Terça-feira, 27 de Março de 2018
Confusões do Compêndio em Linha de Problemas de Filosofia Analítica: Fiabilismo

 

No «Compêndio em linha de Problemas de Filosofia Analítica», gerado no Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, sob a supervisão de Pedro Galvão e Ricardo Santos, lê-se como definição de fiabilismo:

 

«A tese central do fiabilismo é que uma crença verdadeira é conhecimento apenas se foi produzida por um mecanismo que tende a gerar crenças verdadeiras. Como tanto o processo que gera uma dada crença quanto sua propensão a produzir crenças verdadeiras podem não ser apreendidos pelo sujeito a quem se atribui o conhecimento, o fiabilismo é uma teoria externista. A principal fonte de críticas ao fiabilismo reside precisamente na desvinculação entre o que torna crenças meramente verdadeiras conhecimento e a perspectiva do sujeito. As diferentes versões do fiabilismo são diferentes respostas a esta crítica, quer pela aproximação com as ciências cognitivas e como projeto naturalista, quer pela proposição de uma epistemologia da virtude.» (Ernesto Perini-Santos).

 

Fiabilismo é uma definição muito vaga neste Compêndio. A definição dada acima por Ernesto Perini-Santos é uma tautologia: é crença verdadeira aquilo que resulta de um mecanismo gerador de crença verdadeira... O intuicionismo de Descartes expresso em «Eu penso logo existo» é fiabilismo? É.  O fenomenismo de David Hume que reduz o conhecimento a impressões de sensação e de reflexão e a ideias é fiabilismo? É. O falibilismo de Wittgenstein ao admitir a hipótese de amanhã poder acordar não no seu quarto mas no planeta Marte é fiabilismo? É. A teoria da reencarnação e a teoria cristã de uma única vida terrena seguida de Paraíso ou Inferno como estadas da alma imortal são fiabilismo? São.

 

Fiabilismo é toda a concepção que comporta um certo grau de lógica e conduz a uma verdade provável ou indiscutível. E não é necessariamente externista, não precisa sempre de comprovação na realidade exterior à mente do sujeito. A metafísica é fiabilista e quase nunca precisa de provas plasmadas na realidade exterior. E, segundo Kant, a matemática, ciência assente no fiabilismo, é a priori, internista.

 

Fiabilismo não é uma corrente substantiva como realismo, idealismo ou fenomenologia. É uma qualidade abstracta inerente a toda a procura da verdade.

 

A argumentação de Ernesto Perini-Santos baseia-se em raciocínios abstractos falaciosos, formulados por Alvin Goldman, como este:

«2. Uma crença p de um sujeito S é conhecimento se foi obtida por método M tal que, através de M, (i) se p não for verdadeira, S provavelmente não acredita que p e (ii) se p for verdadeira, S provavelmente não acredita que p.»

 

O termo «provavelmente» retira consistência à definição de crença como conhecimento, porque tanto pode dar para um lado como para o seu contrário. As variáveis p, S, M servem apenas para dar uma aparência científica àquilo que não passa de confusas inferências típicas dos novos sofistas - os filósofos analíticos da lógica proposicional.

 

Vejamos com um exemplo concreto o absurdo daquela definição:

«Uma crença de Ernesto (S) de que o átomo existe (p) é conhecimento se foi obtida através do método observação pelo microscópio electrónico (M) de tal modo que através deste método de observação

1) Se a existência do átomo não for verdadeira Ernesto provavelmente não acredita nela e

2) Se a existência do átomo  for verdadeira Ernesto provavelmente não acredita nela.»

 

Isto é um jogo de palavras sem sentido. A crença é conhecimento e em ambos os casos Ernesto provavelmente não acredita nela? Pseudo raciocínios de Alvin Goldman e dos académicos do centro de filosofia da universidade de Lisboa que o subscrevem...

 

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 f.limpo.queiroz@sapo.pt

 

© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 



publicado por Francisco Limpo Queiroz às 20:52
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