Sábado, 29 de Dezembro de 2007
É lógico distinguir entre "consequencialismo dos actos" e "consequencialismo das regras"?

É comum entre os autores consagrados na ética distinguir entre consequencialismo dos actos (doutrina segundo a qual o que conta são os resultados da acção e não a intenção concebida como motivação subjectiva) e consequencialismo das regras (doutrina segundo a qual o que importa são os resultados da acção e não a intenção, desde que se apliquem determinados meios e regras).


De facto, se pensarmos com precisão, descobrimos que essa distinção é um fantasma, uma névoa de confusão, um paralogismo. Porque todo o consequencialismo implica regras, explícitas ou implícitas,previamente formuladas ou improvisadas ad hoc.


Se Hitler ou George Bush ordenassem um bombardeamento dizendo: "Destruam a localidade X , não deixem pedra sobre pedra" alguns diriam que se trata de consequencialismo puro e duro.. "sem regras".  Se no entanto um deles ordenasse bombardear a localidade, sem matar civis, poupando casas e igrejas, esses mesmos teóricos diriam que se trata de "consequencialismo...das regras".


É uma falácia esta distinção. Em ambos os casos há regras: no primeiro caso, a regra é destruir indiscriminadamente para "silenciar e aniquilar o inimigo"; no segundo caso, a regra é destruir os objectivos militares evitando liquidar a população civil.


Como se prova que há regras no primeiro caso? É fácil. Basta pensar que Hitler ou Bush proibiríam aos seus soldados atacar a cavalo ou munidos de arcos e flechas ou com simples revólveres: exigir-lhes-iam que matassem indiscriminadamente, com metralhadoras, misseis, aviões militares da mais alta tecnologia.


Quando o vulgo diz: " Não olha a meios para atingir os fins" formula a situação de forma equívoca. Porque toda a gente olha a meios para atingir os fins. Depende do tipo de meios que emprega: legais ou ilegais, eticamente lícitos ou eticamente ilícitos.


Deveria então dizer-se: "Há pessoas que não olham a meios moral ou legalmente aceitáveis para atingir os seus fins."


Nota: Aos nossos leitores e leitoras (muito em especial àquelas nossas amigas corajosas da Filosofia que nos seus blogs têm links para o nosso blog pouco amado por alguns doutores e pseudofilósofos da nossa praça), desejamos um Bom Ano de 2008. Sugerimos que nos adquiram as nossas obras de Astrologia Histórica para que, para além do valor intrínseco que possam fruir dessas obras, consigamos publicar em 2008, o «Dicionário de Filosofia e Ontologia» já pronto e que algumas editoras portuguesas estão renitentes em editar (há autores de obras excelentes que não conseguem editar estas porque as editoras têm os seus caprichos, presas a estereótipos ligados ao marketing...Talvez sejamos um desses casos).


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Sexta-feira, 21 de Dezembro de 2007
Determinismo absoluto implica fatalismo?

Determinismo absoluto não implica necessariamente fatalismo.


O determinismo absoluto é o sistema infalível de conexão entre certas causas e certos efeitos - a causa A produz sempre o efeito B, nas mesmas circunstâncias - em todas as áreas da existência. Exemplos: "O sol nasce sempre cada madrugada, devido à rotação da Terra"; "a paragem total de funcionamento dos rins conduz à morte de qualquer ser humano, sem excepções".


Imaginemos, no entanto, que, em cada dia, irrompe um novo mecanismo determinista. O momento da sua irrupção pode ser um «buraco de liberdade» imprevista, algo que escapa momentaneamente à teia de aço do sistema de causas e efeitos porque é um começo de nova série ou lei.O começo pode ser livre ainda que a continuação ou desenvolvimento sejam determinados, necessários. E no, entanto, estamos no interior de um sistema de determinismo absoluto com múltiplas roldanas, às quais se vem acrescentar em cada dia ou em cada hora, uma nova roldana.


Nota: Está em risco de não se realizar, na Escola Secundária Diogo de Gouveia, Beja, por só haver 13 professores inscritos quando o mínimo exigido é de 20 inscritos, a acção de formação de professores de filosofia B4/2009- A Teoria Dos Valores, e a Ética, na Perspectiva do Método Dialéctico (50 horas) em que o formador é o autor deste blog. O horário das sessões é o seguinte: 10 de Outubro de 2009, 17, 24 e 31 de Outubro, (das 9.30 às 12.30 e das 14.30 às 17.30 horas em cada um destes dias); 5, 7, 14, 21 e 28 de Novembro de 2009 (das 9.30 às 12.30 e das 14.30 às 17.30 horas em cada um destes dias, excepto a 5 de Novembro; neste será das 17.30 às 19.30).


Se até 9 de Outubro de 2009, 7 professores de qualquer área de Portugal se inscreverem, a acção terá lugar. Se as 7 novas inscrições não surgirem, não haverá acção de Ética e Dialéctica neste país em que tão raras são as acções de formação de docentes de Filosofia...


Inscrições no Centro de Formação de Associação de Escolas das Margens do Guadiana, entidade formadora: cfmguadiana@gmail.com


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Terça-feira, 11 de Dezembro de 2007
A música maçónica de Mozart, a Kaballah e o catolicismo

A música sacra é objecto da filosofia, como infinitos outros aspectos da realidade sensível e do pensamento. A teologia católica tradicional sustenta a existência de dois tipos de música perfeitamente distintos: a sacra e a profana. Num livro recém editado sobre a Maçonaria, a que pertencia o grande compositor Wolfang Amadeus Mozart, escreveu Ullate Fabo:

 

«Las características melódicas y tonales de las dulces composiciones del salzburgués agradan a cualquier espíritu, estimulando intensamente sentimientos de lasitud, de relajamiento, de deleite sensible, de armonía, de apaciguamiento. Sin embargo, ? son éstos los sentimientos que debe suscitar una composición religiosa? San Agustín diría que la música mozartiana «conmueve más por el canto que por lo que se canta». Estas melodías hacen que el alma se equivoque con facilidad y tome por acción espiritual lo que no és más que sensación carnal aunque, sin duda, se trate de una sensación refinada y selecta. Escuchando a Mozart entramos en un cierto recogimiento placentero por virtud de la música misma, pero ese recogimiento - que no varia en esencia si, en lugar de una composición "religiosa" de Mozart, escuchamos una "profana"- , es un repliegue sobre nosotros mismos, no una "elevación de la mente a Dios". Es la potencia misma de la música, y no "lo que se canta",  lo que produce el efecto sensible y agradable que percibimos» (...)

«La Cábala no soporta la tensión entre creador y creación, y por eso inventó la "emanación", que se parece mucho a la creación, pero que es exactamente el contrario; el hermetismo no soporta la tensión entre la natureza y la gracia, y por eso encierra la gracia en la naturaleza. Para la concepción hermética, la vida espiritual consiste en despertar la gracia dormida en nuestra naturaleza. » (José Antonio Ullate Fabo, El Secreto Masónico Desvelado, Libros Libres, Madrid, 2007, pag, 247-248; o bold é colocado por nós)

 

 

Assim, segundo Ullate Fabo, a fruição da música sacra de Mozart é uma inflexão do homem sobre si mesmo, para a imanência, não uma saída de si para a transcendência divina. A música de Mozart reflectiria a tese emanacionista da Kaballah que sustenta não haver uma distinção rígida entre o criador e o criado, mas uma materialização progressiva do primeiro na escadaria de múltiplos degraus que é o universo criado. Tese interessante, embora discutível. Pergunto-me se, por exemplo, no «Requiem» de Mozart é discernível um carácter musical subtilmente profano, de pseudo sacralidade...

 

 

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