No Manual português «Filosofia 10º ano» de Luís Rodrigues lê-se:
«Um argumento indutivo é válido quando é improvável (ou muito pouco provável), mas não impossível que as suas premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa.»
Consideremos o seguinte argumento:
Todas as pessoas que comeram no restaurante Zodíaco ontem à noite ficaram doentes.
Logo, a comida estava estragada.
Trata-se de um bom argumento indutivo.» ( Filosofia, Volume 1, Luís Rodrigues, Plátano Editora, pag 54-55).
Crítica minha: definir o raciocínio indutivo como aquele em que é bastante improvável que sendo as premissas verdadeiras a conclusão seja falsa é sinal de uma certa vacuidade intelectual; esta definição nebulosa também se pode aplicar ao raciocínio de analogia.
E o exemplo referente ao restaurante Zodíaco parece ser uma dedução e não uma indução. Vejamos o corpo total dessa dedução, desocultando a premissa oculta :
Todas as pessoas que ficam doentes após comer num restaurante é por ingerir comida estragada.
Todas as pessoas que comeram no restaurante Zodíaco ontem à noite ficaram doentes.
Logo, a comida estava estragada.
Vê-se pois, uma vez mais, que os manuais de filosofia no ensino secundário em Portugal - a maior parte dos quais gerados pelos parafilósofos analíticos da Sociedade Portuguesa de Filosofia, lobby poderoso no mundo editorial - abundam em erros que os professores criteriosos devem, inteligentemente, desmontar nas aulas.
© (Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
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