É comum entre os autores consagrados na ética distinguir entre consequencialismo dos actos (doutrina segundo a qual o que conta são os resultados da acção e não a intenção concebida como motivação subjectiva) e consequencialismo das regras (doutrina segundo a qual o que importa são os resultados da acção e não a intenção, desde que se apliquem determinados meios e regras).
De facto, se pensarmos com precisão, descobrimos que essa distinção é um fantasma, uma névoa de confusão, um paralogismo. Porque todo o consequencialismo implica regras, explícitas ou implícitas,previamente formuladas ou improvisadas ad hoc.
Se Hitler ou George Bush ordenassem um bombardeamento dizendo: "Destruam a localidade X , não deixem pedra sobre pedra" alguns diriam que se trata de consequencialismo puro e duro.. "sem regras". Se no entanto um deles ordenasse bombardear a localidade, sem matar civis, poupando casas e igrejas, esses mesmos teóricos diriam que se trata de "consequencialismo...das regras".
É uma falácia esta distinção. Em ambos os casos há regras: no primeiro caso, a regra é destruir indiscriminadamente para "silenciar e aniquilar o inimigo"; no segundo caso, a regra é destruir os objectivos militares evitando liquidar a população civil.
Como se prova que há regras no primeiro caso? É fácil. Basta pensar que Hitler ou Bush proibiríam aos seus soldados atacar a cavalo ou munidos de arcos e flechas ou com simples revólveres: exigir-lhes-iam que matassem indiscriminadamente, com metralhadoras, misseis, aviões militares da mais alta tecnologia.
Quando o vulgo diz: " Não olha a meios para atingir os fins" formula a situação de forma equívoca. Porque toda a gente olha a meios para atingir os fins. Depende do tipo de meios que emprega: legais ou ilegais, eticamente lícitos ou eticamente ilícitos.
Deveria então dizer-se: "Há pessoas que não olham a meios moral ou legalmente aceitáveis para atingir os seus fins."
Nota: Aos nossos leitores e leitoras (muito em especial àquelas nossas amigas corajosas da Filosofia que nos seus blogs têm links para o nosso blog pouco amado por alguns doutores e pseudofilósofos da nossa praça), desejamos um Bom Ano de 2008. Sugerimos que nos adquiram as nossas obras de Astrologia Histórica para que, para além do valor intrínseco que possam fruir dessas obras, consigamos publicar em 2008, o «Dicionário de Filosofia e Ontologia» já pronto e que algumas editoras portuguesas estão renitentes em editar (há autores de obras excelentes que não conseguem editar estas porque as editoras têm os seus caprichos, presas a estereótipos ligados ao marketing...Talvez sejamos um desses casos).
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