Heidegger não é o gigante do pensamento filosófico que muitos pensam. Sem dúvida, é um filósofo acima do comum, mas a sua hábil manipulação da linguagem no vazio do imaginário (o símbolo sem referentes reais), sem correspondência no ser, fez também dele o maior dos
sofistas do século XX da filosofia.
Heidegger escreveu:
«O "tempo" não está "diante dos olhos", nem no "sujeito", nem no "objecto", nem "dentro", nem "fora" e "é" anterior a toda a subjectividade e objectividade porque representa a própria possibilidade de este «anterior»...»
«..a temporalidade, enquanto horizontal-extática, temporaliza o que chamamos um tempo mundano, que constitui a intratemporalidade do «à mão» e do «diante dos olhos». Mas então estes entes não podem chamar-se "temporais" em sentido rigoroso. São intemporais, como todos os entes que não têm a forma do ser do "ser aí", dêem-se, gerem-se e corrompam-se "realmente" ou subsistam "idealmente" (Martin Heidegger, El Ser y el Tiempo, Fondo de Cultura Económica, Madrid, pag 452).
Esta não é senão a posição de Platão. As árvores, os rios, os cavalos e outros objectos são intemporais em si mesmos, embora sejam apreendidos no tempo pelo ser-aí (cada homem, em cada caso). As essências (eidos) são intemporais e o tempo «mergulha-as», aparentemente, no «banho» da ek-sistência.
Heidegger não sai da concepção platónica do tempo como «imagem móvel da eternidade». Mas a sua presunção de se apresentar como um agente de ruptura com a tradição ontológica impede-o de reconhecer isso nos seus textos. E a multidão dos professores universitários heideggerianos, que o louvam sem compreender a real natureza do seu pensamento, faz de Heidegger um mito que, graças à obscuridade de alguns dos seus conceitos capitais, permanece isento de crítica.
f.limpo.queiroz
(Direitos de autor para Francisco Limpo de Faria Queiroz)
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