Wittgenstein escreveu:
«5.153 Uma proposição em si não é provável nem improvável. Um acontecimento dá-se ou não se dá; não há meio termo.» (Ludwig Wittgenstein, Tratado Lógico-Filosófico...., pag 87, Fundação Calouste Gulbenkian).
Muito bem: a probabilidade está fora da proposição e do acontecimento real, em si mesmo. Mas onde se aloja então? Na expectativa que a mente alberga sobre a eclosão num dado tempo e lugar de um acontecimento. Mas como se forja e lê a probabilidade? Na comparação, estabelecida com a ajuda da memória, entre circunstâncias similares, em algumas das quais se gerou um dado acontecimento e em outras não. A probabilidade é pois uma teoria, uma hipótese.
Wittgenstein escreveu ainda:
«5.156 Assim a probabilidade é uma generalização.
«Ela envolve uma descrição geral de uma forma proposicional.»
«Só à falta de certeza utilizamos a probabilidade. - Quando na verdade não conhecemos inteiramente um facto, mas sabemos alguma coisa acerca da sua forma.
(Uma proposição pode na verdade ser uma imagem incompleta de uma certa situação, mas é sempre uma imagem completa).
«A proposição de probabilidade é como que um excerto de outras proposições.»
(Ludwig Wittgenstein, Tratado Lógico-Filosófico...., pag 87, Fundação Calouste Gulbenkian; o negrito é posto por mim).
A proposição de probabilidade não é uma proposição provável em si mesma: é uma realidade formal, simbólica - em Kant designa-se por juízo problemático- mas o seu conteúdo é probabilístico. Distingamos entre proposição como estrutura e a ideia ou o juízo nela colocados. Mas a forma da proposição não muda ao ser-lhe impresso um conteúdo probabilístico? É óbvio que muda desaparece o carácter categórico, assertivo, da proposição para ficar um carácter indefinido. O «talvez» ou o «é provável» não são levados em conta na lógica proposicional.
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