fenómeno barco forma-se na sensibilidade, no espaço exterior ao meu corpo físico, do seguinte modo: de '«fora» da sensibilidade, os númenos afectam esta fazendo nascer nela um caos de matéria (exemplo: madeira, ferro, areia, etc, em um magma) que as duas formas a priori da sensibilidade, o espaço (com figuras geométricas) e o tempo (com a duração, a sucessão e a simultaneidade) moldam, fazendo nascer um ou mais fenómenos de barcos. O entendimento, com as categorias de unidade, pluralidade, necessidade, confere consistência ao fenómeno barco. Não existe númeno barco, galo é fenómeno na sua totalidade. O  conceito de barco forma-se no entendimento, faculdade que pensa mas não sente, do seguinte modo: a imaginação, situada entre a sensibilidade e o entendimento, transporta desde aquela a este as imagens de barco e as categorias do entendimento de pluralidade e unidade, realidade, recebem as diversas imagens e transformam-na numa só imagem abstracta, o conceito empírico de barco.

O juízo «todos os pontos da circunferência estão à mesma distância do centro» forma-se no entendimento, na tábua dos juízos, após este ir buscar a intuição pura de circunferência que se encontra no espaço a priori e transformá-la, pelas categorias de unidade, pluralidade, erc, num conceito puro de circunferência (VALE TRÊS VALORES).

 

3.A) A incomensurabilidade dos paradigmas é a impossibilidade de medir exactamente o valor de cada doutrina científica e das suas rivais: não se pode dizer, por exemplo, que o heliocentrismo é melhor que o geocentrismo, em termos globais, ainda que se possa dizer que, neste ou naquele aspecto (exactidão/experimentação, fecundidade, simplicidade, etc) um deles é superior ao outro. É compatível com a teoria das revoluções científicas em Kuhn. Esta consiste em afirmar que as ciências se desenvolvem segundo a lei do salto de qualidade: durante décadas ou séculos uma ciência é aceite pela comunidade científica e designa-se por ciência normal mas vão-se acumulando lentamente anomalias até que surge um paradigma ou modelo teórico oposto, chamado ciência extraordinária que acaba por substituir a ciência até então dominante (revolução científica) .Karl Popper ao contrário de Kuhn, não acha que os paradigmas sejam incomensuráveis entre si, escolhe provisoriamente um em detrimento de outros, mas sustenta que as ciências empíricas ou empírico-formais não passam de conjuntos de conjecturas, hipóteses. Na linha de David Hume, Popper duvida da indução amplificante, achando que há sempre excepções a uma dada lei da natureza e considera ser impossível verificar essa lei pois teríamos de estudar centenas de milhar ou milhões de exemplos concretos. Popper diz que só é possível a corroboração ou confirmação de alguns exemplos através da testabilidade, isto é, realização de testes experimentais que se integram no princípio da falsificabilidade (todas as ciências são potencialmente falsas). Tanto Popper como Kuhn revelam um certo grau de ceticismo sobre as teses das ciências.(VALE QUATRO VALORES)

 

3-B) O positivismo lógico do círculo de Viena considera sem sentido a metafísica e afirmações desta como «Deus criou o Paraíso e o Inferno e pune os maus» porque não podem ser comprovadas empiricamente. Para este positivismo, só os factos empíricos ( exemplo: maçã, tornado, etc) e as suas relações lógico-matemáticas são verdade e a indução amplificante - generalização segundo uma lei necessária de alguns casos empíricos semelhantes entre si - é perfeitamente legítima. Imre Lakatos, epistemólogo húngaro, aceita igualmente a indução amplificante e defendeu que a ciência se estrutura em Programas de Investigação Científica (PIC). Cada um destes tem três níveis: o núcleo duro, conjunto das teses imutáveis; o cinto protector, conjunto das teses revisíveis, que podem ser rectificadas ou substituídas; a heurística, conjunto dos métodos de investigação livre, teórica e prática, que pode confirmar ou anular o PIC. (VALE QUATRO VALORES)

 

3-C) O realismo crítico é a teoria que afirma que há um mundo material anterior às mentes humanas e independente destas que o captam de maneira distorcida. O realismo crítico em Descartes consiste em postular o seguinte: há um mundo de matéria exterior às mentes humanas, feito só de qualidades primárias, objetivas, isto é, forma, tamanho, número, movimento. As cores, os cheiros, os sons, sabores, o quente e o frio só existem no interior da minha mente, do organismo do sujeito, pois resultam de movimentos vibratórios de partículas exteriores já que o mundo exterior é apenas composto de formas, movimentos e tamanhos. .Assim, a rosa não é vermelha, é apenas forma e tamanho. O ramo de rosas é apenas formas, tamanho e um certo número de unidades, não tem cor, nem cheiro, nem peso. O mármore não é frio nem duro, o céu não tem cor. Podemos dizer que a doutrina de Einstein é um realismo crítico na medida em que sustenta as seguintes teses, entre outras, contra-intuitivas, contra as aparências:

1) O espaço e o tempo não são realidades separadas, existe o espaço-tempo variável de lugar a lugar, não há um tempo absoluto universal.

 

2) O espaço-tempo não é feito de planos sobrepostos e linhas rectas como sustenta a geometria euclidiana e a física de Newton, é irregular e encurva na proximidade de grandes massas (exemplo: a esfera de metal deforma o lençol esticado, criando uma cova no centro).

 

3) A luz cuja velocidade é 300 000 quilómetros por segundo acompanha a curvatura do espaço tempo, não viaja em linha recta (um raio de luz lançado em direção a uma estrela tenderia a voltar à Terra dado que o universo é fechado) 

4) Quem viajasse a uma velocidade próxima da da luz envelheceria muito mais lentamente do que os habitantes da Terra;

 

5) A massa de um corpo aumenta com o aumento da sua velocidade de deslocação.

 

O ultra-objecto de Bachelard é o objecto ideal construído racionalmente com base em dados empíricos indirectos como, por exemplo, os quanta, o quark e o Big Bang. A curvatura do espaço-tempo, na teoria de Einstein, é um ultra-objecto.(VALE QUATRO VALORES).

 

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